Gostaria de, neste triste momento em que mais um trágico acidente com uma barragem da Vale aconteceu, dar um triste depoimento da irresponsabilidade desta empresa que prega uma falsa ideia de empresa ecologicamente correta.
Há uns 7 ou 8 anos atrás, fomos procurados por eles para aplicarmos nossa tecnologia empregando todos os tipos de rejeitos por eles produzidos. Exigiram de nós uma série de cuidados com funcionária, alimentação, EPIs etc. Tivemos que contratar uma empresa de Porto Alegre, a Pro-Ambiente, para laudar os materiais produzidos por nós com aqueles rejeitos. Depois de constatados que eles tornaram inertes e podiam então serem utilizados em construção civil, blocos, telhas, pisos etc, é que começaram a liberar material para nossas pesquisas.
A lama foi o material que deu um resultado mais viável, não que os outros não pudessem ser utilizados. É que a lama tem este problema de armanazamento. Quem for visitar o Morro de Urucun verá uma cobertura de um refeitório com telhas feitas com lama. Algumas casas aqui em Campo Grande também foram executadas com aquele rejeito. Nos prometeram, na época, uma área próxima à unidade deles para montarmos uma unidade fabril utilizando os rejeitos. Para surpresa nossa, depois que eles fecharam a exportação pra China, simplesmente não nos receberam mais. Claro que nos usaram.
A proposta era utilizar todos os refeitos, mais precisamente a lama. Milhares de casas poderiam ser construídas com preços baixos, pois matéria-prima é que não faltaria. Infelizmente, este é o nosso país. O que a Vale gastou com nosso trabalho? Zero.
(*) Anagildes Caetano de Oliveira é engenheiro civil.
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Depoimento da irresponsabilidade da Vale 




