Um esforço conjunto de moradores, poder público, organizações do meio-ambiente e empresas privadas resultou no ressurgimento da ave símbolo do Pantanal, os tuiuiús, após queimadas de 2020 que destruiu 4,5 milhões de hectares do bioma.
Em um ponto da BR-262 no caminho para a cidade de Corumbá, um ipê alto e imponente servia de morada para um ninho de tuiuiús, no entanto, em 2020, uma série enorme de queimadas destruiu a vegetação e desalojou a fauna pantaneira, inclusive acertou em cheio uma das mais famosas casas dos tuiuiús.
Por ser tão famoso, o ninho e o ipê eram pontos turísticos da região, tombados como patrimônio histórico do município. A destruição de toda essa área pelo fogo deixou os tuiuiús sem ninho e os moradores locais desolados. As queimadas de 2020 tiveram números sem precedentes. Em meio a essa crise, foi criado um comitê de prevenções de queimadas, com coordenação do governo do estado do Mato Grosso do Sul e participação da Energisa, que se mantém até hoje.
Uma dessas ações contou com a ajuda de Rodolfo Pinheiro, gerente de construção e manutenção na Energisa Mato Grosso do Sul, e trouxe de volta a ave-símbolo do Pantanal para uma paisagem conhecida. Nascido em Corumbá, Rodolfo viu o famoso ninho dos tuiuiús ainda criança e não poderia imaginar que faria parte do time que traria as aves de volta.
A ideia de criar um ninho artificial veio através do pesquisador Walfrido Tomás, da Embrapa Pantanal, e da pesquisadora Neiva Guedes, do Instituto Arara Azul, e para concretizar a ideia precisariam da tecnologia de construção de altas torres e de estruturas metálicas, que poderiam colocar o ninho na altura certa para os pássaros se readaptarem.
A tecnologia da Energisa foi fundamental, além da alta torre, o time de Rodolfo partiu dos desenhos de Walfrido para construir uma estrutura metálica octogonal em formato de taça, que serviria de apoio para os pássaros e seu ninho. Como alguns postes da Energisa no Pantanal já são ocupados por ninhos de aves, a equipe sabia que o material era seguro para abrigar os tuiuiús. Sempre com a supervisão da Embrapa, o poste foi colocado no local e a uma altura próxima daquela do ninho original.
“Quando a ideia surgiu, levei o projeto para a Fundação de Meio Ambiente do Pantanal do município de Corumbá. Foi tudo muito rápido e a Energisa abraçou o projeto naquele momento difícil das queimadas. Acompanhamos a instalação para que o ninho ficasse no mesmo local e na mesma altura do original. Os tuiuiús são fiéis aos locais dos ninhos, que são estratégicos para eles por conta do acesso aos alimentos e recursos para a subsistência”, conta Walfrido.
A instalação do ninho foi concluída em 2020, e chegou a ser notícia nacional. Em pouco tempo, os técnicos da Energisa fotografaram a volta dos tuiuiús. “É um momento muito gratificante! Conseguimos confeccionar o ninho que antigamente ficava ali na piúva e foi queimado nas queimadas do ano passado. Está aqui, missão cumprida! O casal de tuiuiús aceitou o ninho artificial”, comemorou Emerson Leite, técnico de redes e linhas da Energisa MS.
E em 2023, pela primeira vez, filhotes de tuiuiú nasceram em um ninho artificial, no dia 8 de outubro.
“A espécie ocorre do sul dos EUA até o norte da Argentina e esse é um projeto pioneiro que passa uma grande mensagem sobre o impacto ambiental de ações humanas equivocadas. E também serve como um monumento, tanto para lembrarmos dos nossos erros, como para mostrar a resiliência da natureza e como ações humanas conjuntas e acertadas podem trazer impacto positivo”, reflete Walfrido.
Um grupo de Facebook foi criado, em que turistas e moradores postavam fotos para ajudar a monitorar a ambientação dos pássaros ao ninho. "Envolvemos a sociedade através do que chamamos de ciência cidadã, quando a comunidade municia os pesquisadores com fotos e relatos sobre um determinado acontecimento. O ninho original nunca falhou em reproduzir novos tuiuiús. Um ano antes do incêndio, 5 novas aves haviam nascido. Por conta da seca em 2021 e 2022, os tuiuiús não se reproduziram. Então ver em 2023 que o ninho artificial é capaz de abrigar e dar espaço para a reprodução das aves é algo maravilhoso”, explicou Walfrido.
Esse conjunto de ações torna ainda mais importante e impactante a volta do ninho dos tuiuiús ao seu local de origem. Com a ideia dos pesquisadores, o suporte da Energisa e um time técnico capacitado, a persistência e a energia regenerativa da natureza encontraram os caminhos para um voo feliz de volta ao lar.
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