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Opinião

Palácios Sitiados

28 junho 2013 - 00h00Mauri Valentim Riciotti
O povo está nas ruas há duas semanas. O movimento que iniciou com o objetivo de cancelar um aumento de 0,20 centavos no valor da tarifa de ônibus na capital paulista, espalhou-se no Brasil afora. Ganhou consistência e despertou a nação adormecida para tantas outras questões que a aflige e que foram deixadas de lado pelos detentores do poder. Resta evidente que os protestos têm endereço mais explícito na classe política, pois os manifestantes têm repudiado a presença de bandeiras partidárias nas passeatas.

Enganam-se, porém, aqueles que pensam que a ira desse povo dirige-se tão somente aos políticos. Está clara a intenção de que o desejo da maioria é operar mudanças na estrutura do poder político e/ou econômico, que há muito tempo faz o jogo de uma minoria.

Os desmandos são mais visíveis na classe política, que não vem cumprindo as promessas das campanhas eleitorais. Eles, os políticos, praticam um verdadeiro estelionato! Prometem tudo, até o impossível! Ao assumirem seus mandatos, porém, viram a página da eleição e já pensam na próxima, fazendo do mandato uma plataforma para a candidatura futura, atendendo tão somente aos seus interesses e dos financiadores. Ludibriam os eleitores, torrando bilhões em propaganda, artifício que já não provoca o mesmo efeito.

Essa insatisfação da sociedade brasileira com os políticos vem de longe. É na estrutura partidária que o cidadão de bem não se sente representado. Faz figuração! Na direção dos partidos o mando é quase “feudal”. São dominados por oligarcas, que chefiam com mãos de ferro, não permitindo a “oxigenação”. Inibem o surgimento de lideranças preparadas para o exercício dos mandatos. Preferem escolher homens e mulheres desqualificados – salvo as honrosas exceções – porque são facilmente manipuláveis. Com esse comportamento, esses coronéis têm se perpetuado no poder. Mas o povo está dizendo: “basta!”

Por outro lado, não são só os políticos os responsáveis por esse estado de coisas. Outras estruturas de poder também fazem esse jogo. A crise é “de poder”. Portanto, todos eles estão contaminados por essa velha prática. E fora do “Poder Estatal”, também o econômico, não todo, mas principalmente o financeiro e a grande mídia, que teimam ostensivamente em enaltecer – todos – os governos, ganhando muito, mas muito dinheiro com esse comportamento nefasto.

É contra esse sistema perverso que essa maioria, antes silenciosa, agora sai às ruas para gritar. Cansaram desse jogo! Querem também ser protagonistas. A pauta de reivindicações é imensa. Essa marcha em direção aos palácios vai continuar. Órgãos do governo, sedes de parlamentos e de justiça são alvos prioritários, passando por bancos e veículos de comunicação. A verdade é que todos os palácios estão sitiados!

Está faltando pouco para uma porta ser arrombada. A um deslize de uma autoridade, a um gesto de prepotência, sempre presente, na cultura “desses nobres”, uma invasão será iminente. Daí, manifestantes e vândalos - inevitáveis - misturados, sem qualquer controle, irão à forra. A turba provocada, ensandecida, será capaz dos atos mais bárbaros. A história das revoluções conta episódios sangrentos. Evitar esse desfecho vai depender das respostas que os detentores do poder derem a essa maravilhosa multidão, que cansou de ser desprezada.

Mauri Valentim Riciotti - Corregedor-Geral do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul ([email protected]).

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