O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mandou nesta quarta-feira (9) uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A nova taxa deverá entrar em vigor em 1º de agosto.
A medida, segundo o republicano, será formalizada até esta quinta-feira (10) e inclui cartas enviadas a diversos parceiros comerciais.
O Brasil é citado diretamente pelo presidente norte-americano: "O Brasil, por exemplo, não tem sido bom conosco, nada bom", afirmou durante um evento na Casa Branca com líderes da África Ocidental.
Com a nova rodada de notificações, ao menos 21 países já foram informados sobre as tarifas que entrarão em vigor a partir de 1º de agosto de 2025, com alíquotas que variam entre 25% e 40%.
Os percentuais dependem de cada país e produto, segundo Trump. Entre os já notificados nesta segunda etapa estão Argélia, Filipinas, Brunei, Líbia, Iraque, Moldávia e Sri Lanka.
A nova ofensiva comercial também mira diretamente o Brics grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul , que Trump acusa de tentar minar a hegemonia do dólar como moeda padrão global.
Segundo o presidente norte-americano, os países do bloco "muito em breve" passarão a pagar uma tarifa automática de 10% sobre exportações aos EUA. "Se eles quiserem jogar esse jogo, tudo bem, mas eu também sei jogar", declarou.
Em resposta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu a soberania dos países do Brics. "Não aceitamos intromissão de quem quer que seja. Nós defendemos o multilateralismo", afirmou.
A justificativa de Trump para o aumento de tarifas ao Brasil e aos demais países se baseia, segundo ele, em "fatos muito substanciais" e "histórico anterior de desequilíbrios comerciais". Trump também citou Jair Bolsonaro e disse ser "uma vergonha internacional" o julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (STF).
As medidas também são vistas como uma forma de pressionar por acordos comerciais mais favoráveis aos EUA, em meio à retomada da guerra comercial que marcou seu mandato anterior. A medida se soma a um decreto assinado por Trump na segunda-feira (7), que oficializou o início das cobranças para 1º de agosto de 2025, sem possibilidade de prorrogação.
Veja a nota na íntegra enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva:
9 de julho de 2025
Sua Excelência
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República Federativa do Brasil
Brasília
Prezado Sr. Presidente:
Conheci e tratei com o ex-Presidente Jair Bolsonaro, e o respeitei muito, assim como a maioria dos outros líderes de países. A forma como o Brasil tem tratado o ex-Presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma Caça às Bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!
Em parte devido aos ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos (como demonstrado recentemente pelo Supremo Tribunal Federal do Brasil, que emitiu centenas de ordens de censura SECRETAS e ILEGAIS a plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com multas de milhões de dólares e expulsão do mercado de mídia social brasileiro), a partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Brasil uma tarifa de 50% sobre todas e quaisquer exportações brasileiras enviadas para os Estados Unidos, separada de todas as tarifas setoriais existentes. Mercadorias transbordadas para tentar evitar essa tarifa de 50% estarão sujeitas a essa tarifa mais alta.
Além disso, tivemos anos para discutir nosso relacionamento comercial com o Brasil e concluímos que precisamos nos afastar da longa e muito injusta relação comercial gerada pelas tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil. Nosso relacionamento, infelizmente, tem estado longe de ser recíproco.
Por favor, entenda que os 50% são muito menos do que seria necessário para termos igualdade de condições em nosso comércio com seu país. E é necessário ter isso para corrigir as graves injustiças do sistema atual. Como o senhor sabe, não haverá tarifa se o Brasil, ou empresas dentro do seu país, decidirem construir ou fabricar produtos dentro dos Estados Unidos e, de fato, faremos tudo o possível para aprovar rapidamente, de forma profissional e rotineira — em outras palavras, em questão de semanas.
Se por qualquer razão o senhor decidir aumentar suas tarifas, qualquer que seja o valor escolhido, ele será adicionado aos 50% que cobraremos. Por favor, entenda que essas tarifas são necessárias para corrigir os muitos anos de tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil, que causaram esses déficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos. Esse déficit é uma grande ameaça à nossa economia e, de fato, à nossa segurança nacional!
Além disso, devido aos ataques contínuos do Brasil às atividades comerciais digitais de empresas americanas, bem como outras práticas comerciais desleais, estou instruindo o Representante de Comércio dos Estados Unidos, Jamieson Greer, a iniciar imediatamente uma investigação da Seção 301 sobre o Brasil.
Se o senhor desejar abrir seus mercados comerciais, até agora fechados, para os Estados Unidos e eliminar suas tarifas, políticas não tarifárias e barreiras comerciais, nós poderemos, talvez, considerar um ajuste nesta carta. Essas tarifas podem ser modificadas, para cima ou para baixo, dependendo do relacionamento com seu país. O senhor nunca ficará decepcionado com os Estados Unidos da América.
Muito obrigado por sua atenção a este assunto!
Com os melhores votos, sou,
Atenciosamente,
DONALD J. TRUMP
PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
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Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (REUTERS)



