A Polícia Federal (PF) investiga se gestores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) foram omissos e, assim, não identificaram o suposto desvio de pelo menos R$ 7,3 milhões que a instituição deveria destinar a beneficiários de bolsas de estudo e pesquisa ou se estavam envolvidos com o esquema e, por isso, não denunciaram a fraude.
No último dia 15, quando foi deflagrada a primeira fase da chamada Operação Research, o chefe da delegacia de Combate à Corrupção e Crimes Financeiros, Felipe Eduardo Hideo Hayashi, declarou que os investigadores estavam “estarrecidos, chocados, com a grosseira fraude desvelada na Universidade Federal do Paraná”.
Hoje (3), as autoridades policiais voltaram a destacar que as “fraudes” na concessão das bolsas eram “grosseiras”, evidenciando falhas nos controles de processos internos da universidade e reforçando a necessidade de investigar o comportamento de outros servidores da instituição além dos já sob suspeita. Há indícios de fraudes na concessão de bolsas desde 2008 e suspeita de que outras espécies de desvios possam ter ocorrido.
“A falha no controle interno diante de uma fraude grosseira como esta pode implicar uma responsabilidade por omissão dos gestores da universidade, mas isso ainda está sendo apurado. Estamos verificando se eles tinham conhecimento ou se houve algum tipo de negligência na conduta deles”, declarou Hayashi, durante entrevista coletiva sobre a segunda fase da Operação Research, deflagrada esta manhã.
Ele acrescentou que os reitores e servidores já ouvidos negam conhecimento dos desfalques.
Cinco pessoas foram presas hoje, em caráter temporário. Entre os detidos está uma servidora aposentada da universidade federal, sua filha e seu genro. A PF não confirmou o nome da funcionária. Também foram detidas esta manhã duas filhas da ex-secretária administrativa Tânia Márcia Catapan, detida durante a primeira fase da operação, deflagrada no último dia 15, junto com a servidora Conceição Abadia de Abreu Mendonça.
No total, 19 mandados judiciais estão sendo cumpridos hoje em Curitiba, Campo Grande, Sorocaba (SP) e Erechim (RS), sendo seis de busca e apreensão; cinco de prisão temporária e oito de condução coercitiva (quando a pessoa é levada a uma delegacia para prestar depoimento e liberada em seguida). Durante a primeira fase, no mês passado, 27 pessoas, além de Tânia Márcia e Conceição Abadia, já tinham sido detidas.
Segundo o delegado Felipe Hayashi, a participação de parentes das três servidoras da UFPR que estão presas no esquema criminoso revela a existência de, pelo menos, três núcleos familiares no cerne da fraude.
De acordo com a PF, pessoas aliciadas pelo grupo se passavam por beneficiários das bolsas de estudo e pesquisa, recebiam em suas contas-correntes os valores pagos indevidamente e, por fim, devolviam parte do valor às servidoras ou a seus familiares. Ao menos 30 “laranjas” já foram identificados. Os investigadores acreditam que todos tinham consciência de participar de algo ilícito e receberam algum favorecimento financeiro em troca.
Em nota, a UFPR reiterou seu compromisso com o esclarecimento dos fatos e que está confiante de que as responsabilidades serão devidamente apuradas “resguardando as garantias e os direitos individuais previstos na Constituição, como o direito de defesa e a presunção de inocência”. A instituição diz ter interesse no rápido esclarecimento para que “a verba desviada retorne o mais rápido possível ao erário”.
A universidade diz apurar as suspeitas de irregularidades desde dezembro de 2016, quando a própria instituição afirma ter denunciado o caso à PF. Tânia Márcia Catapan e Conceição Abadia de Abreu Mendonça, as duas servidoras presas em fevereiro, já estavam suspensas de suas funções, por determinação do atual reitor, Ricardo Marcelo Fonseca, que determinou a abertura de sindicância em dezembro de 2016, quando afirma ter tomado conhecimento das suspeitas.
A apuração das suspeitas contam com a colaboração da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Tribunal de Contas da União (TCU).
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