Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificaram a presença de mercúrio em aproximadamente 300 indígenas de nove aldeias da Terra Yanomami, em Roraima, incluindo crianças e idosos, decorrente do garimpo ilegal dentro das terras protegidas.
Os dados são de uma pesquisa realizada pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), com o apoio do Instituto Socioambiental (ISA).
O médico e pesquisador da Ensp/Fiocruz Paulo Basta, coordenador do estudo, explica que essa contaminação pode resultar no adoecimento de crianças que vivem na região. “Esse cenário de vulnerabilidade aumenta exponencialmente o risco de adoecimento das crianças que vivem na região e, potencialmente, pode favorecer o surgimento de manifestações clínicas mais severas relacionadas à exposição crônica ao mercúrio, principalmente nos menores de 5 anos”, explicou.
Das amostras coletadas, 84% registraram níveis de contaminação por mercúrio acima de 2,0 µg/g, enquanto outros 10,8% ficaram acima de 6,0 µg/g, o que é considerado alto. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), níveis acima de 6 microgramas de mercúrio por grama de cabelo (μg/g-1 ) podem trazer sérias consequências à saúde.
Os pesquisadores da Fiocruz apontaram que os indígenas com níveis mais elevados de mercúrio apresentaram déficits cognitivos e danos em nervos nas mãos, braços, pés e pernas
O vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami (HAY), Dário Vitório Kopenawa, aponta para a necessidade de os garimpeiros deixarem a Terra Yanomami. “O garimpo é o maior mal que temos hoje na Terra Yanomami. É necessário e urgente a desintrusão, a saída desses invasores. Se o garimpo permanece, permanece também a contaminação, devastação, doenças como malária e desnutrição e isso é o resultado dessa pesquisa, é a prova concreta!”, afirmou.
“Não é a primeira vez que a Fiocruz faz uma pesquisa na terra Yanomami e que comprova que os nossos parentes estão contaminados pelo mercúrio. Isso é muito grave! As nossas crianças estão nascendo doentes. As mulheres estão doentes, os nossos velhos estão doentes! O nosso povo está morrendo por causa do garimpo”, completou Kopenawa.
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