Dólar opera próximo da estabilidade em meio a cautela

Via Terra

O dólar opera próximo da estabilidade nesta terça-feira (23), oscilando entre os patamares positivo e negativo, em meio a investidores cautelosos com a valorização dos preços do petróleo e as preocupações com a política brasileira.

Depois de saltar até 7% na segunda-feira (22) com especulações de queda da produção de petróleo não convencional nos Estados Unidos, os preços do barril recuaram mais de 2% nesta manhã com preocupações de que qualquer corte na produção norte-americana pode ser compensada pelo aumento da produção no Irã.

Diante disso, as bolsas chinesas encerraram em queda, em um movimento também de realização de lucros após alta de 2% no pregão anterior. As bolsas europeias recuam e os índices futuros norte-americanos operam perto da estabilidade, com investidores de olho no mercado de commodities e à espera de números da economia dos Estados Unidos.

Na agenda, destaque para o indicador que mede a confiança do consumidor norte-americano, que será publicado às 12h (horário de Brasília). No mesmo horário também serão conhecidos o índice de atividade do Fed de Richmond e o índice de vendas de casas existentes.

No ambiente doméstico, permanece a tensão política agravada pela mais recente etapa da Operação Lava Jato, que se aproxima cada vez mais do Planalto com o mandado de prisão do marqueteiro do PT, João Santana.

Cientistas políticos ouvidos por O Financista afirmam que o novo capítulo das investigações volta a colocar lenha na fogueira das discussões do impeachment. Tanto é que os partidos de oposição já incluíram na pauta desta terça-feira uma reunião para repercutir a operação deflagrada pela Polícia Federal.

Parlamentares da oposição estariam se articulando para utilizar as novas investigações para aumentar a pressão sobre o TSE(Tribunal Superior Eleitoral), que analisa um pedido de impugnação da campanha de Dilma Rousseff e Michel Temer em 2014.

Segundo Roberto Romano, professor de Ética da Unicamp, a situação da petista deve ficar bastante complicada, “dada a ligação umbilical de Santana com as suas campanhas (2010 e 2014) e a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2006”.

O efeito mais importante do mandato de prisão de Santana é que ele pode estabelecer um elo entre o dinheiro desviado da Petrobras e a campanha de Dilma. Neste contexto, o Ibovespa deve apagar parte dos ganhos do último pregão, quando o avanço superou 4%. O dólar, que caiu quase 2%, também deve devolver parte das perdas.

“No campo político, o mercado gostou da prisão do marqueteiro João Santana, porque pode reacender as chances, de que a presidente Dilma possa ser cassada via TSE”, afirma Ricardo Gomes Da Silva, superintendente de câmbio da Correparti Corretora.

Neste cenário, o dólar à vista tinha leve alta de 016%, cotado a R$ 3,9513.

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