Desde as manifestações de rua, que culminaram com o impeachment de Dilma Roussef que o Brasil vive uma polarização “fratricida”, famílias se separaram, amigos de trinta anos não se falam mais, e grupos nas diversas plataformas na internet incorporaram toda espécie de palavrões e ofensas para contestar qualquer divergência. Com a aproximação do processo eleitoral que fará um novo presidente se aproximando, nada poderia sugerir que esse embate virulento se acalmaria e que convergências entre as “hordas “de esquerda e direita surgissem.
Eis que surge o imponderável porém, e ele vem de 11.171 quilômetros de distância, do Kremlin, na figura de Vladimir Putin. Ele conseguiu algo inédito, unir bolsonaristas e petistas em sua defesa. O fato surpreendente vêm com argumentos muito parecidos e sempre dissimulados. Os grupos de esquerda e direita, antagônicos no nosso país, têm a mesma linha para justificar ou relativizar uma guerra, que traz mortes, sofrimento e destruição, com um país invadindo outro, sempre com um “mas”.
Os culpados são os mesmos, o primeiro a responder pela invasão é a Otan, que se atreveu a abrir conversas com a Ucrânia para receber o país, o segundo é o presidente americano Joe Biden, “mole e gagá”, que não mandou tropas para enfrentar os russos e começar a Terceira Guerra Mundial. Outro culpado pela matança é a própria Ucrânia e seu presidente, que por ter origens históricas na mesma árvore genealógica dos russos, não aceitaram ser país satélite, já que o país vizinho teria direito histórico então, de manter Kiev como capitania hereditária de Moscou. Seria o mesmo que Lisboa reivindicasse direitos sobre o Brasil, ou que a Rainha Elizabeth retomasse a condição de chefe de estado dos Estados Unidos e do Canadá.
Vi no Facebook, esquerda e direita que não se suportavam comentando mutuamente os fatos, de forma absolutamente idêntica. Nem Moro, nem Doria, nem Ciro, nem Simone, a terceira via no Brasil é Vladimir Putin, o homem que “uniu o Brasil”, e conseguiu criar similaridades que uma semana atrás seriam impossíveis. Ao menos na visão dos militantes brasileiros, a guerra que ele faz, tem outros culpados, não quem apertou o play.
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