Já foi o tempo em que Campo Grande respirava cultura e entretenimento em alto volume. A Capital de Mato Grosso do Sul, conhecida por revelar talentos e acolher grandes nomes da música, viveu anos em que cada mês reservava ao menos um show nacional, eventos diversos pipocavam nos bairros e as casas noturnas eram vitrines da vida noturna efervescente. Hoje, o cenário é outro. Silencioso, limitado e, em certa medida, desanimador.
Não é exagero dizer que algumas cidades do interior têm se mostrado mais animadas do que a Capital. Os grandes eventos rarearam, as boates estão cada vez mais escassas e o público, sem muitas opções, ou migra para outros centros ou se acomoda com o pouco que resta. O que aconteceu com o “charme do cerrado”? Campo Grande perdeu o fôlego ou foi esquecida pelas políticas públicas de incentivo à cultura?
É evidente a necessidade urgente de mais investimento. A cidade produz artistas, DJs, músicos, bailarinos, fotógrafos, produtores e coletivos culturais que movimentam economia e criam experiências. Mas sem apoio, sem verba, sem estrutura, o talento se perde ou vai embora. Não basta abrir um edital por ano, ou fazer uma grande festa e achar que isso resolve. O fomento à cultura precisa ser contínuo, plural e descentralizado.
E não se trata apenas dos grandes shows, que, sim, fazem falta. Os pequenos eventos, os saraus, os festivais independentes, as feiras de arte e cultura também merecem incentivo. São nesses espaços que surgem os novos nomes, que se forma público, que se constrói uma cidade viva.
Campo Grande precisa de uma virada. Cultura não é gasto, é investimento. É hora de parar de olhar para trás com saudade e começar a olhar para frente com planejamento. A Capital não pode continuar se comportando como cidade do interior, enquanto o interior pulsa mais forte. Temos talento, temos público, temos história, só falta vontade política e visão de futuro.
Tem alguma sugestão de pauta? Fale com o colunista Jhoseff Bulhões pelo e-mail: jhoseffbulhoes@gmail.com
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