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OPINIÃO - Conexão vital com a natureza: um elo que não podemos perder

31 maio 2025 - 10h56José Sabino    atualizado em 31/05/2025 às 11h09

Olá, Homo sapiens! Sim, somos nós — uma espécie altamente dominante, de população crescente, que parece ter esquecido como compartilhar o planeta com as demais formas de vida. Em 1800, éramos cerca de 1 bilhão. Hoje, já ultrapassamos os 8,2 bilhões — e seguimos aumentando vertiginosamente.

Olhar para a humanidade sob a perspectiva da natureza, especialmente pela lente da evolução, pode ser revelador. Nossos ancestrais desceram das árvores e vagaram por centenas de milhares de anos como caçadores-coletores nas savanas africanas. Em um intervalo relativamente curto, ocuparam as regiões mais remotas do planeta. Em pé, com as mãos livres, aprendemos a construir ferramentas — da pedra lascada às espaçonaves e smartphones. Dominamos a tecnologia, alcançamos uma posição de supremacia, muitas vezes sem fazer jus ao nome “sapiens”.

Nosso percurso é, sem dúvida, fascinante. No entanto, em meio a tanto progresso, nos distanciamos da natureza. Vivemos confinados em cidades, cercados por concreto e telas, com pouca ou nenhuma convivência com a biodiversidade que nos sustenta. Parcelas crescentes da população se agrupam em grandes centros urbanos. Áreas verdes e o contato restaurador com o mundo natural tornam-se cada vez mais raros. Nossa relação com outros seres vivos enfraquece, agravada por um estilo de vida cada vez mais tecnológico e individualista. Estamos, em certa medida, prisioneiros do fascínio pelas telas.

Essa desconexão traz consequências sérias. Muitas vezes, perdemos a noção de que tudo está interligado — e que nossas ações geram impactos. As mudanças climáticas e a sexta extinção em massa são hoje dois dos processos ecológicos mais devastadores em curso, exigindo respostas urgentes, coordenadas e fundamentadas na melhor ciência disponível.

Segundo o mais recente relatório da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), a vida no planeta e os serviços ecossistêmicos enfrentam um declínio alarmante. Das cerca de 8 milhões de espécies de plantas e animais estimadas, 1 milhão sofrem algum grau de ameaça de extinção — um recorde histórico. Mais de 40% dos anfíbios, quase 35% dos corais e mais de um terço dos mamíferos marinhos estão sob risco. Três quartos dos ambientes terrestres já foram expressivamente alterados pela atividade humana. Em síntese, a biodiversidade está sendo modificada em uma escala e velocidade sem precedentes.

Para enfrentar esse cenário, é fundamental fortalecer ações e políticas públicas de conservação que promovam a restauração de ecossistemas. Afrouxar leis de proteção ambiental é, literalmente, um tiro no pé.

Além do impacto ecológico, há um custo social e emocional profundo. O contato direto com a natureza — especialmente na infância — tem sido substituído por estímulos digitais. Isso contribui para o sedentarismo, o estresse e o aumento de transtornos mentais. Pesquisadores chamam esse fenômeno de “extinção da experiência”: estamos perdendo o hábito e a capacidade de nos maravilhar com o mundo natural.

Ainda assim, há espaço para esperança. A tecnologia, embora parte do problema, pode ser também parte da solução. Plataformas digitais podem inspirar a reconexão com o meio ambiente, promover conhecimento e incentivar atitudes sustentáveis.

Cidades como Campo Grande, com seus parques, praças e iniciativas como o Bioparque Pantanal, oferecem oportunidades concretas de reaproximação com a natureza. Visitar esses espaços, aprender sobre biodiversidade e cultivá-la como valor ético, estético e espiritual é essencial para uma vida mais plena e saudável.

No ápice da sociedade do conhecimento, podemos trocar o individualismo pelo coletivo, e valorizar a ética e o diálogo respeitoso diante das agendas comuns que nos unem.

É hora de enxergar a natureza com novas lentes: não apenas como fonte de recursos, mas como base do nosso bem-estar, qualidade de vida e sobrevivência. A educação ambiental tem papel decisivo nesse processo, mostrando que a natureza não é um obstáculo, mas sim a chave para o nosso futuro.

* Confira os dados da população humana em tempo real clicando no link: www.worldometers.info/world-population/

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