Naquela época, o mínimo foi definido em R$ 64,79. Hoje, está em R$ 724, o que significa uma alta de R$ 1.017% no período. Enquanto isso, o indicador oficial de inflação (IPCA, Índice de preços ao Consumidor Amplo) subiu 362%. O resultado foi um aumento real de 142% no salário mínimo.
Caso tivesse sido apenas corrigido pelo IPCA ao longo desses anos, o mínimo hoje estaria em R$ 299.
O gráfico acima mostra a evolução do salário mínimo nominal e como ele estaria de fosse reajustado pelo índice oficial de preços a cada ano.
Para tornar as coisas um pouco menos abstratas, podemos recorrer à pesquisa da cesta básica do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
Segundo a instituição, a cesta básica custava R$ 67,40 na cidade de São Paulo em julho de 1994. Hoje, está R$ 354,63.
Isso quer dizer que quem ganhava o salário mínimo naquela época conseguia comprar, no máximo, uma cesta básica. Hoje, quem recebe o mínimo adquire duas cestas.
Índice de inflação
Os índices de inflação do setor privado trazem números muito próximos aos dos indicadores oficiais. O IPC-DI, por exemplo, é um índice de preços ao consumidor da Fundação Getulio Vargas (FGV) que registrou uma alta de 6,5% nos últimos 12 meses, exatamente o mesmo número apresentado pelo IPCA, do governo. Já o IGP-M, também da FGV, marcou 6,2%. Ainda, o IPC da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisa Econômica), entidade ligada à USP, registrou alta de 5,07% em São Paulo. No ICV, do Dieese, o aumento do custo de vida foi de 6,2%.
Situação bem diferente acontece na Argentina, onde os índices calculados pelo setor privado dão um resultado duas ou até três vezes maior do que os números oficiais.
Relatórios de bancos citam abundantemente números do IBGE. Análises econômicas que grandes instituições financeiras oferecem aos seus clientes para ajudá-los a decidir onde investir. Ou seja, antes aplicar seus milhões, investidores olham para dados do governo, entre outros. Essas pessoas não são ingênuas e não tomariam uma decisão de investimento com base em estatísticas que não fossem confiáveis.
É possível checar os números. No caso do Dieese, que foi citado aqui, é mais fácil porque ele divulga o preço dos produtos encontrados.
Por exemplo, o instituto diz que a carne em São Paulo está R$ 19,61 o quilo. Para a pesquisa da cesta básica, o valor usado é a média entre o coxão mole e outros dois cortes de preço parecido. Pois bem, fazendo uma busca por "coxão mole" rapidamente no site do Pão de Açúcar, vê-se que o quilo está R$ 18,99 – mais barato, portanto, do que o apontado pelo Dieese.
Já o leite longa vida integral está R$ 3,14 em São Paulo, segundo o Dieese. No site do Pão de Açúcar, a marca mais barata (Parmalat) sai por R$ 2,85, e a mais cara (Ninho Nestlé), por R$ 3,95. O número do Dieese, desse modo, está dentro da faixa. Outro exemplo: o feijão carioca está R$ 4,01 o quilo, de acordo com a pesquisa. No Pão de Açúcar, está R$ 3,55 o mais barato (Qualitá) e R$ 4,79 o mais caro (Broto Legal).
Enfim, não é tão difícil checar se os índices de inflação estão corretos, mas dá trabalho. É preciso ir aos supermercados, por exemplo, no próximo 1º de agosto e anotar o preço de todos os itens que são pesquisados pelos institutos (no caso do IBGE, a lista está aqui). Depois, é só voltar aos mesmos estabelecimentos no dia 1º dos meses seguintes e ver qual foi a variação. Quanto mais mercados a pessoa visitar, e quanto mais espalhados eles estiverem, mais consistência os dados terão.Reportar Erro
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(Gráfico: reprodução/Uol) 



