Deputados duvidam das ações de modernização e ética no futebol brasileiro com Marco Polo Del Nero à frente da CBF. As denúncias envolvendo o presidente da entidade dominaram a audiência pública da CPI da Máfia do Futebol nesta terça-feira (1º) na Câmara dos Deputados. A reunião inicialmente deveria discutir suspeitas de suborno pago por executivos de marketing esportivo a dirigentes da CBF para a comercialização de direitos de mídia e marketing da seleção brasileira de futebol e de torneios organizados pela entidade.
Como convidado, o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, concentrou o depoimento nas ações de Del Nero, que, há pouco mais de um ano, tenta implementar a chamada "Nova CBF", baseada em pilares de "democracia, participação, transparência, modernização e ética". Feldman afirmou que a atual gestão é de "transição" para um novo modelo de governança e que, em cerca de três anos, o futebol brasileiro terá uma estrutura que dará orgulho ao país dentro e fora e de campo.
"Nós estamos encerrando um período de proeminência dos espertos, daqueles que utilizaram a sua inteligência para produzir o desvio do resultado que deve ser conquistado em campo. Imagino que nós estamos nos aproximando de um sistema cada vez mais blindado".
Denúncias
No entanto, vários deputados criticaram a falta de foco do depoimento de Feldman nas denúncias envolvendo a CBF. Também lembraram que Marco Polo del Nero é investigado pelo FBI, nos Estados Unidos, e pela FIFA, na Suíça, por suposto envolvimento no esquema de corrupção que já levou à prisão vários dirigentes internacionais de futebol, entre eles, o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, que cumpre prisão domiciliar nos Estados Unidos.
O deputado Major Olímpio (SD-SP) ainda não vê perspectiva de mudanças na gestão do futebol brasileiro: "Não é possível sujar mais [o nome da CBF] do que já está sujo nacional e internacionalmente. Não pode acompanhar a seleção, senão é preso em outro país [se referindo a Del Nero]. É uma vergonha nacional para a gente. A mim não convence que esses pilares basilares de uma nova governança tenham ética quando se mantém o mesmo presidente e a mesma estrutura podre e carcomida".
O deputado João Derly (Rede-RS) concordou e defendeu o afastamento de Del Nero: "Não vai ser com a mesma pessoa que esteve durante anos na vice-presidência de Ricardo Teixeira e outros envolvidos em esquema grande de corrupção que vai acontecer a grande mudança da CBF. Vai continuar sendo arcaica, moribunda e obscura. Eu ainda acho que a saída de Del Nero seria a melhor alternativa".
Walter Feldman lembrou que, apesar das denúncias, não há prova contra o atual presidente da CBF e acrescentou que Marco Polo Del Nero tem dado total liberdade à gestão profissional da entidade. Em relação aos contratos de mídia e marketing, alvo das denúncias, frisou que estão sob análise dos departamentos jurídico e de marketing da CBF, que ainda não encontraram irregularidades.
Ações positivas
O secretário-geral da CBF reconhece que é preciso investigar denúncias, mas ressaltou a necessidade de mostrar que há outras ações em curso na entidade. Ele afirmou que, mesmo antes dos escândalos da Fifa, a CBF contratou a consultoria da Ernst & Young para melhorar a governança da entidade e que as sugestões estariam sendo seguidas à risca.
Entre as ações, estão o fortalecimento da comissão de ética e da comissão nacional de clubes das séries A,B e C; maior interatividade com o público, inclusive via redes sociais; a apresentação de demonstrativo financeiro mais transparente; o lançamento de relatório anual de gestão; a publicação de estatuto; e a concretização do portal da transparência.
Walter Feldman revelou que um novo código de ética será lançado ainda neste ano. Há ainda um comitê de reformas para a tomada de decisões estratégicas, composto por dirigentes, ex-jogadores e técnicos, além de juristas.
Ele ressaltou ainda que vários contratantes têm adotado postura de cautela com a entidade, diante da série de investigações nacionais e internacionais, o que inibe novos investimentos no futebol.
Normas rígidas
O relator da CPI, deputado Fernando Monteiro (PP-PE), disse que a comissão vai propor normas rígidas para inibir a corrupção no futebol: "No Brasil, não é crime a corrupção de ente privado. E uma batalha que agora será incansável na CPI é deixar o legado de que a corrupção privada no Brasil também seja crime". Monteiro destacou que foi a legislação avançada que permitiu que Estados Unidos e Suíça desbaratassem a corrupção na Fifa.
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