Pesquisa em levantamento de gastos do governo federal feita pela Associação Contas Abertas a pedido do Uol Esporte no Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira), do Tesouro Nacional, e no Siga do Senado (sistema da Casa que "espelha" dados do Siafi) mostra que apenas em 2013 o governo destinou pelo menos R$ 41,6 milhões para os CTs preteridos. Em 2012, foram R$ 8,2 milhões. Dos 51 locais que ficaram fora da Copa, pelo menos 21 tem investimento do governo federal. Em vários casos, as reformas eram necessárias para os locais atenderem ao padrão Fifa e assim poderem candidatar-se a receber uma seleção.
Ao todo, R$ 49,8 milhões nos dois últimos anos. Este valor inclui apenas o dinheiro gasto ou empenhado (quando o governo ainda não fez a transferência de recursos mas já se comprometeu a pagar o valor) no Programa de Trabalho Esportes e Grandes Eventos, na ação "Apoio à Realização da Copa do Mundo Fifa 2014", com recursos provenientes do Ministério do Esporte.
Quando incluímos nesta conta os R$ 99 milhões aprovados pelo governo federal em 2010 e 2011 para a reforma do Estádio Flamarion Vasconcelos, em Boa Vista (RR), presente no catálogo final de CTs da Fifa, o valor chega a R$ 148,8 milhões investidos em estádios e campos de futebol que não serão utilizados na Copa do Mundo. A verba ainda não foi transferida inteiramente pela Caixa - responsável pelos recursos - para a obra na capital de Roraima, mas já foi garantida por uma emenda ao Orçamento em 2010 do senador Romero Jucá (PMDB-RR), endossada por toda a bancada do estado no Senado em 2011. Até o início do ano passado, já haviam sido repassados cerca de R$ 29 milhões.
Depois de pronta, a arena ficará à disposição do futebol roraimense, cujo campeonato estadual é disputado por seis equipes profissionais, tem uma média de público de 50 torcedores por partida e não cobra ingresso. A disputa é subsidiada por governos municipais e pelo estado.
No dia 22 de junho de 1996, quando ainda havia cobrança pelas entradas, uma partida entre Rio Negro e Progresso atraiu público total de um pagante. O servidor federal Abraão Pereira de Souza proporcionou uma renda de R$ 5. Cada clube ficou com R$ 1. As informações são da Federação Roraimense de Futebol.
O dinheiro, na maioria dos casos, é resultado de convênio do governo federal com estados e municípios, ou seja, não são empréstimos, e sim investimentos diretos nos estádios e campos de futebol. Durante as manifestações que aconteceram nas principais capitais do Brasil durante a Copa das Confederações, em junho de 2013, a presidente Dilma Rousseff afirmou durante pronunciamento à Nação em cadeia nacional de rádio e televisão que não havia dinheiro do governo federal investido em estádios de futebol para a Copa de 2014. Apenas financiamentos do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) que seriam pagos de volta pelas empreiteiras, clubes de futebol, prefeituras e governos estaduais responsáveis pelos projetos. Dois dias depois, o site Uol mostrou que havia pelo menos R$ 1,1 bilhão de dinheiro federal investido ou renunciado na construção dos estádios da Copa.
Conta é maior ainda
Na realidade, o valor do gasto com CTs é maior ainda. Na pesquisa feita pela reportagem, não entram os investimentos dos governos estaduais ou dos municípios nos CTs. O estádio Milton Corrêa, em Macapá, por exemplo, não recebeu investimentos do governo federal em 2012 e 2013, mas teve um aporte de R$ 4,5 milhões liberado para sua reforma no ano passado pelo governo do Amapá.
Também ficaram fora da conta os investimentos do governo federal feito nos CTs da Fifa antes de 2012, assim como o que foi gasto nos 32 CTs escolhidos pelas seleções da Copa de 2014. Os campos oficiais de treinamento da Fifa nas 12 cidades-sede da Copa - só em Manaus são dois, além da Arena Amazônia - também não foram considerados.
De acordo com o Ministério do Esporte, a Fifa inspecionou 283 CTs dentre mais de 400 locais que se ofereceram à entidade máxima do futebol para receber seleções durante o Mundial. Esses centros de treinamento também não foram considerados, apenas os 51 locais presentes no catálogo final da Fifa, divulgado em outubro do ano passado, que ficaram fora da Copa.
'Nacionalização da Copa'
Segundo o Ministério do Esporte, responsável pela maioria dos repasses de verba pública aos CTs da Fifa, os investimentos em estádios e campos de futebol país afora é "parte do plano de nacionalização da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, um conjunto de equipamentos públicos está sendo qualificado para atender todas as regiões do país, em particular as cidades que não sediarão os megaeventos".
"O apoio às prefeituras e governos estaduais nas cidades classificadas como possíveis Centros de Treinamento para a Copa está incluído nessa série de iniciativas, com o objetivo de deixar como legado espaços adequados e qualificados para o desenvolvimento do esporte no país. Esses equipamentos esportivos são usados como locais para a promoção do esporte, de eventos culturais e são utilizados por clubes profissionais e amadores", afirma a pasta do Esporte em resposta enviada à reportagem por meio de sua assessoria de imprensa.
De acordo com o Ministério do Esporte, o investimento nos 83 CTs do catálogo final da Fifa - excluindo 16 locais incluídos na versão final da lista - receberam da pasta R$ 133 milhões, sem contar os R$ 99 milhões do Estádio de Boa Vista. Somado este valor, o custo final do catálogo de CTs da Fifa para o contribuinte, incluindo os 51 excluídos e os 32 escolhidos, seria de no mínimo R$ 232 milhões.Reportar Erro
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