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Opinião

Falta é cultura para cuspir nesta estrutura

21 outubro 2016 - 19h00Sérgio Maidana

Uma das “tiradas” de Raul Seixas em sua música “Não Fosse o Cabral” criada há mais de 30 anos, foi a frase “falta de cultura, prá cuspir na estrutura”, num claro deboche que a culpa não seria de Pedro Alvares Cabral e, sim, do povo brasileiro que nunca procurou melhorar e fazer a coisa certa.

Se observarmos que dos anos 1980 para cá evoluímos bem  pouco em nível cultural, que a era da informática e das redes sociais, somente, podemos dizer que nos “emburreceu” mais. Se de um lado começamos a prestar a atenção na ortografia e falta de sentindo nas frases de determinadas pessoas nas redes sociais, que você via-a como “culta”, acredito que as redes sociais trouxe consigo a  letargia a leitura complexa (demorada e de muitas páginas).

Olhando a  grosso modo, temos que a leitura está entrando em decadência no país, pois, continuamos com a marca histórica de ficarmos na colocação entre 25º a 30º classificação mundial de leitura, consumindo a média de 1,7 livros per capita ao ano, uma verdadeira vergonha.

Mas como falo isto se o mercado editorial brasileiro está em franco crescimento? Pois bem! Apesar de termos uma queda de 16% nas vendas de livros no primeiro semestre deste ano, ainda temos um promissor mercado editorial e aí está incluso livros didáticos obrigatórios comprados pelo governo, bem como os “livrinhos de desenhar” que impulsionaram o mercado no ano passado. Mas livro de literatura e que exercita a leitura pelo lazer vai de mal a pior.

E não é só os livros de literaturas que estão sendo pouco lidos, os pontos de revenda de livros e jornais tem caído, e as autoridades não tem feito para melhorar este quadro, parecendo que pretendem deixar o povo na completa ignorância. Quanto mais ignorante melhor, né!! Se você observar que as bancas de revistas de Campo grande praticamente acabaram, restando somente duas no centro (Reginaldo na 13 e Altair na Afonso Pena com a 13), que o número das tiragens dos jornais tem diminuído, chegamos a  triste conclusão que estamos caminhando para o “mundi ignorantum”.

E continuamos a pesquisar o “mundi igonorantum” quando o jornal O Estado de SP, teve uma queda de 6% na sua tiragem em 2015, caindo para a média de 157 mil tiragens diária, numa cidade de 11 milhões de habitantes, a  região metropolitana com 19 milhões e um estado com 44 milhões de habitantes. Se compararmos com a tiragem dos anos 1960, quando distribuíam 300 mil jornais numa população de 13 milhões de habitantes, e nos anos 1980 a tiragem era de 500 mil exemplares, é assustador. Regredimos!?

Ah, mas você vai me dizer que o jornal e livro impressos estão sendo substituídos pelo similar digital. Ledo engano, a média de assinantes digital do O Estado de SP no ano passado girou entre 70 a 80 mil, que somado com a edição imprensa fica abaixo da tiragem dos anos 1960. Ou seja, estamos beirando a era do “mundi ingnorantum”, um país sem leitura e sem cultura, onde as pessoas tomam partido precipitadamente, e onde os debates se resumem a chavões e, terminando em violência por não ter o dom do debate por falta de argumentos (ou de cultura).

O que fazer para melhorar este quadro? Acreditamos que primeiramente necessitamos de uma política de futuro dos governos na educação das crianças e jovens, um incentivo à leitura e ao interesse na leitura de jornais, ao invés de vídeos. A preguiça mental no recebimento de informação audiovisual é prejudicial ao desenvolvimento do raciocínio lógico e torna muitos analfabetos funcionais. Só lembrando que em estudos recentes, foi constatado que dos 11 milhões de habitantes, 5 milhões eram analfabetos funcionais(lê mas não consegue compreender um texto longo).

Então chegamos a era digital onde em rede sociais você escreve uma coisa, e conforme aparece o “leitor”, ele entende outra informação, totalmente diferente do seu pensamento, muda o foco da conversa, tergiversa, e comenta sem nenhuma noção o tópico, acreditando que está certo. O analfabetismo funcional tomou as ruas e criou a algaravia digital, uma geração que só lê o tópico dos assuntos e praticamente está totalmente alienada. Como dizia Raul: falta é cultura pra cuspir nesta estrutura.

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