Menu
Menu
Busca sábado, 06 de dezembro de 2025
CCR Vias - Movida - Nov-Dez25
Brasil

Após dois anos da marcha, mulheres negras continuam mobilizadas contra racismo

A ideia de organizar a marcha surgiu em 2011, durante o Fórum Afro XXI

19 novembro 2017 - 07h12Agência Brasil

"Inesquecível”. Assim Ana Carolina, gerente de Programas da ONU Mulheres, resume o dia 18 de novembro de 2015. Naquela data, 50 mil mulheres negras ocuparam a Esplanada dos Ministérios, com cabelos em estilo afro, turbantes, palavras de ordem, bandeiras e, sobretudo, histórias de vida marcadas pela resistência ao racismo. Diante de um Congresso Nacional com baixíssima representatividade dessa população – na Câmara dos Deputados, foram eleitas apenas duas  negras na atual legislatura –, a Marcha das Mulheres Negras reivindicou reconhecimento, protagonismo e uma nova sociedade.

A ideia de organizar a marcha surgiu em 2011, durante o Fórum Afro XXI. O encontro celebrava o Ano Internacional dos Afrodescendentes, declarado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2009. Uma das idealizadoras da mobilização, Nilma Bentes, da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), relembra que a iniciativa foi sendo fomentada em conversas entre diferentes organizações. Anos depois, a pauta foi definida: Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo, a Violência e Pelo Bem Viver.

“Mesmo sabendo que o racismo, por si só, é uma violência, o termo foi incorporado para ressaltar a impunidade na matança de negros, sobretudo da juventude, pela mão da polícia; pelo sistema de saúde [em referência a grávidas e idosas]; e, ainda, porque o feminicídio tem atingido mais as negras. Já o Bem Viver foi incorporado para sinalizar que acreditamos na necessidade de mudança do chamado 'modelo de desenvolvimento', combatendo, portanto, a mercantilização-financeirização dos recursos naturais/bens comuns, o consumismo exacerbado, o lucro insano, o capitalismo neoliberal", explica Nilma na introdução do livro Marcha das Mulheres Negras, publicado pela AMNB em 2016.

A diversidade de mulheres e organizações que atuam em defesa da população negra não impediu a unificação em torno da iniciativa. Ao contrário, tais especificidades definiram os contornos da marcha, que ganhou organicidade por meio do Comitê Impulsor Nacional e articulações semelhantes em diversos estados da Federação. Reuniões, debates, eventos para arrecadação de recursos foram realizados, resultando em um processo de aproximação.

No dia 18, em Brasília, essas mulheres chegaram ao auge do processo. A marcha trouxe à tona questões como discriminação, extermínio da juventude negra, precariedade do trabalho e alta incidência de violência contra as mulheres negras. A jornalista e uma das organizadoras da marcha em São Paulo, Juliana Gonçalves, relembra a importância do evento. 

Depois do ato em Brasília, os comitês locais seguiram caminhos diferentes. Alguns mantiveram-se organizados. No Pará, na Bahia, em São Paulo, no Espírito Santo e no Rio de Janeiro, por exemplo, continuam existindo “marchas das mulheres negras”, movimentos que continuam promovendo atos, realizando debates para formação política e organizando quem já estava na luta e novas participantes. Em outros casos, a organização não se manteve, mas os vínculos permaneceram. 

Em âmbito internacional, outras iniciativas têm sido levadas para comunicar a situação das mulheres negras e defender seus direitos. Os 193 Estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) que adotaram a Agenda 2030, composta pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), têm sido estimulados a adotar um olhar sobre as desigualdades de gênero e também raciais na abordagem de todas as 169 metas globais com foco nas pessoas, no planeta, na prosperidade e na paz mundial.

Para contribuir com isso, a ONU Mulheres lançou a iniciativa global “Por um planeta 50-50 em 2030: um passo decisivo pela igualdade de gênero”, com compromissos concretos assumidos por mais de 90 países, entre os quais o Brasil. São passos importantes para enfrentar desigualdades e um desafio para todos no contexto atual, já que, depois de uma década de progresso lento, mas contínuo, em direção à igualdade de gênero, pela primeira vez foi constatado aumento das disparidades entre homens e mulheres no planeta, o que torna mais difícil a vida das mulheres negras.

Reportar Erro
Energisa Nov-Dez 25

Deixe seu Comentário

Leia Também

Tainara Souza Santos ficou gravemente ferida no sábado (29)
Brasil
Com IA, golpistas criam vaquinha fraudulenta em nome de mulher arrastada
STF Fachada e Estátua da Justiça -
Justiça
Justiça barra serviços de apostas autorizados por leis municipais em todo o país
Daniel Vorcaro deixando a prisão
Brasil
CPMI aprova quebra de sigilos de dono do Banco Master
Presidente Lula sanciona Lei
Brasil
Governo institui programa para reestruturar dívidas dos Estados com vetos
Cadeia publica -
Brasil
Sistema prisional brasileiro registra superlotação de 150%, aponta CNJ
Foto -
Política
Senado discute Auxílio Gás do Povo em audiência pública; proposta é do governo federal
Ministro Gilmar Mendes -
Política
Gilmar Mendes estabelece que só a PGR pode iniciar impeachment de ministros do STF
Reprodução / Vídeo
Política
Líder dos caminhoneiros e desembargador aliado de Bolsonaro anunciam greve geral
Exército Brasileiro /
Justiça
Justiça garante a militares transgênero uso do nome social nas Forças Armadas
A extradição da deputada para o Brasil é analisada pela Justiça da Itália
Brasil
Cassação de Zambelli pode ser analisada na CCJ da Câmara nesta terça-feira (2)

Mais Lidas

Dupla foi presa em flagrante pelo homicídio
Polícia
Mulher foi assassinada na BR-262 pela prima após descobrir drogas em guarda-roupa
Imagem ilustrativa
Polícia
Mulher é presa por cortar virilha do filho de 6 anos para evitar abuso
Mária de Fátima, morta pela prima e jogada na BR-262, em Campo Grande
Polícia
Morta pela prima, mulher se refugiava na Capital após fugir de violência doméstica em MG
Divulgado lista de inscritos para apartamentos no Jardim Antártica
Cidade
Divulgado lista de inscritos para apartamentos no Jardim Antártica