Em solenidade no Palácio do Planalto, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, instalou na quinta-feira (23) a Comissão Nacional do G20 (grupo de países que reúne as vinte maiores economias do mundo) e destacou o caráter histórico da oportunidade para o Brasil.
O presidente adiantou que é o momento para que a pauta do combate às desigualdades, à fome e à pobreza seja levada para a discussão com os principais líderes do planeta. "Não é mais humanamente explicável o mundo tão rico, com tanto dinheiro atravessando o Atlântico, e a gente ter tanta gente ainda passando fome", pontuou.
A mudança climática também foi abordada pelo presidente como mais uma das prioridades do país na liderança do G20. “A transição energética se apresenta para o Brasil como a oportunidade que não tivemos no Século 20: de termos a possibilidade de mostrar ao mundo que quem quiser utilizar energia verde para produzir aquilo que é necessário para a humanidade encontrará no Brasil”, disse. “O Brasil é o porto seguro para que as pessoas possam vir, fazer investimentos e fazer com que esse país se transforme em um país definitivamente desenvolvido”, completou.
Outro tema citado pelo presidente é a necessidade de mudanças no sistema de governança global e na forma de entender as reais necessidades econômicas dos países em desenvolvimento. "Não é possível que as instituições de Bretton Woods, do Banco Mundial, FMI e tantas outras instituições financeiras continuem funcionando como se nada estivesse acontecendo no mundo, como se estivesse tudo resolvido", disse.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, destacou que a Presidência do G20 é uma oportunidade para o Brasil se projetar como referência mundial no desenvolvimento econômico sustentável e com compromisso social.
“Será uma ocasião ímpar para projetar uma imagem renovada do Brasil e apresentar uma visão de liderança em termos de cooperação internacional e no debate das grandes questões econômicas e sociais", declarou.
O Ministério das Relações Exteriores vai coordenar a trilha de sherpas do G20, a instância que se encarrega de organizar e facilitar as atividades de 15 grupos de trabalho, envolvendo os mais variados setores, como Meio Ambiente, Agricultura, Educação, Energia, Saúde, Empoderamento Feminino, Comércio, Investimento, Tecnologia e Inovação e outros.
A ampliação da participação social nos processos de decisão do G20 é outro compromisso assumido pela Presidência brasileira no grupo.
A intenção é que o G20 Social garanta espaço para diferentes vozes, lutas e reivindicações das populações das vinte maiores economias do mundo. Também vai coordenar as atividades de doze grupos de engajamento e diversas outras iniciativas não governamentais que envolvam as sociedades de todos os países do G20.
O Governo Federal terá duas forças-tarefas para trabalhar soluções para o combate à fome e a desigualdade e para tratar da mudança do clima. Além disso, outros eixos serão levados para o debate, com destaque para iniciativas de incentivo à bioeconomia e um grupo de trabalho para tratar sobre a pauta de empoderamento feminino.
Calendário
No dia 11 de dezembro, têm início as trilhas de sherpas e de finanças em Brasília-DF. Serão negociadas declarações e outros atos a serem adotados pelos líderes do G20 na Cúpula do Rio de Janeiro, em novembro de 2024.
O calendário geral da Presidência brasileira do G20 prevê ainda três fases. A primeira é uma reunião por videoconferência nos meses de janeiro e fevereiro, abrangendo todos os quinze grupos de trabalho. Em uma segunda fase, vão ocorrer reuniões técnicas e presenciais, entre março e junho, em diversas cidades e regiões brasileiras. A terceira fase trata de reuniões ministeriais, presenciais, igualmente distribuídas pelo país nos meses de agosto a outubro.
A sequência de reuniões tem como objetivo preparar para a Cúpula do Rio de Janeiro, nos dias 18 e 19 de novembro de 2024. "Se o ano de 2023 marcou o retorno do Brasil ao mundo, o ano de 2024 será o ano em que o mundo voltará ao Brasil", resumiu Mauro Vieira.
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