Por outro lado, o estudo indicou que o avanço do emprego no País não foi suficiente para atender o ingresso de jovens no mercado de trabalho, provocando que o desemprego subisse de 7,1% para 8,3%.
A crise, que afetou sobretudo a indústria brasileira, se mostrou mais branda no Rio. Vários indicadores da economia fluminense, calcada no setor de serviços e de petróleo, tiveram inclusive avanços. Um deles foi a média salarial dos trabalhadores, que subiu de R$ 1.277 em 2008 para R$ 1.359 em 2009, já com correção pela inflação.
Com a elevação, o salário fluminense superou o dos paulistas (R$ 1.353), que também foram ultrapassados pelos catarinenses (R$ 1.358). Esta foi a primeira vez, pelo menos desde 2001, que a liderança não fica com o estado vizinho.
O IBGE constatou até um aumento de 483 mil vagas com carteira assinada no País. Também foi apurada maior formalização do emprego: subiu de 52,1% para 53,5% o contingente de trabalhadores que contribuíam para a Previdência. Os empregados domésticos com carteira assinada passaram a ser 7,2 milhões, uma alta de 9%.
Primeiro emprego
Enquanto o mercado de trabalho avançou para quem já estava atuando, os jovens enfrentaram maior dificuldade em encontrar o primeiro emprego com a crise de 2008. A taxa de desocupação subiu de 14,4% para 16,6% entre 18 e 24 anos. Já no Rio, caiu de 21,6% para 21,1%. No estado, o desemprego apresentou queda de 9,6% para 9,2%, na contra-mão da tendência nacional.
O economista Cimar Pereira Azevedo ressaltou que em comparação com outras economias o impacto foi menor. “O mercado de trabalho não piorou, mas deixou de melhorar”, avaliou.
Economista da FGV aponta menos 1 milhão na pobreza
Analisando os dados da PNAD, o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Marcelo Neri observa que, apesar da crise, a redução da pobreza continuou avançando no País. Segundo ele, enquanto em 2008 a renda dos 10% mais pobres era de R$ 285, em 2009 subiu para R$ 294, em termos reais. A alta foi de 3,15%. Por outro lado, a dos 10% mais ricos subiu apenas 1,09%, de R$ 2.539 para R$ 2.566.
Apesar de 2009 não ter sido tão positivo quanto os seis anos anteriores, havia cerca de 1 milhão a menos de pobres, que passaram de 29,8 para 28,8 milhões.
“O que percebemos a cada ano é um descolamento entre o PIB (Produto Interno Bruto) e a PNAD. Na pesquisa domiciliar, há um avanço maior da renda”, afirma o economista. Para ele, o resultado do Rio pode ser tendência futura se projetos previstos se concretizarem e se houver reflexos na renda.
A engenheira Lívia Mattos, 27 anos, apostou na indústria do petróleo e não se arrependeu. Ainda se aperfeiçou através do Prominp. “Quando a crise chegou, houve paralisação nas contratações, mas rapidamente o setor voltou a abrir vagas”, conta ela.
Luz em 100% das casas fluminenses
A PNAD mostrou melhorias no acesso a serviços públicos no País, mas revelou também que grande parte da população ainda convive com o esgoto a céu aberto. Um dos itens que avançaram foi a eletrificação, que chegou a 100% dos domicílios do Rio de Janeiro — o primeiro estado a universalizar o serviço. Antes, o fenômeno só ocorria no Distrito Federal. No País, a taxa passou de 98,6% a 98,9%.
Enquanto a água encanada chegou a 84,4% dos lares brasileiros, caiu de 59,3% para 59,1% o percentual dos domicílios ligados à rede de esgoto. A PNAD também constatou que o maior acesso ao celular faz com que cada vez mais famílias aposentem o telefone fixo. Em 2009, 41,2% das famílias só tinham o móvel, contra 5,8% que só tinham o convencional.
O acesso à Internet aumentou em 112,9% em quatro anos, chegando a 67,9 milhões de brasileiros. Entre os maiores de 50 anos, os internautas eram 7,3% em 2005 e passaram para 15,2% em 2009. No Estado do Rio, 36,13% dos domicílios tinham computador com acesso à rede.
Analfabetos ainda são cerca de 10% da população brasileira
Segundo a pesquisa do IBGE, as melhorias na educação são constantes, mas ainda lentas. Apesar da queda na taxa de analfabetismo, o problema ainda afeta quase 10% da população. A PNAD mostrou também que ficou praticamente estável o percentual dos brasileiros com Nível Fundamental incompleto (36,9%).
Por outro lado, a pesquisa revelou um cenário de maior escolarização (frequência à escola) das crianças. O avanço maior foi entre as de 4 e 5 anos. Enquanto que em 2008, 72,8% delas estudavam, em 2009, elas eram 74,8%. Na faixa dos 6 aos 14, eram 97,6%. O que ainda dificulta a presença na escola é o trabalho infantil. Apesar da queda na incidência, 908 mil crianças entre 5 e 13 anos trabalhavam no País. No Rio, onde a taxa é a mais baixa, 22 mil estavam nessa situação. Entre os 15 e 17 anos, a presença na escola ainda está distante da universalização e chegou a 85,2%.
A pesquisa revelou um surpreendente aumento no número de filhos por mulher no País, índice que vinha caindo ano a ano, desde a década de 1960. De 1,89, subiu para 1,94. Se for uma tendência, fator poderá aumentar demanda por vagas nas escolas nos próximos anos.
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