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Polícia

Defesa de jornalista agredida por músico tenta reverter liberdade do agressor

"A medida protetiva não traz segurança", disse a vítima

13 março 2025 - 17h52Pedro Molina e Brenda Assis    atualizado em 13/03/2025 às 18h14

Após decisão da Justiça que liberou o músico, de 38 anos, que agrediu a namorada enquanto ela estava amamentando a própria filha, a defesa da vítima procurou a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) de Campo Grande para detalhar o histórico de agressões sofridos pela mulher, na tentativa de reverter a liberdade do agressor.

Em coletiva de imprensa, ela detalha que o atendimento na DEAM foi “muito bom”, e elogiou o trabalho exercido pela delegada e servidoras à frente da delegacia. “Elas estão super dispostas a realmente acabar com esse problema da violência com a mulher”, comentou.

A jornalista explicou que, com os pensamentos mais organizados, foi até a delegacia para detalhar os quatro anos de relacionamento que culminaram na agressão sofrida no dia 3 de março.

“Eu sinto esse interesse em entender os fatos e dar o suporte à vítima, que é o papel primordial dessa delegacia, então hoje aqui eu vim trazendo com mais clareza, porque eu ainda estava muito abalada com o que havia acontecido, hoje, com a cabeça um pouquinho mais no lugar, eu consigo fazer o compilado de tudo o que aconteceu nesses quatro anos para culminar nessa agressão violenta que eu sofri”, detalhou.

Apesar de ter sido vítima de agressão física apenas uma vez, ela relata que foi vítima de agressões psicológicas durante os anos que esteve ao lado do músico.

“Eu tenho hoje uma fratura no nariz, eu tenho uma cicatriz na minha testa, hematomas pelo meu corpo, e isso não acontece todos os dias, mas o que acontece todos os dias é uma agressão psicológica, é aquela coisa da dependência que um relacionamento pautado na manipulação te leva até esse ponto”, disse a jornalista à imprensa.

Ela também explicou que uma das motivações de seguir em frente com o caso foi o fato de ser amiga de Vanessa, jornalista morta pelo ex-companheiro em 12 de fevereiro deste ano.

“Eu acho que eu tenho a coragem ou a voz de ação para poder de alguma forma modificar isso, eu vou levantar essa bandeira, eu não aguento mais ver pessoas perdendo a vida, famílias sendo ceifadas porque ficam crianças, ficam pais, ficam pessoas”, afirmou.

Em relação à soltura de seu agressor, ela diz que, com o seu agressor solto, ela é quem se sente presa. “A medida protetiva que foi expedida preconiza que ele fique distante a 200 metros do raio da minha casa. Isso não comporta nem o mercado do meu bairro.”

Um dos outros pontos questionados pela defesa dela está no fato de seu agressor estar autorizado para visitar a filha deles, que estava no colo dela no momento da agressão. “Isso é, para mim, uma violação do meu direito”, comentou.

“Isso aí a gente vai trabalhar para que nunca aconteça, para que ele nunca tenha mais contato com a minha filha, porque se ele faz isso comigo, com ela estando no meu colo, o que não pode fazer com a própria pequena?”, questionou.

Apesar de uma medida protetiva estar sob efeito, a jornalista afirma que ainda não se sente protegida. “A medida protetiva não traz segurança”. Afirmou.

“A segurança seria mantê-lo preso até que tudo fosse extremamente analisado e aí, sim, tomasse uma decisão que trouxesse segurança para mim e para os meus”, finalizou.

O advogado dela, Luiz Kevin Barbosa, também conversou com a imprensa, e destacou alguns pontos, como o indiciamento inicialmente errôneo do irmão da vítima como responsável pela agressão.

“Isso não trouxe prejuízo nenhum para ninguém, principalmente para o irmão dela, então, o indiciamento foi feito no nome correto depois, foi alterado, mas não houve prejuízo nenhum para ninguém”, explicou sobre o indiciamento incorreto.

Segundo Barbosa, foram apresentados novos fatores à delegada, tudo com o objetivo de comprovar “que essa violência não foi de fato um dia isolado, mas sim foi uma evolução de crime que já vinha acontecendo”.

“O boletim de ocorrência, ele foi atualizado, tem novas tipicidades agora, o crime ficou um pouco mais grave e nós vamos levar tudo isso ao desembargador, para que ele possa tomar uma decisão um pouco melhor, baseado em tudo que tem agora”, explicou.

Ele ressalta, no entanto, que ele agora busca garantir a proteção da jornalista, especialmente com o agressor solto. “O que nós estamos buscando aqui é a proteção da minha cliente, ela precisa ser protegida, ela não se sente protegida com ele solto”, afirmou.

Apesar da situação atual, Barbosa se demonstra otimista com o andamento do caso neste momento. “A gente acredita sim que vai haver uma reviravolta nesse caso.”

Já sobre a autorização dada ao agressor para que possa visitar sua filha, o advogado explica que irá trabalhar para reverter a decisão e impedir que ele se aproxime da criança.

Discordância com a soltura do agressor

Luiz aponta que discorda da decisão que resultou na soltura do músico após a agressão, e que mesmo entendendo a análise inicial do desembargador em libertar o agressor, não concorda com a escolha de levar em conta reincidência na determinação.

“’O cara é réu primário, tem endereço fixo, por que não vão manter esse cara preso?’ E aí ele [o desembargador] tomou uma decisão baseada nisso e ainda alegou o seguinte, como ele nunca cometeu um crime como esse anteriormente, ele não precisa ser preso”, explicou

Ele também aponta para a contradição jurídica, dando como exemplo o caso de Vanessa.

“Só que é uma contradição da própria justiça, porque o assassino da Vanessa, ele cometeu várias vezes e continuou solto, ou seja, a própria justiça se contradiz, porque não, eu repito isso, não é necessária reincidência para decretação de prisão preventiva no crime de violência doméstica, porque no primeiro delito, muitas vezes, a mulher já morre.”

“A mulher não é coisa, não é objeto”, finalizou.

 

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