Após um longo período de chuvas, o prefeito Nelson Trad Filho dá prosseguimento as obras de recuperação em 650 bairros de Campo Grande e revela que não deixará projetos pela metade
O médico afirma que a cidade já tem empenhados recursos do Governo Federal de quase R$ 200 milhões para dar continuidade ao cronograma de obras e de crescimento da capital.
O chefe do executivo municipal também cobra uma ação mais enérgica da bancada para liberar os recursos e dar andamento as obras já iniciadas.
Ele também revela que não uma discórdia política entre ele e o governador André Puccinelli e que juntos vão escolher o melhor sucessor para o município e para o estado. Veja a entrevista na íntegra:
Jornal de Domingo - Existem muitas reclamações em Campo Grande a respeito de buracos, danos causados pelas chuvas que acarretam em conturbações tanto no trânsito como em vários bairros da cidade. O que a prefeitura fará em relação a isso?
Nelson Trad – Primeiro é bom que se deixe registrado que choveu no mês de março o equivalente a metade do que foi previsto para chover no ano todo. Ou seja, só num mês choveu a metade do que foi previsto para o ano. Em todo lugar que se tem uma pavimentação asfáltica, quando se chove muito, essa pavimentação se deteriora. Nós, em Campo Grande, temos também a particularidade do tempo de uso de pavimentação. Ela é antiga e nós estamos buscando recursos carimbados para poder fazer o seu recapeamento. Todas essas perturbações oriundas como conseqüência de um processo de muita chuva serão resolvidas com programa de lançamento que fizemos na semana passada de recuperação e manutenção da cidade.
Jornal de Domingo – Qual é o tamanho dessa ação de recuperação e concerto dos estragos feitos pela chuva? Quantos homens mobiliza? E em quanto tempo Campo Grande volta a ser o que era antes das chuvas?
Nelson Trad - Nós contabilizamos 650 bairros para se fazer as ações. Estamos dependendo do tipo do bairro, fazendo de dez a 15 bairros por dia. São onze equipes mobilizadas nas seguintes atividades: cascalhamento, patrolamento, tapa-buraco, limpeza de bueiros, pintura de meio fio, limpeza de praças, terrenos, capina, iluminação pública, que envolve 1,5 mil homens. Essa força-tarefa vai percorrer toda a cidade, inclusive a zona rural para que no mais tardar em quatro meses, 120 dias podermos entregar a cidade preparada para o seu aniversário em agosto.
Jornal de Domingo – No ano passado, o senhor elencou o ano de 2011 como o ano da mobilidade urbana com recursos de mais de R$ 56 milhões já empenhados em Brasília e que isso daria um novo alento nas ruas asfaltadas e também o trânsito da cidade seria reordenado. Como está o processo?
Nelson Trad – O programa de mobilidade urbana denominado Pró-transportes já está com o dinheiro depositado e nós já estamos terminando o processo licitatório da grande maioria das linhas de ônibus que serão pavimentadas. Estamos terminando as licitações das placas de sinalização e também dos abrigos cobertos de ponto de ônibus. Com isso vamos dar uma agilidade maior no transporte coletivo proporcionando maior rapidez no ir e vir dessas pessoas. Outra coisa importante para se registrar é que o PAC da Mobilidade Urbana foi lançado pelo Governo Federal e Campo Grande se cadastrou e conseguiu a pré-aprovação de quase R$ 200 milhões em projetos, em Brasília.
Jornal de Domingo – A presidente Dilma Roussef contingenciou recursos que chegam a R$ 50 bilhões, as ações do seu segundo ano de governo também estão ameaçadas com essa situação?
Nelson Trad – Essa é uma boa pergunta porque o contingenciamento, ou seja, o ato de se segurar e não liberar os recursos das emendas parlamentares está prejudicando a nossa Capital. Vou citar um exemplo: um dias desses nós estávamos passando por um protesto organizado pelos moradores do bairro Nashville que fecharam a avenida Guaicurus. O que acontece com esses recursos assim como muitos outros como do: Jardim Panorama, Noroeste, Nascente do Segredo, Tarumã B, Jardim Aero Rancho são recursos provenientes da bancada federal que não estão sendo liberados. Ou seja, a obra que iniciou com uma liberação pequena, mesmo a prefeitura colocando toda a sua contrapartida chega num momento em que ela é obrigada a parar por falta de recursos. Nós precisamos da ação enérgica da bancada federal para poder liberar os recursos e dar prosseguimento nas obras que causam transtorno à população.
Jornal de Domingo – Para resolver essa questão, o senhor fala que é preciso apoio de bancada. O Governo Federal é PT, o senhor acredita que a bancada petista, no ano que está às vésperas de uma eleição municipal vai se mobilizar para o senhor sair forte do governo?
Nelson Trad - Eu penso que a cão que deve se desenvolver deve ser em benefício da cidade. Não sou candidato e vou participar do processo. Eu espero que esse processo vá se deflagrar num momento próprio e oportuno que é na época em que se definirem os candidatos. Até aí, a ação do parlamentar da bancada federal ou do governo do PT tem que ser em benefício da cidade. Porque do contrário vão estar virando as costas, não para mim, prefeito Nelsinho Trad, mas para Campo Grande que é a nossa capital e a população está de olho nisso.
Jornal de Domingo – Sua relação com a Câmara de Vereadores é boa?
Nelson Trad - É muito boa. A Câmara Municipal tem a sua independência nós a respeitamos e temos uma base aliada formada por valorosos vereadores que nunca deixou de nos dar o apoio necessário para o desenvolvimento da cidade.
Jornal de Domingo – Com o passar do tempo, a sua administração e o senhor ficaram sem blindagem. Por exemplo, várias queixas que o senhor tem recebido nos últimos 90 dias poderiam estar sendo respondidas pelos seus secretários, no entanto, o senhor tem tomado a frente dessa situação. Essa estratégia é a correta?
Nelson Trad – Muita gente tem elogiado esse meu posicionamento de que eu não fujo da briga. Eu não fujo do desgaste e nem dos problemas. Prefiro enfrentá-los porque sei da minha responsabilidade e ninguém melhor do que eu, sabe das suas soluções. O que aconteceu no início desse ano foi algo totalmente atípico, eu não tenho um guarda chuva ou um toldo para poder cobrir a cidade toda e evitar que os danos causados pela chuva pudessem acontecer. Eu não tenho como deixar de evitar que entre dentro da Santa Casa o doente grave do trauma que leva a questão da superlotação. Eu não tenho como fazer com que situações de proliferação da dengue no nosso município, que muita das vezes a própria culpa recai sobre a população que não faz o seu dever de casa, de evitar que se avance essa determinada doença. Então, todos esses assuntos que acabaram por gerar desgastes, eu fui para a televisão e enfrentei. Fui para os jornais e dei as entrevistas. Porque entendo que a responsabilidade de administrar a cidade é minha e a população gosta de ver, o seu prefeito, o seu gerente indo a frente e dando as explicações para que a normalidade volte a se restabelecer.
Jornal de Domingo – O governador André Puccinelli dá sinais que ora o senhor pode ser seu sucessor, ora outros correligionários como a vice-governadora Simone Tebet. Isso é um jogo? A sua relação com ele é pendular, vai e volta?
Nelson Trad - Quem apostar numa briga entre André Puccinelli e Nelsinho Trad vai perder. Nós temos uma relação muito franca, sem fazer jogo um com o outro que fez com que criador e criatura chegassem até esse momento sem nenhuma briga, sem nenhuma discórdia. Há um respeito mútuo entre ele e eu e entre eu e ele. E, nós já combinamos que vamos escolher juntos, o sucessor da nossa gestão para nos fortalecer, a mim e a ele e, facilitar as coisas, em 2014.
Jornal de Domingo – O deputado federal Luís Henrique Mandeta é o seu candidato?
Nelson Trad – O meu candidato vai sair das pesquisas e de um consenso das forças políticas que fazem parte do nosso grupo.
Jornal de Domingo – O deputado federal Edson Giroto é do PR, o deputado Mandeta é do DEM, nenhum dos dois é do PMDB. A questão partidária ficou em segundo plano em função de projetos políticos pessoais tanto do governador que quer ser senador quanto do prefeito que quer ser governador?
Nelson Trad – Não. Não vejo assim. Até porque dentro do PMDB nós temos três excelentes nomes: o presidente da Câmara Paulo Siufi, o vice-prefeito Edil Albuquerque, e o secretário de Habitação e deputado estadual licenciado Carlos Marun. Pelas pesquisas internas de consumo estão no mesmo nível que esses outros dois citados na pergunta. E, digo a você que existem outros candidatos que fazem parte desse jogo sucessório que vão emprestar o seu nome para nós fazermos a análise qualitativa e, a partir daí, ver qual que melhor se encaixa no perfil que a população está querendo como próximo prefeito de Campo Grande.
Jornal de Domingo – O senhor está há praticamente seis anos e meio no comando de Campo Grande. Qual é a sua maior ação elencada nesse espaço de tempo?
Nelson Trad – A principal ação que nós conseguimos implementar foi a sequência construtiva que demos a administração anterior que sucedemos. Esse foi o principal desafio. Essa foi a principal dúvida que muitas pessoas tinham. Se nós íamos dar conta de manter o ritmo da administração anterior do então prefeito André Puccinelli. A gente conseguiu e implantou transformações profundas na cidade que cada vez que as obras são inauguradas, as mudanças também são constatadas pela população.
Jornal de Domingo – Os estragos causados pelas chuvas, eles vão causar interrupção nessa sequência de desenvolvimento?
Nelson Trad – Eles vão causar retardo, mas não interrupção. Foram 40 dias de chuva intermitentes, vamos ter atraso em algumas obras. Porém nenhuma delas ficará a terminar. Os projetos grandes como: PAC 2 que está por vir, PAC da Mobilidade Urbana, PAC das Cidades Históricas que porventura não der para nós terminarmos, nós iremos com a mesma tranqüilidade que recebemos alguns projetos dessa natureza da administração anterior, passar para o sucessor a fim de que ele possa terminar. Eu cito como exemplo: o projeto Bandeira que nós pegamos ele sem terminar, damos sequência a obra, terminamos e entregamos a população.
Jornal de Domingo – Um fato que marcou a todos, foi a nossa derrota nas prévias para sediar a Copa do Mundo em 2014, onde nós erramos?
Nelson Trad – Nós erramos de não ter feito um contato com João Havelange [ex-presidente da Fifa], esse foi o fator decisivo que levou a Copa para Cuiabá (MT). Segundo as informações que nós soubemos lá de dentro, ele teria feito dois pedidos: um para que a Amazônia não ficasse de fora e o outro que a Copa no Pantanal fosse em Cuiabá. Como nós não fizemos contato com ele, aí foi a nossa falha.
Jornal de Domingo – Nesses 19 meses que faltam para terminar seu mandato, qual será sua grande meta nesse tempo?
Nelson Trad – Terminar tudo aquilo que nós inventamos. Ou seja, há uma expectativa da população de ver logo. A Via Morena concluída, a Orla Ferroviária concluída, o projeto do PAC Lagoa concluído, as obras de asfalto que vamos fazer nos corredores de transporte coletivo, a sequencia do PAC 2, como a urbanização do fundo de vale dos córregos: Bálsamo e do Lageado e o PAC da Mobilidade Urbana. Esse é nosso grande sonho e também o grande desafio de dar continuidade a melhora na mobilidade do transporte coletivo em Campo Grande.
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