Um vídeo que circula na internet desde domingo (20), mostra o momento em que uma mulher negra de 39 anos, leva um soco no rosto durante uma abordagem policial, em Macapá, capital do Estado do Amapá. A pedagoga Eliane Espírito Santo da Silva, foi presa por resistência, desacato e desobediência após ser agredida na sexta-feira (18).
A Polícia Militar do Amapá disse tratar-se de um caso isolado e que vai apurar. Os três agentes foram afastados das funções.
Após ser agredida com um soco, a mulher foi levada para a delegacia, onde foi liberada após pagar R$ 800 de fiança.
Eliane relata que “Para mim isso foi uma tortura, mexeu muito com meu psicológico. “[...] Eu fui chamada de preta, fui chamada de vagabunda por eles na delegacia. Eu me senti ofendida e para mim foi um preconceito muito grande, porque éramos os únicos negros ali. O correto era todo mundo ser ouvido. Por que eu vou pagar fiança por um crime que eu não cometi? Por que o policial me agrediu se eu não ofendi ele e estava apenas fazendo um vídeo?”, conta.
Pedagoga denuncia abordagem policial: "fui chamada de preta, de vagabunda". pic.twitter.com/sZBD0YGsQ6
— JD1noticias.com (@jd1noticias_com) September 21, 2020
Entenda o caso
De acordo com Eliane, a abordagem iniciou quando ela estava dentro do carro de um amigo da família, na frente de casa. No veículo estavam ela, o marido, dois amigos, um adolescente de 15 anos, e uma sobrinha de 4 anos.
A pedagoga descreveu que três policiais militares iniciaram a revista nos homens, enquanto mandaram ela ir para o outro lado da rua. Eliane começou a gravar um vídeo do próprio telefone, que foi apreendido pela equipe.
"A abordagem inicial foi me engasgar, me deu rasteira e me 'murrou'. Eu não tive reação, eu apanhei, só fiz gritar para a população ver o policial me agredindo desnecessariamente. Em nenhum momento houve desacato, em momento algum eu o agredi verbalmente, ele que já veio me agredindo fisicamente", acrescentou.
Em audiência de custódia realizada no sábado (19), ela teve que pagar R$ 800 de fiança para ser liberada; o mesmo valor foi arbitrado para o marido. Após sair, ela foi à Delegacia de Crimes Contra a Mulher (DCCM) registrar um boletim de ocorrência contra o policial.
"Minha família está com medo de represália, de fazerem algo com meu filho. Ele é trabalhador. Eu trabalho na minha casa, passei um constrangimento na frente de casa, do meu trabalho", pontuou.
Em nota, o governador do Amapá, Waldez Góes descreveu que a ação foi "recheada de atitudes racistas". Por isso, ele informou que determinou ao comando da PM a "apuração criteriosa e rápida dos fatos".
A pedagoga afirmou que a família teme novas ameaças e retaliações.
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