Menu
Menu
Busca quarta, 08 de maio de 2024
Brasil

Pará, Rondônia e Mato Grosso são as áreas mais críticas em conflitos, diz ouvidor agrário

06 junho 2011 - 10h59Uol

O ouvidor agrário nacional, Gercino José da Silva Filho, afirmou que os Estados do Pará, Rondônia e Mato Grosso --nessa ordem-- são as áreas mais críticas do país quando o assunto é a violência no campo. Os três Estados, que estão localizados nas bordas da Floresta Amazônica, foram as últimas fronteiras agrícolas do país e sofrem com a ação de madeireiros e altos índices de desmatamento.

De acordo com dados da ouvidoria, no Pará, há cerca de 170 inquéritos referentes a homicídios de trabalhadores na zona rural. O Estado é disparado o campeão de violência no campo. Em segundo lugar está Rondônia, com cerca de 70 inquéritos, seguido pelo Mato Grosso, com 50 inquéritos. “A principal causa dessas mortes é a disputa pela terra. Em geral, os latifundiários se apropriam de grandes áreas públicas, os sem-terra descobrem e fazem ocupações nesses locais”, afirma Gercino.

O ouvidor aponta a regularização fundiária como a grande medida para reduzir a violência na região, mas admite que o orçamento do governo federal não permite a realização de uma ampla reforma agrária. “A reforma agrária acontece, porém não na velocidade que os trabalhadores rurais desejam e esperam. O governo federal se defende dizendo que está fazendo a reforma dentro daquilo que o orçamento possibilita”, diz.

Segundo Silva Filho, os crimes no campo são cometidos, via de regra, por madeireiros ilegais e grileiros (falsificadores) de terras públicas, e as vítimas são os trabalhadores rurais. “Os madeireiros e grileiros pegam empregados e jagunços para expulsar os trabalhadores das áreas. Também pressionam a polícia para retirar os acampados sem ordem judicial. É comum eles destruírem os barracos e os bens dos trabalhadores. Nos casos mais extremados, mandam até matar. Uns 98% dos mortos são sem-terra”, afirma.

O superintendente do Incra (Instituto de Colonização e Reforma Agrária) em Marabá (PA), Edson Luiz Bonete, também avalia que os madeireiros são os principais responsáveis pelas mortes na campo. “Hoje o grande problema é a disputa pela madeira. No passado era entre o fazendeiro e o sem-terra, que antes faziam a disputa no corpo a corpo e hoje fazem na Justiça. Hoje a briga é entre o madeireiro e os pequenos produtores, os assentados”, diz.

Segundo Bonete, só na região de Carajás, que concentra as mais altas taxas de homicídios do país, há entre 10 e 12 mil famílias acampadas aguardando serem assentadas. Atualmente, de acordo com ele, há 500 assentamentos na região, no qual vivem quase 70 mil famílias, assentadas pelo Incra desde a década de 70.

O superintendente do Incra aponta três frentes de atuação para enfrentar a violência no meio rural: “é preciso melhorar a infraestrutura dos órgãos públicos, avançar com os programas de regularização fundiária e regularizar o corte da madeira e os processos ambientais”, afirma.

Bonete avalia positivamente a proposta de criação do Estado de Carajás, que será submetida a um plebiscito no segundo semestre deste ano. “Tem sido muito questionado a ausência do Estado. Com a criação de Carajás ficaria muito mais fácil o controle dos conflitos e a presença do poder público seria maior.”

Onda de mortes

Cinco camponeses foram mortos na região norte em menos de dez dias, quatro deles no sudeste paraense. O última morte foi de Marcos Gomes da Silva, 33, natural do Maranhão, assassinado em Eldorado dos Carajás no quarta-feira (1º).Na semana passada, três mortes ocorreram em Nova Ipixuna, também no sudeste do Pará: o casal de castanheiros José Cláudio Ribeiro da Silva, 52, e Maria do Espírito Santo da Silva, 50, ativistas que denunciavam a ação ilegal de madeireiros, foi executado na terça-feira (24); no domingo (29), foi encontrado o corpo de Eremilton Pereira dos Santos, 25, que morava no mesmo assentamento do casal.

Na sexta-feira (27), a vítima foi Adelino Ramos, o Dinho, liderança do Movimento Camponês Corumbiara (MCC), assassinado enquanto vendia verduras em Vista Alegre do Abunã, distrito de Porto Velho (RO). Dinho foi um dos sobreviventes do massacre de Corumbiara --ocorrido em agosto de 1995, no qual pelo menos 12 pessoas morreram nas mãos de pistoleiros e PMs-- e também denunciava a atuação de madeireiros.

Ninguém foi preso pelos crimes ocorridos no Pará. Em Rondônia, o suspeito Ozias Vicente, que atuava na extração ilegal de madeira, foi detido na segunda-feira (30). A polícia investiga a participação de outras pessoas no crime.

Reportar Erro

Deixe seu Comentário

Leia Também

PF vai apurar notícias falsas em meio a tragédia no RS
Brasil
PF vai investigar fake news sobre ações de socorro ao RS
A Marinha está atuando nas regiões afetadas pelas chuvas desde o início dos trabalhos de resgate e auxílio à população, com embarcações e aeronaves
Brasil
Marinha envia hospital de campanha para o Rio Grande do Sul nesta terça
Concurso para fuzileiros navais é adiado para 21 de maio
Brasil
Concurso para fuzileiros navais é adiado para 21 de maio
Temporais estão desvastando o Rio Grande do Sul
Brasil
Número de mortos por conta da chuva sobe para 83 no Rio Grande do Sul
Ministro Alexandre de Moraes
Justiça
Moraes deixa o TSE em junho
Porto Alegre está submersa
Brasil
Quase 850 mil pessoas foram afetadas por chuvas no Rio Grande do Sul
Cachorrinho se salvou como podia antes de ser resgatado
Brasil
Pelo menos 3,5 mil animais ilhados pela chuva foram resgatados no RS
Presidente Lula segue acompanhando o caso no RS
Brasil
Lula sobrevoa áreas atingidas por enchentes no Rio Grande do Sul
Temporais estão desvastando o Rio Grande do Sul
Brasil
Lula volta ao Rio Grande do Sul neste domingo
Madonna no último ensaio antes do show deste sábado
Brasil
Show da Madonna: hotéis de Copacabana têm quase 100% de ocupação

Mais Lidas

Luan Santana fará show em Campo Grande em agosto
Comportamento
Mais caro que Rock in Rio e Lollapalooza, valor do show do 'gurizinho' gera revolta
Viaduto que dá acesso ao Jardim Veraneio na BR-163 começa a ser construído
Geral
Viaduto que dá acesso ao Jardim Veraneio na BR-163 começa a ser construído
Silas e Aysla foram mortos por engano
Polícia
Polícia fecha quebra-cabeça e prende último suspeito em morte de adolescentes na Capital
'Gringo' é assassinado com mais de 70 tiros de fuzil na fronteira
Polícia
Chefão do tráfico, 'Gringo' é assassinado com mais de 70 tiros de fuzil na fronteira