O turismo pantaneiro em Mato Grosso do Sul carrega a marca de pessoas que transformaram localidades em destinos reconhecidos no Brasil e no exterior. Entre essas protagonistas estão Lusiane Fredrich que atuou na Caiman e Elizabeth Prudencio Coelho da Fazenda San Francisco que uniram tradição, inovação e preservação ambiental para alavancar o setor turístico, que sozinho tem PIB estimado em 2,5% do total estadual, o que representa cerca de R$ 2,36 bilhões.
Quando chegou à Fazenda Caiman, em 1990, Lusiane Fredrich ainda não sabia que sua vida se confundiria com a construção de um dos ícones do turismo de natureza no Brasil. Neta de Nercy e Frida Soares dos Santos, que lhe transmitiram o valor da preservação, Lusiane encontrou na Caiman o espaço para transformar esse ensinamento em prática.
Lusiane no trabalho de conservação das onças - 2011Foram 25 anos de dedicação, atuou na hospitalidade, gestão de alimentos e bebidas, atendimento a hóspedes nacionais e internacionais, além de se envolver em ações sociais que beneficiavam comunidades vizinhas. “Era como ser assistente social dentro da fazenda”, recorda em entrevista ao JD1.
Com o apoio do idealizador Roberto Klabin, a Caiman se tornou espaço de conservação. Projetos como o Instituto Arara Azul, o Onçafari e o Projeto Papagaio-Verdadeiro nasceram ali, fortalecendo a visão de que “a natureza conservada vale mais que a natureza destruída”.
Em 2015, Lusiane deixou a fazenda para assumir funções públicas. Foi secretária de Turismo de Aquidauana e, nesse período, idealizou o Festival Pantaneiro, que em sua primeira edição, em 2009, reuniu mais de 40 mil pessoas e, em 2012, o evento foi oficializado no Calendário de Eventos do Estado, consolidando-se como símbolo cultural da região.
Hoje, Lusiane é proprietária da Fazenda Ana-Lu, em Camisão (Aquidauana), onde concilia a pecuária de corte com vivências turísticas. "Tive o privilégio de criar minha filha no meio desse universo onde o mundo chegava até ela. Essa experiência fez dela uma menina extraordinária, com currículo admirável. É uma bênção poder dizer isso com orgulho"
Lusi relembra que aprendeu muito com a experiência e hoje tem mais uma empreitada, a administração do Balneário do Sol em Bonito, que foi de sua mãe. "Um legado que tentaremos em conjunto com meus irmãos Ciro, Vanessa e Alexandre transformar ainda mais".
Todas as ações implementadas na fazenda Caiman e na fazenda Ana-Lu e em outras, unindo passeio e conservação promovem a atração de turistas a Mato Grosso do Sul.
De acordo com dados do Observatório de Turismo, de janeiro a julho de 2024, a arrecadação de ICMS turístico na região do Pantanal alcançou R$ 773,7 mil, contra R$ 717,2 mil em 2023. O imposto incide sobre o Transporte Intermunicipal (de um município para outro dentro de MS) e Interestadual de passageiros e em relação aos alojamentos (hotéis).
Além disso, a taxa de ocupação do turismo em Mato Grosso do Sul em 2024 inteiro, apenas nos feriados foi em torno de R$ 7.920.714,00, o que representa um aumento de +23% em relação ao mesmo período de 2023. O crescimento é impulsionado pelo esforço de quem trabalho no setor.
E quem também influencia nestes números é a família Coelho que há cinco gerações está à frente da Fazenda San Francisco conduzida por Elizabeth Prudencio Coelho, em Miranda. Iniciando as atividades econômicas em 1975, a propriedade iniciou suas atividades turísticas em 1998 com passeios de day-use e hoje tem projetos de preservação de fauna e flora.
"O interesse pela preservação da fauna pantaneira pelos proprietários da Fazenda sempre foi grande. A
Passeio a cavalo - Fazenda San Franciscoparceria com o Cras só veio para reforçar isso. A fazenda se dispôs a receber os animais e se tornar um ponto de recebimento de animais reabilitados. Já foram inúmeros papagaios em parceria com a Glaucia Seixas do Projeto Papagaio, Araras, especialmente Canindés, tamanduás, antas, jabutis, periquitos, uma inúmera quantidade de animais", reforçou Elizabeth Coelho.
Ao JD1, a proprietária informou que hoje a San Francisco recebe em média 20 mil visitantes por ano, oferecendo mais de oito tipos de experiências, como safáris fotográficos, cavalgadas, trilhas em áreas alagáveis, canoagem e o tradicional passeio de chalana. O trabalho é reforçado por parcerias em preservação, como o Projeto Papagaio-Verdadeiro, que já reabilitou centenas de animais silvestres.
A localização estratégica, próxima a Bonito, e a combinação entre agricultura, pecuária e ecoturismo ajudaram a consolidar a San Francisco como uma das referências do Pantanal.
Turismo pantaneiro em números
Atualmente, estão em operação 25 pousadas pantaneiras, sendo 4 em Aquidauana, 14 em Corumbá e 7 em Miranda. A taxa média de ocupação nos principais feriados de 2024 foi de 67,34%, crescimento de 1% em relação ao ano anterior.
O trade turístico sul-mato-grossense emprega cerca de 88 mil pessoas, entre empregos formais e informais.
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Lusiane Fredrich (Arquivo pessoal)




