Um estudo desenvolvido na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) testou uma nova abordagem para diagnosticar a sífilis congênita em bebês com o uso da saliva. Com método não invasivo, a pesquisa alcançou 90% de precisão e se mostra promissora como ferramenta de triagem rápida para a doença, que pode causar sequelas graves quando não tratada precocemente.
“Como essas moléculas biológicas podem ser encontradas em diversos fluídos corporais, optamos pela saliva, por ser de coleta não invasiva, com armazenagem de baixo custo e potencial de utilização em larga escala. A saliva é considerada uma biópsia líquida por sofrer influências do meio interno e externo ao organismo humano”, explica a bióloga e enfermeira Deise Cristina Dal’Ongaro, autora da pesquisa e profissional do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS/Ebserh).
Realizado no âmbito do Mestrado em Saúde e Desenvolvimento da Região Centro-Oeste (Famed/UFMS), o estudo utilizou Espectroscopia por Transformada de Fourier (FTIR) aliada a aprendizado de máquina (inteligência artificial) para analisar amostras de saliva de bebês de até 12 meses com suspeita de sífilis congênita.
“A Espectroscopia por Transformada de Fourier associada com a aprendizagem de máquina é uma ferramenta de análise promissora para facilitar a triagem e agilizar o tratamento”, afirma Deise.
As amostras foram coletadas com swabs estéreis e analisadas no Laboratório de Óptica e Fotônica (Sisfóton), em parceria com os professores Cícero Cena e Bruno Marangoni, do Instituto de Física da UFMS.
“Nosso objetivo foi criar um método acessível e minimamente invasivo para agilizar o diagnóstico e iniciar o tratamento o quanto antes”, explica a pesquisadora. “Mesmo com alguns falso-positivos, o sistema não gerou diagnósticos falso-negativos, o que é crucial para garantir que nenhum caso seja negligenciado.”
O estudo apresentou 100% de sensibilidade, evitando que casos positivos deixem de ser identificados. O próximo passo, segundo as pesquisadoras, é ampliar o número de amostras e desenvolver um modelo portátil para uso em larga escala, inclusive em áreas com poucos recursos.
“Para a área clínica, o protocolo traz eficiência, rapidez e confiabilidade. Além disso, pode ser útil em regiões remotas, onde métodos tradicionais de diagnóstico não são viáveis”, destaca Deise.
A pesquisa foi orientada pela professora Daniele Soares Marangoni, do Instituto Integrado de Saúde (Inisa/UFMS), e parte dos resultados já foi publicada na revista Scientific Reports, uma das mais citadas do mundo. A dissertação completa está disponível no Repositório Institucional da UFMS.
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O estudo apresentou 100% de sensibilidade, evitando que casos positivos deixem de ser identificados (Foto: Reprodução)



