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“Está faltando infraestrutura para o transporte”, afirma João Rezende

Para o presidente do Consórcio Guaicurus, lentidão está afastando os passageiros

12 julho 2019 - 15h55Rauster Campitelli
Dr Canela

O transporte coletivo no Brasil passa por um momento de muita turbulência e questionamentos. O cidadão está deixando de usar o ônibus e o motivo não é a idade dos veículos, mas a lentidão do serviço prestado. A avaliação é do presidente do Consórcio Guaicurus, João Rezende. “A qualidade é o nosso desafio e, infelizmente, ela não está sob o nosso domínio total. O que está na nossa mão é o treinamento da mão de obra”, garante Rezende.

“Quem entrega o serviço é o motorista. Permanente treinamento, qualificação, manutenção e renovação da frota [são feitos], mas se colocarmos hoje, em circulação, 100% da frota zero quilômetro, provavelmente não aumentará o número de usuários, porque o cidadão não está deixando de usar o ônibus porque ele não é zero quilômetro e tem dez anos de uso. Ele deixa de usá-lo, muitas vezes, por causa da lentidão”, pontua, frisando que o cidadão troca o ônibus por outros meios de transporte porque considera o serviço ruim.

“E isso não é só em Campo Grande. Eu participo de entidades no Brasil e sei que estamos vivendo a consequência de uma escolha, que é a do transporte individual em detrimento do transporte de massa. Para o cidadão perceber mudança na qualidade de maneira expressiva, está faltando infraestrutura para o transporte. Faixas exclusivas, corredores, semáforo dando vez para o ônibus, e isso está na mão do poder público”, explica João Rezende.

“O consórcio tem perdido muitos usuários pela demora na viagem e pela falta de padrão em cumprimento de horário, e é essa a qualidade que o cliente quer. O preço nem é o mais importante, temos tarifas mais caras Brasil afora”, afirma.

Diante da perda crescente de usuários, o presidente do Consórcio Guaicurus insiste que a melhor solução é investir em infraestrutura. “Não é a idade média da frota que altera a qualidade do transporte. Alguns ônibus, que estão com a idade vencida, estão em condições de trabalhar, estando devidamente revisados. O que precisamos é de infraestrutura para o ônibus circular mais rapidamente e cumprir os horários estipulados. Poderíamos até reduzir a frota e economizar, mas, para isso, temos que ter velocidade para compensar”.

Hoje, estamos usando mais ônibus para transportar menos pessoas e gastando mais tempo, de modo que não fecha a conta. Temos hoje um processo administrativo dentro da agência de regulação discutindo isso, cobrando do poder público uma iniciativa para garantir segurança jurídica, o equilíbrio financeiro do contrato para que possamos continuar honrando a folha de pagamento, com os impostos, com tudo o que o empresário precisa.

Ar condicionado encarece o custo do sistema de transporte coletivo

Segundo João Rezende, a frota de 560 ônibus conta atualmente com 14 veículos equipados com ar condicionado. “Consumimos um milhão de litros de óleo diesel por mês. O ônibus com ar condicionado consome 30% a mais, então os 14 não estão desequilibrando essa conta significativamente. Se tivéssemos 100% da frota com ar condicionado, consumiríamos 1,3 milhão de litros por mês, uma despesa de mais de R$ 1 milhão para o sistema e com certeza não teremos o aumento de clientes na mesma proporção”, comenta.

“Sempre que a prefeitura aborda o assunto, estamos tentando contrapor porque o ar condicionado não resolve o problema do transporte. Ele minimiza uma situação de desconforto, mas o cidadão vai continuar chegando atrasado. Outra questão é que um ônibus com ar custa R$ 360 mil, enquanto que um sem ar custa R$ 300. Além do consumo do diesel, tem a manutenção dele, que tem um custo bastante expressivo”, explica.

Apesar dos problemas enfrentados pelo serviço em Campo Grande, João Rezende diz que há um transporte de qualidade razoável na capital. “Temos, seguramente, um transporte de qualidade quando falamos no quesito segurança, por exemplo. Tínhamos, há uns cinco ou seis anos, uma média de 60 assaltos a ônibus por mês. Hoje, estamos sem nenhum. Se não tivéssemos feito mudanças, teríamos sofrido cinco mil assaltos”, informa.

Além disso, ele lembra que a frota da cidade está entre as mais novas do Brasil. “Recentemente, Porto Alegre ampliou, assim como nós pedimos para a prefeitura aqui também, a idade média dos ônibus de cinco para sete anos. Nós não estamos tão diferentes de Porto Alegre, Cuiabá e Goiânia. Temos 100% da frota com elevador, então os cadeirantes saem de casa com a certeza de que terão um ônibus com elevador. Para mim, isso é qualidade, inclusão, acolhimento”.

Quanto ao futuro do consórcio, Rezende é pontual. “Essa é uma grande dúvida nossa e é alvo de discussão permanente. O transporte público é usado pelo estudante, pelo idoso, pelo deficiente, e o poder público tem que garantir esse transporte, mas da maneira que está acontecendo, daqui a pouco não vai ter mais a gratuidade”.

Segundo ele, um projeto elaborado pela Frente Nacional de Prefeitos, pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) e pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) vai tentar “salvar” as empresas de transporte. “Esse projeto tem a pretensão de baratear a tarifa e melhorar a qualidade. A primeira e a principal fase é a infraestrutura. Se isso não for feito, o transporte coletivo está fadado a sucumbir”.

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