Esse acordo global é o primeiro na história da organização, que nasceu após a conclusão da Rodada do Uruguai, em 1994 em Marrakech (Marrocos), encontro que abriu caminho para a criação da OMC um ano mais tarde.
"Pela primeira vez em sua história, a OMC cumpriu com suas promessas", declarou o diretor-geral da organização, o brasileiro Roberto Azevêdo, que assumiu a liderança do órgão em setembro e já registra sua primeira vitória à frente da organização.
"Voltamos a introduzir a palavra 'mundial' na Organização Mundial do Comércio. Estou muito orgulhoso", acrescentou antes de fazer uma pausa para conter as lágrimas.
O pacote, conhecido como "Doha Light", compreende três pilares: agricultura, com um compromisso de reduzir os subsídios às exportações; a ajuda ao desenvolvimento, que prevê uma isenção crescente das tarifas alfandegárias para os produtos procedentes dos países menos desenvolvidos, e a facilitação de intercâmbios, que pretende reduzir a burocracia nas fronteiras.
O acordo de Bali representa menos de 10% do ambicioso programa de reformas iniciado em Doha, mas mesmo assim muitos negociadores temeram pelo futuro da própria OMC em caso de novo fracasso.
Os partidários qualificam o acordo como histórico, e especialistas calculam que representará um aumento de US$ 1 trilhão na economia mundial. Entretanto, grupos antiglobalização não poupam críticas ao acordo porque ele beneficiará principalmente às grandes corporações.
Cuba, Bolívia, Nicarágua e Venezuela tentaram bloquear o acordo durante a madrugada, mas acabaram cedendo.
Após chegar a um consenso, os ministros e representantes dos 159 países-membros da OMC presentes em Bali vão emitir a declaração final e encerrar a conferência, um dia mais tarde do que o previsto, devido às intensas negociações realizadas nas últimas horas.
"Encomendamos ao Comitê de Negociações Comerciais que prepare um programa de trabalho, nos próximos 12 meses, claramente definido sobre as questões restantes do Programa de Doha para o Desenvolvimento", diz a minuta aprovada pela conferência ministerial.
'Vitória agridoce'
"É um acordo bem-vindo, mas limitado. Passamos do 'Doha' ao 'Doha Light', e ao 'Doha Light descafeinado'', ironizou Simon Evenett, especialista em OMC da Universidade de St. Gallen, na Suíça.
"Não foi registrado nenhum avanço sério sobre os subsídios agrícolas à exportação, o comércio eletrônico ou os subsídios sobre as exportações de algodão", sustentou.
"Cruzamos a linha de chegada em Bali, mas a corrida não terminou", declarou, por sua vez, o ministro de Comércio indonésio, Gita Wirjawan. "Temos que concluir a Rodada de Doha. Alguns problemas que foram debatidos aqui em Bali continuam sem resposta", confessou.
"O que conseguimos aqui é realmente extraordinário... Trata-se de um avanço histórico", sustentou.
"É uma vitória agridoce", declarou Kevin Gallagher, analista da Universidade de Boston. 'Infelizmente, em vez de honrar o multilateralismo, as grandes potências vão se inclinar em direção aos acordos regionais para defender as propostas difíceis que foram rejeitadas na OMC", disse à agência AFP.
Resistências
O final feliz da reunião ministerial representa uma vitória pessoal do novo diretor-geral da OMC. O brasileiro assumiu as rédeas da organização em setembro com a ambição de melhorar os resultados de seu antecessor, Pascal Lamy: fazer a Rodada de Doha avançar.
Mas o acordo de Bali foi marcado por resistências.
Primeiro, a Índia se opôs e exigiu poder aumentar seus subsídios agrícolas, antes de aceitar finalmente um compromisso de última hora após uma primeira prolongação da reunião, que seria concluída na sexta-feira ao meio-dia.
Quando um acordo parecia ao alcance das mãos, Cuba, Nicarágua, Bolívia e Venezuela se negaram a selar o compromisso após a retirada do texto que se referia ao embargo americano à ilha.
A oposição repentina dos quatro países latino-americanos, em plena madrugada deste sábado, forçou a realização de uma nova rodada de negociações e uma nova prolongação da reunião ministerial.Reportar Erro
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