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Opinião

E agora mané?

04 dezembro 2017 - 16h09Alicio Mendes

Campo Grande então, à época, ainda guardava características comuns de uma cidade simpática, mas um tanto comum, onde o trânsito e as pessoas paravam para ver o trem passar, serpenteando por entre casas e prédios antigos, alguns até inabitados ou abandonados. Uma Capital um tanto adormecida que viveu no leito da Avenida Noroeste, a sua própria história, escrita entre trilhos e quartéis, onde seus habitantes ainda guardavam o hábito de esperar a quarta feira, para frequentar uma feira que todos amavam, mas que ali ninguém podia contar com o menor conforto em função de suas precárias condições. Mas o amor por ela era tanto que ninguém conseguiu na época perceber o dom visionário de um gestor que tomava as rédeas da carruagem para dar inicio a um projeto transformador que mudou por completo a Capital Morena. A velha feira deu lugar a um majestoso Templo e ao lado de velhos trilhos abandonados, criou-se então a Feira Central, hoje um dos principais pontos de atração do Município. Um cartão postal para onde temos prazer e orgulho de levarmos quem nos visita.

 Como é comum acontecer, amado por uns e odiado por outros, o Doutor Andre foi derrubando favelas, transformando brejos em amplas e lindas avenidas, tirando à lama e a poeira dos bairros, revolucionando o ensino, a segurança, a saúde. Quem não se lembra do fato dele se vestir como mendigo e ir aos postos de saúde para observar o seu funcionamento? A população começou a se acostumar com centenas de inaugurações de obras e mais obras que surgiam a cada momento. Reeleito, as suas administrações garantiram a eleição de seu sucessor, o Doutor Nelsinho, companheiro de Partido que em seguida tomou as rédeas da carruagem e igualmente, em gestões repletas de dinamismo, harmonia entre poderes, respeito ao cidadão, e obras atrás de obras, completou o trabalho para colocar nossa capital entre as mais bem avaliadas do País, para em seguida mergulhar no ostracismo de uma nova administração aventureira que nos levou para um verdadeiro caos. Felizmente falou mais forte o discernimento do eleitor que percebeu que não se deve trocar o certo pelo duvidoso e mesmo com as dificuldades herdadas, Campo Grande vai ganhando uma nova vida, renovando as esperanças de seus cidadãos.

Mas voltando ao personagem principal deste texto, o Dr. André continuou, como não poderia deixar de ser, a causar inveja, a fazer mais inimigos políticos, e aí, quando o sulmatogrossense o leva para o Parque dos Poderes para também revolucionar o Estado, naturalmente começa a surgir a linguagem preta. Mas o carisma e o sucesso do italiano eram evidentes, como evidente ficava a irritabilidade de seus adversários. 
Denúncias e mais denuncias de irregularidade se acumularam. Prenderam o homem, soltaram o homem. Colocaram tornozeleira, tiraram tornozeleira e o homem para desespero de muitos continuava firme nas pesquisas para voltar ao Parque, muito embora queira deixar transparecer que sua intenção  para o futuro seja de permanecer como um devotado vovô.  

Agora,  esse bombástico colaborador da Justiça surge para abalar de maneira ruidosa e contundente os alicerces da família e do PMDB.  Novamente a mídia mostra Andre sendo conduzido para as grades, para alegria de muitos e desespero de outros.

Mas aqui fico eu, a analisar a situação em que nosso País foi colocado, a causar vergonha para o resto do mundo, e chego à conclusão que a criatividade em certas áreas da nossa vida pública, chega às raias da indecência. A famosa “delação” ou “colaboração premiada” a meu ver, como leigo, nada mais é do que a institucionalização da impunidade.  Quase que a totalidade dos bandidos que saquearam a Nação, que levaram o País a essa crise sem precedentes, tirando o pão da boca de milhões de famílias, se transformaram de ladrões do povo brasileiro em “colaboradores da justiça” e hoje estão a desfrutar de suas mansões, de seus iates, de seus luxuosos refúgios sem o menor constrangimento, sem qualquer receio da nossa Justiça que infelizmente hoje se queda desmoralizada e desacreditada. Da maneira que vamos, todos serão delatores e delatados. O delatado de hoje será o delator de amanhã que também receberá os benefícios da Justiça e no final ficará o dito pelo não dito e os nossos milhões, os nossos bilhões, continuarão a fazer a alegria de poucos e a tristeza de muitos.                                                                                                     
Novamente de volta ao Dr. André, ele que ao longo do tempo circulou entre amigos e inimigos com a serenidade de sempre, mesclando sorriso como sisudez, cada vez mais vai se firmando como uma rocha irremovível, a despeito de todas as ações e ataques que tem sofrido ao longo do tempo. Percebe-se, entretanto, que esses episódios poderiam ser considerados sazonais, às vésperas de eleições  e se acentuam quando se evidencia a possibilidade de sua volta ao Parque. 

Não posso, e ninguém que também não esteja comprometido com determinado processo, poderá saber das verdades e das coisas que se passam em seu meio. Ninguém pode ter certeza absoluta daquilo que está na cabeça do outro, portanto não tenho procuração para defender ou dizer que o ex-prefeito e ex-governador e agora quase futuro governador, tenha alguma culpa do que seu delator possa ter afirmado, mas a fragilidade das evidências trazidas a público volta a deixar duvidas sobre sua culpabilidade, especialmente junto ao Judiciário. E o homem que estava com prisão preventiva a ser cumprida, volta para casa antes mesmo daqueles que tiveram decretada a prisão temporária.   Há quem ponha em duvidada o comportamento da Justiça nesse caso, mas o fato é que para pânico de seus adversários o HOMEM voltou pra casa e como sempre para o comando do seu Partido que ao lado de muita gente espera e torce por sua volta.  Então eu pergunto: e agora Mané?

(*) Alicio Mendes é médico veterinário e ambientalista  

 

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