Os gastos de deputados federais com aluguel e fretamento de carros, barcos e aeronaves somaram ao menos R$ 279 milhões entre 2019 e 2025, segundo dados da página de transparência da Câmara dos Deputados. O valor tende a crescer, já que as despesas deste ano ainda não estão totalmente consolidadas no sistema.
Na legislatura atual, iniciada em 2023, os gastos com esse tipo de locação voltaram ao centro do debate após uma operação da Polícia Federal que teve como alvos os deputados Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e Carlos Jordy (PL-RJ). A investigação apura suspeitas de irregularidades no uso da verba pública destinada ao custeio do mandato parlamentar.
De 2019 a 2024, último ano com dados completos, os gastos dos deputados com aluguel de veículos, embarcações e aeronaves cresceram cerca de 18%, já descontada a inflação medida pelo IPCA. Apenas em 2025, até o início desta semana, já haviam sido lançados R$ 40,9 milhões, número considerado parcial, uma vez que os parlamentares têm até 90 dias para registrar despesas.
Esses gastos são custeados por meio da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar, conhecida como “cotão”, que banca despesas como manutenção de escritórios, passagens aéreas e serviços de transporte. O valor mensal da cota varia conforme o estado de origem do deputado, devido às diferenças no custo de deslocamento até Brasília. O menor teto é de R$ 36,6 mil, destinado aos parlamentares do Distrito Federal, enquanto o maior chega a R$ 51,4 mil para os eleitos por Roraima.
O deputado que mais gastou com locações na atual legislatura foi Éder Mauro (PL-PA), com R$ 883,5 mil já declarados. Do total, R$ 540 mil referem-se ao aluguel ou fretamento de embarcações e R$ 343,5 mil à locação de veículos. Em nota, o parlamentar afirmou que utiliza o mesmo carro desde o início do mandato e que os valores são compatíveis com os praticados no mercado. Sobre o uso de barcos, argumentou que o transporte fluvial é essencial no Pará, onde grande parte dos municípios tem acesso predominante por rios.
Dados da Câmara mostram que os quatro deputados com maiores gastos nesse tipo de locação na legislatura atual são do Pará ou do Amazonas, estados marcados por grandes distâncias e infraestrutura fortemente dependente do transporte fluvial.
A investigação da PF aponta que uma empresa de locação contratada pelos deputados do PL teria continuado a receber recursos da cota parlamentar mesmo após ser dissolvida de forma irregular. O inquérito cita ainda transferências financeiras entre uma suposta empresa de fachada e um assessor de Carlos Jordy, o que indicaria possível desvio de recursos. A Procuradoria-Geral da República identificou indícios de conluio para dar aparência de legalidade às operações.
Sóstenes Cavalcante afirmou ser alvo de perseguição política e disse que os cerca de R$ 430 mil encontrados em espécie em um endereço ligado a ele são provenientes da venda de um imóvel. Carlos Jordy classificou a operação como “covarde” e negou irregularidades, alegando que utiliza a mesma empresa de locação desde o início de seu primeiro mandato.
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Plenário da Câmara dos Deputados (Depositphotos)



