Menu
Menu
Busca sexta, 27 de junho de 2025
Governo Incendios - Jun25
Brasil

Aos 60 anos, Petrobras é exemplo de política desenvolvimentista da década de 50

03 outubro 2013 - 11h06Via Agência Brasil
A Petrobras completa hoje (03) 60 anos acumulando conquistas e desafios. Líder mundial em tecnologia para exploração de petróleo em águas profundas, a empresa tem agora o desafio de estabelecer parcerias para a retirada de óleo em águas ultraprofundas na camada pré-sal.

Matéria-prima básica para vários segmentos da indústria, o petróleo foi a ferramenta usada pelo ex-presidente da República Getúlio Vargas para industrializar o Brasil na década de 50. “Ele já tinha feito o primeiro ensaio no primeiro governo (1930 -1945) e, após a 2ª Guerra Mundial, a indústria se tornou motivação de qualquer governo, principalmente dos países não desenvolvidos. E desenvolvimento é sinônimo de industrialização”, analisou, em entrevista à Agência Brasil, o historiador Bernardo Kocher, da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Vargas era, segundo Kocher, um desenvolvimentista. Já havia implantado no país a indústria siderúrgica – Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) - e entendeu que o petróleo enquadrava-se nesse processo. “A forma como ele entendia isso, que se disseminou na época, era por meio da participação estatal”, lembrou. A Petrobras é produto dessa política de Estado em favor da industrialização, que alcançou todo o mundo, disse o historiador da UFF. “O petróleo tem os dois veios: os países desenvolvidos, com empresas privadas; e os não desenvolvidos, com empresas estatais”.

No caso do Brasil, Getúlio Vargas não se limitou a ter uma empresa que se encarregasse de processar e comercializar o petróleo. “Ele queria prospectar, queria pesquisar. Porque havia um forte óbice à ideia de que o Brasil produzisse petróleo em seu subsolo e no mar. Os geólogos internacionais não corroboravam essa posição”. Mas Vargas não se deu por satisfeito e transformou a Petrobras também em uma empresa de pesquisa e prospecção de petróleo no território nacional.

O historiador Américo Freire, do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (Cpdoc), da Fundação Getulio Vargas (FGV), destacou que a criação da Petrobras ocorreu dentro de uma nova conjuntura política no país e no mundo, em que a temática nacional ganhava uma expressão decisiva nos anos 50. “Era um momento de luta por emancipação política na Ásia, na África”. Entre elas, sobressaiu-se a Revolução Chinesa, em 1949, destacou.

“Era um momento em que a questão nacional ganha uma expressão decisiva na esteira da 2ª Guerra Mundial. O ex-ditador Getúlio Vargas volta e se transforma agora em um líder popular, com um discurso para cada público, mas voltado principalmente para os trabalhadores”. O historiador do Cpdoc ressaltou que Vargas costumava dizer: “O povo vai subir comigo as escadarias do [Palácio do] Catete”, referindo-se à sede do governo federal, instalada à época no Rio de Janeiro e hoje transformada no Museu da República.

Inicialmente, Vargas adotou uma postura cautelosa, diante das pressões internas e externas contrárias a um projeto monopolista mas, em meio às discussões sobre a criação da estatal, a campanha O Petróleo É Nosso, que envolve diferentes setores da sociedade com os quais ele passa a dialogar, serve de impulso para a sua tomada de decisão.

No dia 3 de outubro de 1953, o então presidente assinou a Lei 2.004 que criou a Petrobras, como resultado da campanha. O movimento popular foi iniciado em 1946 e defendia o petróleo nacional. "É, portanto, com satisfação e orgulho patriótico que hoje sancionei o texto de lei aprovada pelo Poder Legislativo, que constitui novo marco da nossa independência econômica", disse Vargas, em discurso na sanção da lei.

À nova empresa caberia executar as atividades do setor petrolífero no Brasil. Estava instituído, dessa forma, o monopólio estatal de exploração de petróleo. A Petrobras teve um papel decisivo na história do país. “A gente não pode imaginar o Brasil sem uma empresa como essa”, sublinhou Freire. Ele enfatizou que Vargas já tinha um projeto político e estratégico para o país e precisava implementar um símbolo do projeto.

Somente em 1995, no governo Fernando Henrique Cardoso, foram dados os primeiros passos que levaram à quebra do monopólio estatal no setor de petróleo. Em maio daquele ano, a Comissão Especial do Petróleo da Câmara Federal aprovou o texto para flexibilizar o monopólio. A emenda constitucional só foi aprovada, em segundo turno, no dia 20 de junho.

Dois anos depois, em agosto de 1997, a Lei 9.478 foi promulgada, após a garantia dada pelo presidente do Senado, José Sarney, de que a Petrobras não seria privatizada. Essa lei reafirmava o monopólio da União sobre os depósitos de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos, mas abria o mercado para outras empresas competirem com a Petrobras, de acordo com informações do Cpdoc.

Em 2000, o governo tentou alterar o nome da empresa para Petrobrax. O argumento utilizado foi que o novo nome se adequaria melhor ao crescimento da estatal no mercado internacional. A reação política, no entanto, foi forte o suficiente para que Fernando Henrique abandonasse a proposta.

Para Américo Freire, mesmo após a quebra do monopólio, a Petrobras manteve a competitividade nos cenários interno e externo. “É uma das principais empresas do mundo e a principal empresa brasileira. E isso nós devemos àquele momento, àquela conjuntura e àquele personagem que foi Getúlio Vargas”.

Reportar Erro
Funlec - Matriculas

Deixe seu Comentário

Leia Também

Foto: Ton Molina/STF
Brasil
Mauro Cid acredita que advogados de Bolsonaro tentaram obter dados da delação
Benjamin Netanyahu, presidente de Israel
Brasil
Lei é promulgada pelo Dia da Celebração da Amizade Brasil-Israel
Presidente Lula durante 2ª Reunião Extraordinária do Conselho Nacional de Política Energética
Brasil
Governo aprova aumento de etanol na gasolina com redução de valores ao consumidor
Hugo Motta, Lula e Davi Alcolumbre
Brasil
Congresso derruba aumento do IOF e equipe de Lula pode recorrer ao STF
Foto: Polícia Civil MS
Brasil
Governo envia ao Congresso projeto de lei que aumenta pena para furto de celulares
Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta
Brasil
Projeto para derrubar aumento do IOF é pautado na Câmara dos Deputados nesta quarta
Balão pegou fogo e caiu, resultando em oito mortes e vários feridos entre as 21 pessoas a bordo
Brasil
Piloto de balão que caiu em SC não tinha licença exigida para voo certificado, afirma Anac
Andressa Anholete/Agência Senado
Brasil
Decreto Legislativo aprova acordo sobre Serviços Aéreos entre Brasil e Israel
MPF apresenta denúncia contra trio que enviava brasileiros ilegalmente para os EUA
Brasil
MPF apresenta denúncia contra trio que enviava brasileiros ilegalmente para os EUA
Autoridades seguem atuando no estado gaúcho
Brasil
Defesa Civil confirma quarta morte após chuvas no Rio Grande do Sul

Mais Lidas

Pai esfaqueia filha de 7 anos no peito várias vezes após matar esposa durante a madrugada
Polícia
Pai esfaqueia filha de 7 anos no peito várias vezes após matar esposa durante a madrugada
JD1TV: Criança de 2 anos é socorrida em estado grave ao ser agredida em aeroporto
Polícia
JD1TV: Criança de 2 anos é socorrida em estado grave ao ser agredida em aeroporto
Momento da execução do empresário
Polícia
JD1TV: Câmera mostra momento em que empresário é assassinado no Jd. Aeroporto
JD1TV: Adolescente é esfaqueada por colega durante briga na saída da escola em Campo Grande
Polícia
JD1TV: Adolescente é esfaqueada por colega durante briga na saída da escola em Campo Grande