Brasil se prepara para realizar, no dia 17 de dezembro, o primeiro lançamento de um foguete em voo comercial a partir da Base de Alcântara, no Maranhão. A operação marca a estreia do país como condutor de uma missão comercial de colocação de satélites em órbita a partir do próprio território e pode representar um passo decisivo para a inserção brasileira no mercado global de lançamentos espaciais.
A missão será coordenada pela Força Aérea Brasileira (FAB) e pela Agência Espacial Brasileira (AEB) e utilizará o foguete sul-coreano HANBIT-Nano, desenvolvido pela empresa Innospace. Trata-se da primeira tentativa de lançamento orbital a partir de Alcântara desde o acidente com o Veículo Lançador de Satélites (VLS), em 2003, que deixou 21 mortos. Até então, o Brasil havia realizado apenas lançamentos suborbitais, em que o foguete sobe e retorna sem entrar em órbita.
Batizada de Spaceward, a missão tem como objetivo colocar em órbita cinco satélites e três dispositivos de pesquisa voltados a áreas como tecnologia espacial, comunicação e monitoramento ambiental. Os equipamentos foram desenvolvidos por instituições do Brasil e da Índia.
Segundo o diretor do Centro de Lançamento de Alcântara, coronel aviador Clovis Martins de Souza, o voo representa a entrada efetiva do Brasil no mercado comercial de lançamentos. A expectativa é que, a partir desse marco, o país possa atrair novos contratos, investimentos e parcerias internacionais.
Inaugurada em 1983, a Base de Alcântara é considerada estratégica por sua localização próxima à linha do Equador, o que reduz o consumo de combustível nos lançamentos. Além disso, a região apresenta boas condições meteorológicas e fica distante de rotas aéreas e marítimas, fatores que aumentam a segurança das operações. Apesar dessas vantagens, o potencial do local é visto como historicamente subutilizado.
Para viabilizar a exploração comercial da base, o governo criou neste ano a Empresa de Projetos Aeroespaciais do Brasil (Alada), que ficará responsável por intermediar contratos e negociar lançamentos. De acordo com a AEB, a empresa deverá operar com valores compatíveis com o mercado internacional. O valor pago pela Innospace ao governo brasileiro pelo lançamento não foi divulgado, e o contrato prevê apenas retribuição mínima ao Estado, sem previsão de lucro.
Especialistas do setor avaliam que, além das condições naturais, o Brasil precisará oferecer segurança jurídica, eficiência logística e redução de custos para se tornar competitivo frente a outros centros de lançamento no mundo.
O HANBIT-Nano tem 21,9 metros de altura, pesa cerca de 20 toneladas e possui dois estágios. No lançamento, pode atingir velocidade próxima a 30 mil km/h, necessária para vencer a gravidade terrestre e alcançar a órbita. O voo até a separação dos estágios e a inserção dos satélites deve durar cerca de três minutos.
Cerca de 500 profissionais, entre civis e militares, participam da operação. A primeira tentativa de lançamento estava prevista para novembro, mas foi adiada. A nova janela ocorre entre os dias 17 e 22 de dezembro, e o foguete poderá ser visto a olho nu em Alcântara e em partes de São Luís.
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Foguete HANBIT-Nano será lançado no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) no Maranhão (INNOSPACE)



