Trezentos casais foram enganados por um cartório do Rio de Janeiro que realizava falsas uniões. De acordo com a polícia, o local atuava desde 2013 e foi descoberto depois que um casal, que se que acreditava estar oficializando a relação, foi enganado.
Em 2019 no mês de novembro, a proprietária do cartório, Myrian Maria de Souza Rocha Marins, foi presa durante uma operação policial. Ela foi investigada por três meses até ser surpreendida em flagrante.
Segundo a polícia, Myrian agia na sede e em outras filiais do cartório, uma delas fica na Baixada Fluminense. “O cartório enganou a gente dando informações, falando que nós estaríamos casados civilmente, poderia fazer os documentos todos, e acabou que não aconteceu”, lembra o motorista de ônibus Alexandre de Almeida, uma das vítimas.
Alexandre disse ainda que só se deu conta do “falso casamento” quando tentou trocar o nome da esposa e foi informado de que o documento que eles tinham era falso. “Entrei na página deles na internet, foi quando conheci outras pessoas que foram lesadas também e avaliaram a página deles e relataram os golpes. Eles alegam em todas as cerimônias que o casamento deles tem validade civil e religiosa”, explica a técnica de laboratório, Fernanda Novaes.
O casal foi procurou uma delegacia e registrou o caso. Desde então, a polícia descobriu que o falso cartório oferecia serviço de casamento religioso com efeito civil, mas que, na prática, não tinha nenhuma validade.
A dona do cartório, segundo a investigação, faturava de R$ 6 mil por mês só com as falsas uniões. Eram realizados cerca de dez cerimônias por mês.
“Essas vítimas acreditavam que, por um valor menor que um cartório oficial, que é realizado esse ato com um juiz de paz, ele oficializa em nome do estado e a serviço da justiça, os casamentos com efeitos civis”, diz o titular da delegacia de São João de Meriti (64ª DP), Vinícius Domingos.
Na terça-feira (4), agentes da delegacia foram até o cartório e apreenderam vários materiais. Os documentos tinham a firma reconhecida por Myrian, que usava, inclusive, um carimbo com matrícula de juiz de paz.
“O que essa senhora fez foi criar um cartório eclesiástico civil, que não tem validade para os atos civis da vida, então essas pessoas eram enganadas acreditando que pagando a quantia de R$ 600 estavam realizando um casamento com validade civil e, na verdade, não é o que a investigação demonstrou”, afirma o delegado.
Myrian foi presa em flagrante por estelionato, associação criminosa e uso de insígnia ou brasão da república sem autorização. As penas somadas para esses crimes podem chegar a 15 anos.
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