O Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, o Segurança Máxima da Capital, iniciou há quase dois meses um ateliê de artesanato onde os internos desenvolvem trabalhos com pintura de telas, peças em argila, escultura entalhada em madeira, materiais em couro e em chapa de aço, pirografia, desenho artístico (retrato em grafite e carvão), entre outros.
Quatro internos atuam nessa oficina. No momento, as peças são confeccionadas, geralmente, por encomenda. E o que é arrecadado é revertido em prol dos artesãos e do trabalho na oficina, representando mais uma ocupação produtiva aos custodiados da Máxima e utilizando a arte como meio de ressocialização.
“Buscamos o resgate da dignidade dessas pessoas, da autoestima, sendo uma maneira de possibilitar que esses internos exercitem os dons artísticos e se sintam capazes de atuarem como profissionais lá fora também”, destaca o responsável pelo Setor de Artesanato na unidade prisional, agente penitenciário Edson Sobrinho.
“Hoje sei o valor do meu dom. Dentro do presídio recebi reconhecimento pelo que eu sei fazer, e isso é muito gratificante, me dá expectativa de voltar a trabalhar dignamente”, afirma o interno Yuri Ramirez, 35 anos, que na oficina de arte da unidade prisional realiza trabalhos de pintura em tela e desenho artístico.
Gilton Nunes Rodrigues, 37 anos – dos quais dez deles vividos atrás das grades e, desses, três na Máxima da Capital – vê na arte de criar peças que embelezam ambientes uma oportunidade para recomeçar. Responsável pela produção do brasão institucional que enfeita a entrada do presídio, o detento produz esculturas em aço e argila. Ele afirma que na oficina está aprendendo várias coisas. “No dia a dia, a gente ensina um ao outro novas técnicas e vai se aperfeiçoando”, frisa.
Muito empolgado com a oportunidade oferecida no estabelecimento penal, o detento Flávio Moreira Martins, 35 anos, garante que também quer fazer do artesanato seu meio de ganhar o sustento da família quando conquistar a liberdade, sem precisar “correr os riscos” que a vida no mundo crime acomete. Trabalhando principalmente com escultura em argila e entalhe de madeiras, ele ressalta que vem buscando “a perfeição” em suas peças. “Eu já sabia fazer, mas agora descobri que, de verdade, sou profissional. As pessoas me elogiam e eu vejo que sou capaz, que sou bom e que posso até ensinar outros presos, servir de referência. O que faltava pra mim era incentivo e eu encontrei aqui”, comenta.
Agnaldo Ramão, 34 anos, revela que já foi um profissional respeitado na cidade, inclusive tendo decorado casas noturnas locais, mas acabou perdendo a luta contra a dependência química, e se jogou na criminalidade. No estabelecimento prisional, ele alia as várias horas que passa no ateliê se dedicando à pirografia (ele faz desenhos em peças de couro) à vontade de superar o vício para ter uma vida diferente. Segundo ele, fazer artesanato também o protege das más influências de outros presos que “não querem aproveitar as oportunidades oferecidas no presídio”.
De acordo com o diretor do presídio, João Bosco Correia, a ideia é, em breve, transformar o espaço em uma oficina permanente de capacitação dos internos. Mas, no momento, um dos desafios a serem superados é conseguir dar uma melhor exposição e venda das peças. “Estamos buscando parcerias para expor esses materiais e até mesmo poder comercializá-los”, informa.
Outros trabalhos
Paralelamente a esses trabalhos, no setor de artesanato também são feitas peças em barbantes crus. A ação iniciou no final do ano passado, com o desenvolvimento na penitenciária do projeto “Artesania”, da FCMS, através do qual os internos receberam capacitação para a confecção dos materiais e foram credenciados como artesãos profissionais. Após o curso, foi criado um “núcleo produtivo de artesanato”, no qual detentos cadastrados produzem os materiais nas próprias celas. Essas peças são selecionadas e vendidas na Casa do Artesão de Campo Grande.
No Presídio de Segurança Máxima são realizadas, ainda, produção de móveis, reforma de estofados, produção de bolsas, caçambas, entre outros. Conforme a direção, a intenção é, em breve, implantar também trabalhos de bordado.
Serviço
O Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho está localizado na rua Indianápolis, S/N, no complexo Penitenciário do Bairro Jardim Noroeste. As pessoas ou instituições interessadas em conhecer ou mesmo adquirir as peças artesanais podem entrar em contato pelo telefone: (67) 3901-1432.
Via Notícias MS
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