O Business Insider levantou grande parte da história por trás do filme A Rede Social, que retrata a criação do Facebook e todos os conflitos gerados a partir dele. Em especial, o desentendimento e a expulsão do brasileiro Eduardo Saverin do empreendimento de Mark Zuckerberg em uma série de ações eticamente discutíveis.
O site teve acesso a e-mails trocados entre o advogado e o atual CEO do Facebook, em que Zuckerberg pede por formas “indolores” e imperceptíveis de reduzir a participação de Saverin no negócio.
Resumidamente, a história é a retratada no filme (veja abaixo um trecho selecionado pelo BI que ilustra o momento em que Saverin discute com Zuckerberg após se dar conta do “golpe”): amigos de Harvard criam o TheFacebook.com; Zuckerberg pede um primeiro investimento para Eduardo Saverin (o brasileiro rico de Harvard), que coloca US$ 15 mil no site; o site logo se torna muito popular; Zuckerberg e equipe vão para a região do Vale do Silício; Saverin fica em Nova York para levantar fundos para a então startup.
Irritado com a demora de Saverin e com problemas logísticos, que exigiam maior presença do cofundador, Zuckerberg se articula com Sean Parker, investidor conhecido pelos aportes ao Napster. Começa a tramar um plano para reduzir a participação do brasileiro no negócio e assim ganhar autonomia para tocar os negócios ao seu gosto.
Zuckerberg cria uma empresa em Delaware (manobra necessária para receber investimentos), transfere o TheFacebook.com e toda a propriedade intelectual envolvida para a nova empresa e na abertura para investimentos torna a participação de Saverin quase nula e se garante como diretor. Era a demissão indireta do brasileiro.
A divisão da empresa antes se dava entre Zuckerberg (65%), Saverin (30%) e Moskovitz (5%). Após dar o seu jeitinho, Zuckerberg conseguiu obter autorização de Saverin para aumentar o número de ações da empresa, diluindo a participação do brasileiro de 30% para 24% e, após a entrada de Sean Parker, 10%. Zuckerberg ficou com 40%; Moskovitz, com 16%; o investidor Peter Thiel, 9%; e ainda sobraram 20% para futuros empregados.
“No que diz respeito ao Eduardo, eu acho que é tranquilo pedir sua permissão para aumentar o número de ações da empresa. Especialmente, se fizermos isso enquanto levantamos o dinheiro. Provavelmente é menos OK dizer para ele quem está ganhando as ações [Peter Thiel e Sean Parker], porque ele pode ter uma reação adversa inicialmente. Mas acho que a gente pode fazer ele entender isso”, escreveu Mark Zuckerberg ao seu advogado.
A reportagem cita trechos de mensagens enviadas por chats instantâneos (IMs) a Moskovitz, como esta passagem, um retrato do momento em que Zuckerberg se estabiliza na costa oeste do país e decide não voltar a Harvard para terminar seu curso:
“Eu digo que ele se ferrou… Ele deveria ter criado a empresa, obter financiamento e bolar um modelo de negócio. Ele falhou nas três [tarefas]. Agora que eu não vou voltar para Harvard não preciso me preocupar em ser espancado por capangas brasileiros.”
No fim, Saverin processou o Facebook e conseguiu que seu nome passasse a figurar como cofundador do site (antes isso era omitido pelos administradores), e conseguiu manter de 4% a 5% da companhia em suas mãos, algo em torno de US$ 5 bilhões (valor 350 mil vezes maior que o seu investimento inicial), segundo a BI.
O brasileiro renunciou na semana passada à sua cidadania americana para se livrar de taxas sobre sua fortuna e mora atualmente em Cingapura.
Via Estadão
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