Em setembro de 2022, o empresário Elon Musk ordenou o desligamento do serviço de internet via satélite da Starlink em uma região estratégica da Ucrânia, interrompendo uma ofensiva militar contra tropas russas.
A informação foi revelada por uma reportagem exclusiva da Reuters, com base em relatos de três fontes com conhecimento direto do caso.
Segundo a agência, a ordem partiu diretamente de Musk, dono da SpaceX — empresa responsável pela operação da Starlink — e foi executada por um engenheiro sênior da companhia no escritório da Califórnia.
A suspensão do sinal afetou áreas como Kherson, no sul da Ucrânia, além de partes da província de Donetsk, no leste, ambas ocupadas pela Rússia.
A interrupção teria causado um apagão nas comunicações entre as forças ucranianas, deixando drones inoperantes e dificultando os ataques de artilharia.
Um oficial militar ouvido pela reportagem afirmou que a falha impediu o cercamento de tropas russas na cidade de Beryslav, comprometendo a operação. “O cerco foi totalmente interrompido. Fracassou”, disse.
Apesar do revés, a Ucrânia conseguiria retomar Beryslav e Kherson em semanas seguintes. O episódio, no entanto, abalou a confiança de Kiev na Starlink, que havia sido fundamental para garantir comunicação segura entre unidades militares desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022.
Contradições e silêncio
A ação contradiz declarações públicas de Elon Musk sobre a neutralidade da Starlink no conflito. Em março deste ano, ele afirmou na rede X (antigo Twitter) que “jamais” desligaria os terminais ucranianos, mesmo discordando da política do país. “Estou apenas afirmando que, sem a Starlink, as linhas ucranianas entrariam em colapso”, escreveu à época.
Procurados pela Reuters, nem Musk nem o engenheiro Michael Nicolls responderam aos pedidos de comentário. Um porta-voz da SpaceX afirmou, por e-mail, que a reportagem é "imprecisa", mas não especificou quais informações estariam incorretas.
A empresa apenas encaminhou uma publicação feita em fevereiro de 2025, na qual afirma estar “totalmente comprometida com o fornecimento de serviços para a Ucrânia”.
O governo ucraniano, incluindo o gabinete do presidente Volodymyr Zelensky e o Ministério da Defesa, também não se pronunciou sobre o caso.
Preocupações com retaliação nuclear
Segundo as fontes ouvidas pela Reuters, a motivação de Musk para o desligamento teria sido o receio de uma possível retaliação nuclear por parte da Rússia, caso a Ucrânia avançasse demais em seu território.
Um ex-funcionário da Casa Branca confirmou que autoridades americanas também compartilhavam dessas preocupações na época.
Ainda não se sabe ao certo quando a ordem foi dada, mas duas fontes indicam que ocorreu no fim de setembro de 2022.
Pelo menos 100 terminais teriam sido desativados, e o mapa de cobertura interno da Starlink mostrava áreas escuras em forma de hexágonos, indicando a interrupção.
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Elon Musk, homem mais rico do mundo (Foto: Joe Skipper/Reuters/Arquivo)




