Pistoleiros invadiram um seringal, atearam fogo às casas e mataram um líder dos seringueiros, na região conhecida como Ponta do Abunã, no município de Lábrea, extremo sul do Amazonas. O ataque aconteceu na noite de sábado (30), mas só nesta terça-feira (2), chegou ao conhecimento da Comissão Pastoral da Terra (CPT), junto com relatos não confirmados de que outras quatro pessoas foram assassinadas.
Conforme o Estadão, o corpo da vítima, Nemis Machado de Oliveira, 50 anos, foi velado e sepultado na segunda-feira (1), em Acrelândia, no Acre. Oliveira era líder das famílias de posseiros do Seringal São Domingos, que fica na tríplice divisa entre Acre, Amazonas e Rondônia.
Desde 2016, cerca de 140 famílias, a maioria originárias de Acrelândia, vivem da extração da borracha e de pequenas lavouras na região, que possui longo histórico de conflitos envolvendo grileiros, fazendeiros e madeireiros.
No sábado, os homens armados atiraram contra as pessoas e queimaram as casas. Oliveira foi atingido por disparos e teve parte do corpo queimado. Conforme a CPT, dezenas de famílias fugiram em pânico para a floresta. Várias pessoas continuavam desaparecidas. Além da casa do líder do seringal, outras duas foram incendiadas.
A Polícia Militar de Lábrea informou que uma equipe foi à região e estava em busca das pessoas desaparecidas, mas não foram encontrados outros corpos. A hipótese é de que as pessoas tenham se refugiado em vilas próximas, como o distrito de Nova Califórnia, em Rondônia. O agricultor morto havia comprado uma área no seringal, onde também fazia cultivos e criava animais. Ele deixou esposa e três filhos.
Precedente
Conforme a CPT, a morte do seringueiro é a segunda de liderança camponesa na região norte do país nos últimos dias. No dia 24 de março, a líder do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Dilma Ferreira Silva, foi assassinada com o marido e um amigo da família, no assentamento Salvador Allende, em Tucuruí, sudeste do Pará.
A Ponta do Abunã, na fronteira com a Bolívia, é uma região de grandes riquezas naturais, cercada pelas florestas nacionais do Iquiri e Bom Futuro, pelo Parque Nacional Mapinguari e a Reserva Extrativista Ituxí, por isso também atrai interesses econômicos e é palco de conflitos. Em maio de 2011, o líder do Movimento Camponês Corumbiara, Adelino Ramos, o "Dinho", sobrevivente do massacre de Corumbiara, foi assassinado nessa região.
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