A Câmara de Vereadores de Campo Grande aprovou nesta quinta-feira (1º), em segunda e última votação, projeto de lei que proíbe a venda de guloseimas nas escolas públicas e particulares da cidade, com o objetivo de garantir uma alimentação mais saudável para os estudantes. A proposta estava sendo analisada há mais de um ano e segue agora para sanção do prefeito da capital.
O projeto estabelece normas para a comercialização de alimentos nas cantinas escolares. Se sancionada, a lei vai proibir a comercialização nestes locais de salgadinhos industrializados, balas, pirulitos, gomas de mascar, biscoito recheados, refrigerantes, sucos artificiais, frituras em geral, pipoca industrializada e alimentos em que o percentual de gordura saturada ultrapasse dez por cento das calorias totais, além de alimentos preparados com gordura vegetal.
Estudantes do curso de Nutrição acompanharam a votação do projeto no plenário da Câmara com cartazes em que defendiam uma mudança urgente nos hábitos alimentares das crianças e adolescentes. "Se alimentando bem nós criamos uma resistência maior. Então temos que defender uma alimentação melhor. É a nossa vida, a nossa saúde", disse a acadêmica Aline Cristina.
Profissionais da área, como a nutricionista Lidiane Britts, também defenderam a proposta. "O problema é que a oferta das guloseimas é muito maior que a oferta dos alimentos saudáveis e isso está estimulando o consumo alimentar dessas crianças. Essas crianças estão ganhando peso e como consequência estamos tendo adultos muito mais doentes", avaliou.
Após mais de três horas de discussão sobre o projeto, a proposta foi aprovada. Dos 21 vereadores da Câmara, 17 estavam presentes e 14 votaram a favor da proibição da venda de guloseimas nas cantinas escolares da capital.
O vereador Clemêncio Ribeiro (PMDB), presidente da Comissão de Indústria, Comércio, Agropecuária e Turismo, votou contra o projeto e justificou sua posição dizendo que a proposta mereceria um debate mais aprofundado. "Acho que deveria ser realizada uma audiência pública para que tivéssemos chance de ouvir os dois lados neste assunto".
Em contrapartida, o vereador Cristóvão Silveira (PSDB), que é o autor do projeto, defendeu a proibição. "As cantinas que vendem alimentos para as crianças precisam estar sintonizadas com a cultura da saúde que é ensinada nas salas de aula. Não pode, na sala se ensinar uma coisa, a merenda escolar ser de um jeito e a cantina estar totalmente ao contrário", conclui.
a proprietária da cantina da escola estadual Joaquim Murtinho, Shosaine Alves da Silva, não concorda com a medida e enfatiza que, se o projeto virar lei, vai prejudicar as vendas. "Independente disso, a educação alimentar tem que vir de casa, pois esses tipos de alimentos tem na rua ou no mercado. Se a pessoa tem o entendimento, ela não vai consumir, independente de vender ou não na cantina." Shosaine disse ainda que a medida terá impacto na alimentação dos estudantes. "Muitos dos alunos de escolas públicas não têm condições de consumir alguns dos alimentos propostos [na lei], pois produtos como suco e sanduíche natural, por exemplo, são mais caros." Arlan Oliveira de Souza é dono de uma lanchonete em uma escola particular no centro de Campo Grande e disse ao G1 que a medida é bem-vinda. "Tudo que vem para beneficiar a saúde, é bem-vindo." Porém, ele alerta para a educação alimentar dos estudantes. "É válido [o projeto] se conscientizasse todos os pais que essa é a alimentação correta."
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