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OPINIÃO: Vacinação infantil

20 abril 2022 - 08h36Eduardo Marcondes    atualizado em 20/04/2022 às 11h24

Em agosto, o Brasil iniciou uma campanha de vacinação infantil em massa contra o sarampo e a poliomielite em meio a um quadro que causa apreensão. As taxas de imunização de crianças contra 17 doenças – entre elas o sarampo – estão preocupando tanto as autoridades em saúde como os pediatras e outros especialistas. A preocupação é baseada nos números e toma por base o sarampo.


Transmitido pelo ar, seu causador – um vírus do gênero Morbilivirus – provoca febre alta, mal-estar, tosse persistente, conjuntivite e deixa manchas vermelhas pelo corpo. Ele ataca as células do sistema imunológico e reduz por um período longo as defesas do organismo, favorecendo a ocorrência de infecções secundárias que podem matar. O vírus da doemnça havia sido eliminado do Brasil em 2016 e voltou agora via Venezuela. De fevereiro a 23 de julho, deixou 822 pessoas doentes – foram 272 casos em Roraima, 519 no Amazonas, 14 no Rio de Janeiro, 13 no Rio Grande do Sul, 2 no Pará, 1 em São Paulo e 1 em Rondônia – e causou cinco mortes.

A percepção enganosa de parte da população de que não é preciso vacinar porque as doenças desapareceram a problemas com o sistema informatizado de registro de vacinação. Todas são causas plausíveis e prováveis e possivelmente atuam em conjunto. Elas, porém, ainda não foram quantificadas, o que ajudaria a identificar e a executar ações complementares às campanhas de vacinação para resgatar os níveis de imunização elevados do passado. A intensificação das campanhas e os males da não vacinação é apontada pelo pediatra Eduardo Marcondes, que por duas vezes foi secretário de Saúde em Dourados, como uma das principais medidas para reverter esse quadro de desinteresse dos pais por levar os filhos para vacinar. Marcondes credita à “politização oportunista” da Covid 19como uma das causas dessa baixa procura. 

O coordenador de imunização da Secretaria Municipal de Saúde, Edvan Marcelo, vai na mesma linha que Marcondes. “O Brasil foi pioneiro na incorporação de diversas vacinas no calendário do Sistema Único do Saúde (SUS), porém nos últimos anos observa-se uma baixa procura pela vacinação, principalmente das crianças, consequentemente uma baixa cobertura vacinal, colocando todos os sistemas de saúde no Brasil de certa forma em alerta, para a possibilidade de ressurgimento de doenças até então não circulante no país.

O sucesso do programa pode ser uma das causas da queda da cobertura”, avalia o coordenador. “Isso porque o PNI imunizou amplamente a população que hoje está com 30, 40 e 50 anos de idade, devidamente vacinada na infância, quando doenças como o sarampo ou a poliomielite eram visíveis e a preocupação em vacinar as crianças era maior. “Hoje, como a doença desapareceu, os pais que foram beneficiados pela vacina e que por isso não conviveram com a doença, muitas vezes não percebem a importância da imunização. Grupos anti-vacinas, atualmente também interferem através de FAKE NEWS, nesta baixa cobertura vacinal e, a Pandemia de COVID-19 acaba selando esse período de baixa procura por parte de pais e responsáveis no que tange a vacinação das crianças. Em relação a vacinação contra a COVID-19, essa também é a realidade de baixa procura”, prosseguiu Edvan, que aproveitou a entrevista ao douranews para fazer um apelo aos pais. “Convocamos pais e responsáveis para que busquem os serviços de saúde com a intenção de vacinar as crianças em tempo oportuno e/ou manter em dias as vacinas. É notório que, somente vacinando é possível garantir condições de saúde a sociedade, em elação as doenças imunopreveníveis, a prova disso, está nos índices da COVID-19 na cidade de Dourados, estado de Mato Grosso do Sul e Brasil. Somente a vacinação em dia, teremos a possibilidade de mudar a história do ressurgimento das doenças”, conclamou.         

Já o pediatra Eduardo Marcondes considera que na Pandemia desde seu inicio houve uma série de atitudes e de intervenções que acabaram por macular um dos pilares do PNI, que é o critério único para todos os estados do país. “O federalismo é a base do PNI.Quando vem um Poder e deixa isso solto, aleatório e sob responsabilidade de cada governador, nós quabramos a espinha dorsal do Programa”, apontou Marcondes, citando também a movimentação politica nos bastidores e entre os parlamentares, como a criação da CPI,  como atos “dispensáveis” em um momento que exigia decisões claras e sem paixão política. Marcondes, porém disse ser necessário “olhar para o futuro”.

 “Informações desencontradas, sem base científica ou a divulgação de notícias mal apuradas na mídia sobre reações a vacinas não ajudam em nada. Os governos, em todas as instancias, precisam ressignificar o valor das vacinas através de uma ampla campanha não só chamando os pais mas também explicando as consequências da não vacinação, que inclusive possui  punições previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e na Constituição Federal, no que tange a outras vacinas obrigatórias”, defendeu o pediatra. “Tenho a impressão de que as famílias que optam por não vacinar seus filhos não têm a menor noção do incrível potencial de morte e sofrimento que as doenças infecciosas possuem, e que causaram no passado. As pessoas esqueceram como era viver sem vacinas. Espero que possamos lembrá-las: uma criança em cada cinco morria. O mundo antes das vacinas não me parece um local muito alentador. Eu não gostaria, como pediatra que sou, que nossas crianças voltassem para lá”, concluiu o médico.

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