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Situação da Saúde em Campo Grande é caótica e pacientes reclamam

24 junho 2016 - 07h33

Dirce Maria de Azevedo Higa tem 64 anos, é dona de casa e não pode fazer todas as tarefas que a casa exige por conta de sua coluna. Há algum tempo, com dores, descobriu um problema sério nas costas. A coluna, entretanto, não é a maior preocupação de Dirce em relação à sua saúde. Há mais de 11 anos a dona de casa foi diagnosticada com distúrbios na glândula tireóide que acabaram por causar arritmia cardíaca, um distúrbio do ritmo cardíaco que provoca a sensação que seu coração deixou de dar uma batida. Seus problemas de saúde exigem exames periódicos de sangue, urina, e o famoso "check up", além de exames mais complexos como uma ressonância magnética, ainda não feito por Dirce. O motivo? A resposta pode ser resumida em "dinheiro", não apenas pela própria condição de Dirce, que se considera classe baixa, mas também pela falta de verba destinada às Unidades de Pronto Atendimento de Campo Grande. A demora, a falta de medicamentos, médicos e um bom atendimento entram como itens de um grande leque de necessidades que fazem com que a população campo-grandense "elenque" a saúde como o setor mais preocupante da cidade inteira. 

"O Brasil é um país rico que não tem remédio, não tem verba. Agora há pouco tinha uma mulher chorando e vomitando aqui, demoraram muito tempo para atendê-la", fala enquanto aponta para uma cadeira agora vazia da sala da espera da Unidade de Pronto Atendimento da Vila Almeida. "Não tenho condições de pagar os exames que o médico recomendou, daria quase 2 mil reais", reclama. E não é apenas a falta de dinheiro que a incomoda na situação. Segundo a dona de casa, o atendimento médico é precário e os profissionais que a atenderam em nada foram atenciosos. Seu médico, conta ela, certa vez chegou a falar que se a mulher fosse consultada por ele através de seu consultório particular, "aí sim a atenderia bem". À primeira vista, é assustador presenciarmos uma fala de um médico neste nível já que a medicina é, ou ao menos deveria ser, uma profissão honrada e que preza pelo bem-estar humano acima de tudo. Mas quem pode culpar o médico? Os salários pelo SUS são baixos e a valorização dentro do sistema público é quase insignificante. A culpa, entretanto, também não é do paciente. É o descaso governamental.

No mesmo Pronto Atendimento (nem tão "pronto" assim), a cozinheira Lucineide Lima Ribeiro, 44, espera ansiosamente por um diagnóstico preciso que explique as dores no corpo que a impedem de trabalhar há 5 dias. Para ela, a saúde também enfrenta situação caótica dentro da cidade. "Ações como Caravana da Saúde são boas mas e no dia a dia ainda falta muita coisa", disse. Lucineide ainda afirma que todos ao seu redor, família e amigos, reclamam da situação na cidade.

"Pra quem tem dinheiro, a Saúde funciona", disse Marcos Fernando, construtor de 44 anos. Em outra Unidade de Saúde, Marcos concorda com a informação repassada por Dirce de que os médicos não atendem do jeito adequado. "Pelo menos 50% deles nem olham pra você na consulta", alega. Para ele, a principal emergência da cidade é a Saúde, seguida da Segurança, também precária - em sua opinião falta eficácia nos serviços públicos. "Você chama emergência e demora, tudo demora muito", diz.

Já a massoterapeuta, Leonil Rondon, de 45 anos, teve de gastar quase mil reais em exames particulares para sua filha, pela demora na fila de espera. Além disso, teve de pagar consultas com um neuroclínico particular, já que o SUS não oferecia.

O SUS (Sistema Único de Saúde) é referência mundial em sistema público de saúde, serviço que a maioria dos países ainda não possui. O programa federal já foi homenageado e elogiado pelas maiores organizações de saúde do mundo. O caminho para aprimoramento, entretanto, em meio à crise e a decadência de gestão municipal, ainda é longo a ser trilhado.

O MPE (Ministério Público Estadual) recentemente classificou a Saúde do Estado como "caótica", com falta de leitos, medicamentos e profissionais para atender adequadamente a população. Em abril deste ano, o contrato entre a Prefeitura de Campo Grande e a Santa casa venceu, fazendo com que a administração municipal deixasse de repassar recursos ao hospital. Em Audiência na Assembléia Legislativa no início deste mês, o impasse continuava sem resolução, já que a Santa Casa não aceitou a proposta da Prefeitura de diminuição do repasse de verba. Outro ponto levantado pela Santa Casa diz respeito às dívidas em atraso que o município tem com o hospital. "Queremos que o município dê uma solução para essa questão, podendo até ocorrer o pagamento de forma parcelada. Um cronograma nesse sentido, se for o caso, tem de ser estabelecido", destacou Wilson Tesleco, presidente da ABCG. De acordo com Virgílio Gonçalves, superintendente da Secretaria Municipal de Saúde, a proposta de reduzir o valor do repasse em R$ 1,5 milhão é a única que a prefeitura tem condições de cumprir. “A realidade do município não nos permite ampliar o valor do contrato e esse impasse só será solucionado se contarmos com o apoio financeiro do governo do Estado”, disse ele.

 

 

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