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Opinião

Um país que precisa gerar 10 milhões de empregos não deveria atacar o Sistema S

Em artigo publicado no jornal Correio (BA), o deputado federal eleito João Roma destaca a importância do Sistema S na formação e qualificação de trabalhadores

12 janeiro 2019 - 08h56João Roma    atualizado em 12/01/2019 às 13h33

Os dados mais recentes apontam que o Brasil possui 11,6 milhões de desempregados. Além da crise econômica, da redução de custos e da substituição da mão de obra por máquinas, a principal causa apontada para essa elevada taxa é a baixa qualificação do trabalhador brasileiro. Mesmo com o reaquecimento da economia, é fundamental que o novo governo promova ações para a elevação da escolaridade e a qualificação profissional da população, em especial a de baixa renda.

Nesse contexto, o “Sistema S”, composto por SESC, SENAC, SESI, SENAI, Sebrae, SENAR, SEST, SENAT e Sescoop tem papel relevante, atuando de forma efetiva na formação e qualificação profissional dos trabalhadores.

Pesquisa divulgada recentemente pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) atesta que quanto mais o brasileiro conhece, mais aprova o "Sistema S". Entre os entrevistados que afirmam conhecer bem as instituições, 94% consideram o SENAI ótimo ou bom e 93% afirmam o mesmo em relação ao SESI. Em 76 anos de existência, o SENAI já formou cerca de 73 milhões de trabalhadores no Brasil.

Na Bahia, pode-se citar o exemplo do SENAI Cimatec, referência em pesquisa e desenvolvimento industrial, sendo o maior executor de projetos da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), o que representa inovação e competitividade para a indústria baiana e brasileira.

Apesar das conquistas e da importância na formação e qualificação do trabalhador brasileiro, o “Sistema S” vem sendo alvo de críticas e ameaças que colocam em risco o seu futuro. Não resta dúvida quanto a necessidade de se reduzir impostos, mas é preciso, antes de qualquer decisão drástica, ponderar sobre o real valor dessas instituições para a sociedade brasileira.

Os recursos que sustentam essas entidades, geridas pelo setor privado, vêm de dotações financeiras destinadas pelas empresas ao financiamento da educação e profissionalização do trabalhador. Parte dos valores tem origem em contribuição compulsória de 2,5% sobre a folha de pagamento das empresas.

Portanto, preocupam as informações de que o novo governo pretende suprimir entre 30% a 50% os recursos do “Sistema S”, o que resultaria em imensos prejuízos e iria na contramão da capacitação do trabalhador e da geração de emprego e renda.

Por exemplo: só na indústria isso significaria o fechamento de 1,1 milhão de vagas em cursos profissionalizantes do SENAI e o encerramento das atividades de 162 escolas de capacitação. Agravando ainda mais o quadro, o SESI teria que extinguir 498 mil vagas para o ensino básico e na educação de jovens e adultos ao fechar 155 escolas, além de demitir 18,4 mil trabalhadores, boa parte educadores.

Um corte no orçamento do “Sistema S” iria prejudicar, especialmente, milhões de jovens de baixa renda, que encontram nos cursos e ações oferecidos pelas entidades do sistema a única oportunidade de ter uma formação para entrar no mercado de trabalho.

Um país que precisa gerar mais 10 milhões de empregos não deveria atacar o “Sistema S”, mas sim tê-lo como aliado. Em vez de ameaças de cortes em seus recursos, deve-se definir desafios e metas que promovam mudança e adequação dessas entidades à nova agenda do país.

Crucial é que os governantes entendam a importância de conservar e aperfeiçoar iniciativas da magnitude do "Sistema S". Mais significativo na hora de cortar custos seria focar em ações que otimizem a administração pública, a efetividade no pagamento dos devidos tributos, a exclusão de beneficiários irregulares de programas sociais do governo, reduzindo a crônica vocação por desperdiçar recursos no nosso país.

 

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