“Tentamos mostrar o Estado da oportunidade”
O secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, fala sobre os trabalhos desenvolvidos pelo governo na captação de novos investimentos para Mato Grosso do Sul, como a divulgação do potencial do Estado em feiras internacionais. Ele ainda reforça que MS ainda é bem visto com relação a oportunidades e cita a diversidade de segmentos, destacando a necessidade de se investir em logística. Além disso, comenta sobre as delações da JBS e como isso tem afetado tanto o mercado da carne bovina como a política de incentivos fiscais do Estado.
Jornal de Domingo - O senhor sempre foi o responsável pela captação de investimentos para o Estado. Neste momento de crise, ainda estamos conseguindo trazer empresas para MS?
Jaime Verruck - Sob o ponto de vista conjuntural, obviamente que essa crise macroeconômica tem feito alguns investimentos alterarem seus cronogramas, mas percebemos claramente, cada vez mais, que os empresários estão vendo que essa crise talvez seja passageira ou duradoura, mas o que estão vendo é a necessidade de um planejamento a longo prazo. Então, principalmente em abril e maio, percebemos uma paralisação de novos investimentos. Mas estamos fazendo no Estado primeiro mantivemos a nossa busca por novos empreendimentos, permanentemente temos participado de feiras setoriais. Por outro lado, percebemos um investimento muito forte naqueles empreendimentos que já estavam programados a sua continuidade. Então neste momento atual os empresários estão cautelosos com relação a investimentos, mas o Estado de Mato Grosso do Sul consegue ser ainda muito bem visto sob o ponto de vista de oportunidade de novos investimentos. Quando falamos de oportunidade, estamos falando de uma série de segmentos. Podemos citar aí eucalipto. As pessoas comentam sobre a venda da Eldorado, mas independente disso, Mato Grosso do Sul ainda é referência internacional na produção de eucalipto e de celulose. Com relação à carne, continuamos tendo interesse de empresas entrarem na área de suinocultura, inclusive vamos participar mês que vem de uma feira de suinocultura e avicultura para apresentar o Estado e o que temos de potencial. MS está iniciando seus investimentos na área de suinocultura e avicultura. E temos sempre a preocupação da diversificação, então a Secretaria de Desenvolvimento tenta mostrar o Mato Grosso do Sul da oportunidade. E o Estado continua tendo uma série de fatores muito favoráveis, nós temos o problema da logística, mas temos uma série de posicionamentos com relação à logística. Eu gosto de dar o exemplo de quantas pessoas sabem que reativamos a ferrovia? Em condições de pouca produtividade, mas que está operando. Estamos discutindo corredor bioceânico, para efetivamente conseguirmos chegar aos portos. Então há uma série de coisas que criam um ambiente em termos de logística extremamente favorável para o Estado e eu acho que vamos ter de nos esforçar muito mais para esses investimentos, mas a própria fusão da Secretaria nos ajuda nesse esforço. Falamos de investimentos industriais, mas temos investimentos agropecuários, na área do turismo.
Jornal de Domingo - Tradicionalmente uma das ferramentas para se atrair investimentos para o Estado é concessão de incentivos fiscais. Se esses incentivos acabarem, a nossa capacidade de atrair investimentos acaba também?
Jaime Verruck - Sob o ponto de vista industrial, nós teríamos algumas dificuldades caso os incentivos venham a acabar, mas o cenário não de acabar. Temos no Congresso Nacional a convalidação desses incentivos, a Câmara já passou e esperamos que o Senado aprove essa convalidação da forma em que está. Isso gera uma segurança jurídica das 500 empresas privadas hoje no Estado e nos permite um incentivo para os próximos 15 anos. A partir do momento em que for aprovado, poderemos conceder incentivos ainda por 15 anos. Então isso é bastante favorável. Mas com certeza temos hoje de criar uma nova para atrair investimentos, porque o incentivo fiscal, mesmo com a convalidação, deve perder força ao longo dos anos, seja com a reforma tributária... Só temos de ressaltar que todos os incentivos fiscais de MS são incentivos legalmente constituídos, então não podemos extrapolar problema momentâneo para um conjunto de incentivos, se não vamos gerar ainda mais insegurança jurídica. Então o Estado continua com sua política de incentivos fiscais, continuamos atraindo investimentos sob essa política e agora há segmentos que não se sustentariam sem esse incentivo. O que temos de pensar nesses 15 anos é de criar outros mecanismos, como investimentos em logística, e aí entram transportes rodoviário, ferroviário, aeroviário. Qualquer planejamento a longo prazo do Estado tem de focar na logística. E precisamos pensar na diversificação. Temos milho disponível, temos soja, celulose, piscicultura, carne bovina. Estamos fazendo um mapa para apresentar o Estado e dizemos “Mato Grosso do Sul, o próximo destino dos seus investimentos”, para divulgar o Estado, porque ainda há um desconhecimento muito grande sobre o que pode ser feito aqui.
Falando em carne bovina, a JBS colocou a pecuária de MS numa zona de turbulência, mas o Jornal de Domingo - governo foi rápido em baixar a alíquota do ICMS para a comercialização do boi em pé. Isso já é suficiente para melhorar a crise?
Jaime Verruck - Não. Eu acho sempre que as forças de mercado são muito mais eficientes que a força pública. Nesse período pós crise JBS, os frigoríficos do Estado, chamados médios e pequenos, estão com suas capacidades lotadas em termos de bovino com escala para 40 dias. Temos hoje dentro do órgão ambiental 10 pedidos de frigoríficos para ampliar as suas capacidades, que perceberam a oportunidade de ampliação após a crise. Por outro lado, nós ficamos com 50 mil cabeças de gado com abate inferior ao ano passado. Então efetivamente, você tinha um estoque de boi gordo e os frigoríficos não tinham como absorver. Se o frigorífico tem como absorver, por que vamos deixar sair o gado em pé? Mas ele não tinha como absorver, então o governo fez imediatamente um trabalho de redução de 12% para 7% de gado saindo para o abate. Obviamente é uma medida de curto prazo para conseguir dar fluxo e para que não haja perda do valor econômico desse produto. Acho que a gente vai desovar um destoque e depois o mercado se regulariza, porque esses outros frigoríficos já estão se preparando. A medida não é suficiente, mas foi uma ação importante para atender o setor produtivo. Então temos de ter um novo olhar para a cadeia produtiva a partir de agora. Temos um conjunto de medidas para discutirmos. E temos um dado interessante: as exportações do Estado de maio deste ano contra maio do ano passado subiram quase 16%. Como o mercado interno não tem sido tão consumidor, a exportação tem sido a saída. Isso mostra que o mercado está sendo muito mais eficiente que as políticas públicas.
Jornal de Domingo - Olhando essa questão da JBS, ter permitido uma concentração muito grande de mercado nas mãos de um único estabelecimento ou não ter incentivado a concorrência não foi um erro?
Jaime Verruck - Isso é uma questão macroeconômica. O Brasil, num dado momento ainda no governo Lula, fez uma opção de criar os campeões nacionais e uma série de empresas foram escolhidas para isso. A princípio, naquele momento, parecia uma estratégia de escala global. Durante todo o período em que a empresa atuou no Estado, com bonificação, a forma como trabalhou era adequada sob o ponto de vista da pecuária, plantas de qualidade. Temos de entender que o que aconteceu com a JBS foi uma lógica muito mais macroeconômica. Sob o ponto de vista do Estado, não favorecemos essa concentração, porque o incentivo fiscal era igual para todo mundo. Agora em função da estrutura nacional estabelecida, obviamente que essa empresa teve a capacidade de comprar frigoríficos e manter esses frigoríficos fechados. Só para se ter uma ideia, temos hoje 51% de ociosidade, então não cabe construirmos novos frigoríficos no Estado, mas temos de reabrir essas plantas.
Jornal de Domingo - Como o senhor vê a economia de Campo Grande?
Jaime Verruck - Campo Grande tem um peso estatístico muito grande. Primeiro porque é uma capital com quase 900 mil habitantes, com um foco muito grande em serviço. Campo Grande foi muito prejudicada na última gestão sob o ponto de vista de investimentos. Vários empresários têm interesse em se instalar em Campo Grande. Primeiro porque tinha uma disponibilidade de áreas aqui. Hoje não temos áreas disponíveis. O atual prefeito está fazendo uma reestruturação da Sedec, esses projetos estão na Câmara, mas acho que isso está sendo bem conduzido. Campo Grande então precisa se reposicionar, porque ela tem toda a capacidade para nos ajudar no Estado de MS. Campo Grande é fundamental para ajudar a atrair investimentos, sejam eles na área do turismo, de empresas, porque aqui ficam os executivos, é pra cá que executivos olham para o estudo dos seus filhos. Atraímos a Adm, que é o maior investimento em MS. Mas ao longo desses anos, vários outros empreendedores vieram a Campo Grande, mas não conseguiram se instalar. Mas acho que a prefeitura está no caminho certo.
Jornal de Domingo - O Estado depois da delação da JBS também foi colocado no centro dessa crise política nacional. Isso prejudica a velocidade com que as coisas são analisadas com relação a incentivos fiscais?
Jaime Verruck - É normal que no momento em que temos um processo de denúncia como este, você rapidamente avalie seus processos internos. Estamos tendo de fazer uma reavaliação tanto na Secretaria de Desenvolvimento como de Fazenda. É natural que hoje um processo de incentivo fiscal esteja mais demorado do que estava antes, porque estamos revendo todos os procedimentos para que consigamos dar a clareza e a transparência disso. Acredito que implantados esses novos procedimentos, conseguiremos rapidamente retornar na velocidade que
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