O Departamento do Tesouro dos EUA disse que espera chegar no nível máximo de sua capacidade de empréstimo nesta próxima semana e não será capaz de priorizar os pagamentos da dívida sobre obrigações como a Segurança Social. Isso significa não pagar os credores internacionais, ou seja, investidores e bancos que compraram títulos do governo americano.
O teto de endividamento atualmente é de US$ 16,7 trilhões e o Tesouro precisa da autorização do Congresso para continuar rolando os compromissos através de novos empréstimos. Se os congressistas não chegarem a um acordo até o próximo dia 17, o órgão ainda poderia saldar seus compromissos por cerca de duas semanas. Mas sem um acordo final acabaria decretando o calote dos seus títulos.
No entanto, legisladores estão em um impasse sobre o aumento do limite da dívida. Democratas querem reabrir agências federais que foram parcialmente fechadas desde que o financiamento acabou em 1º de outubro, enquanto republicanos insistem que qualquer acordo teto da dívida inclui planos para cortar os gastos do governo.
Segundo pesquisa da IHS a paralisação deve custar ao país US$ 300 milhões (equivalente a R$ 658 milhões) por dia. Cerca de 800 mil funcionários públicos federais que atuam em setores considerados não essenciais estão em casa por tempo indeterminado, sem receber salários. Parques nacionais estão fechados e serviços importantes como a renovação de passaportes estão atrasados.
Efeitos para a economia
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, fez pressão sobre o Congresso americano para que negocie a elevação do teto da dívida. "A paralisação do governo é ruim o suficiente, mas o fracasso em elevar o teto da dívida seria muito pior", disse Lagarde. "Poderia prejudicar seriamente não apenas a economia americana, mas toda a economia global."
"Os mercados creditícios podem congelar, o valor do dólar pode despencar e as taxas de juros nos Estados Unidos podem disparar, potencialmente resultando em uma crise financeira e uma recessão que ecoariam os eventos de 2008 ou pior", alertou nesta na quinta-feira o Tesouro em relatório.
Segundo o presidente do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, os bancos já estão gastando "enormes quantidades" de dinheiro se preparando para a possibilidade de um “default”, o que segundo ele, ameaça a recuperação global após a crise financeira de 2007-2009. "Isto iria se espalhar muito rapidamente, uma doença fatal", concordou o presidente-executivo do Deutsche Bank, Anshu Jain.
Brasil
Para o professor de Economia Internacional da PUC-SP Antônio Carlos Alves dos Santos, será o primeiro caso de calote na dívida de um país com a importância dos Estados Unidos. "As consequências seriam desastrosas para a economia mundial como um todo. No caso do Brasil a situação seria complicada, porque a situação econômica do país já não é muito boa, e não queremos um choque externo que teria ainda mais impacto na economia brasileira", disse à BBC Brasil. O panorama da economia mundial, ele argumentou, é "grave" comparado a 2011: Grécia, Portugal e Irlanda são fonte de instabilidade na União Europeia (EU) e a economia brasileira registra um crescimento "medíocre".
Reincidência
Não é a primeira vez que uma paralisação desse tipo ocorre nos EUA. Na última vez, em 1995, época do governo Bill Clinton, do mesmo partido de Obama, o fechamento custou US$ 1,5 bilhão (R$ 3,2 bilhões) ao país. Em valores corrigidos, seriam hoje US$ 2,1 bilhões (R$ 4,6 bilhões). O banco Goldman Sachs estima que uma paralisação de três semanas pode vir a custar 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) americano neste trimestre.Reportar Erro
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