A Santa Casa de Campo Grande enfrenta uma crise que não tem fim. A dívida do hospital, que em março era de cerca de R$ 70 milhões, chega a R$ 91 milhões em outubro, segundo a presidente da instituição, Alir Terra. Em entrevista ao JD1, ela conta que o aumento está diretamente ligado à defasagem da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS), à falta de equilíbrio econômico-financeiro dos contratos e à crescente demanda por atendimentos que leva o pronto-socorro a operar acima do limite em praticamente todos os setores.
“Deixamos de fazer pagamentos de folha médica, OPMEs, contratos de serviços, fornecedores e medicamentos. Esse valor de R$ 91 milhões é o passivo imediato que precisamos enfrentar”, explicou Alir Terra.
A dirigente lembrou que o problema não é exclusivo da Santa Casa de Campo Grande. “A tabela SUS é nacional e está congelada desde 2008. Em média, ela cobre apenas 70% dos custos hospitalares. Todas as filantrópicas do país estão em situação de calamidade”, afirmou.
Segundo Alir, o subfinanciamento da saúde pública é o principal motivo da crise. Em agosto, representantes das Santas Casas de todo o Brasil participaram de uma reunião nacional para cobrar do governo federal a atualização da tabela. “O governo informou que está estudando a questão, mas ainda não há previsão de mudança. E isso depende exclusivamente da União”, completou.
A presidente também lembrou que há uma ação judicial em andamento na Justiça Federal, movida contra o Município, o Estado e a União. A ação, iniciada em 2018 e julgada em 2024, apontou que a Santa Casa já tinha, à época, uma defasagem geral de R$ 257 milhões. “O juiz deu ganho de causa para a Santa Casa, mas os entes recorreram. Hoje, com os cálculos atualizados, esse valor ultrapassa R$ 1 bilhão”, destacou.
Mesmo com o aumento dos custos e da inflação médica, o contrato da Santa Casa com a Prefeitura de Campo Grande segue sem reajuste há dois anos e meio. “Estamos desde agosto de 2023 sem equilíbrio econômico-financeiro. Operamos com 2,6 tabelas SUS, mas precisaríamos de pelo menos quatro para manter as contas equilibradas”, explicou.
“Há hospitais que trabalham com até 8,6 tabelas. A diferença é gigantesca". Além da crise financeira, o hospital enfrenta superlotação. De acordo com boletim divulgado na manhã desta quarta-feira (15), o pronto-socorro adulto está com 133% de ocupação na área vermelha e 658% na área verde (7 leitos contratados e 48 ocupados). No setor pediátrico, a área vermelha opera com 66% da capacidade e a verde, 71%. O centro obstétrico também está sobrecarregado, com 260% de ocupação. Ao todo, 630 pacientes estão internados via SUS e outros 42 aguardam atendimento na pré-ortopedia. Todos os atendimentos são regulados pela Secretaria Municipal de Saúde.
“Estamos trabalhando no limite da estrutura física, financeira e humana. Então a previsão geral era vinte e seis pacientes ontem, num lugar onde cabia seis. Hoje, nesse mesmo lugar que cabia seis, estou com dezoito. É um cenário que preocupa e exige respostas urgentes”, resumiu Alir Terra.
Deixe seu Comentário
Leia Também

Construcap vence PPP de R$ 5,6 bilhões para ampliar e modernizar o Hospital Regional de MS

SUS terá teleatendimento em saúde mental para viciados em bets

Anvisa proíbe fabricação e venda de suplementos irregulares

Gestantes já podem se vacinar contra bronquiolite em sete postos da Capital

Vacina contra bronquiolite chega amanhã e ficará disponível para gestantes na Capital

MS receberá mais de 10 mil doses da vacina contra vírus sincicial respiratório

OMS recomenda uso de 'canetas emagrecedoras' no tratamento da obesidade

Prefeitura de Campo Grande pode ser multada por não abrir UPA-VET 24h

Mato Grosso do Sul recebe 39 novos equipamentos para melhorar Rede Hemosul


Pacientes da área verde aguardando encaminhamento (Sarah Chaves/JD1)




