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Opinião

Ônibus ou mobilidade urbana ?

Arquiteto fala sobre a mobilidade urbana que vai além do transporte público

18 julho 2019 - 09h55Fayez José

Virou rotina a discussão sobre o transporte coletivo por ônibus em Campo Grande.

Não tenho visto abordagem mais profunda sobre a mobilidade urbana, mas apenas questões que são efeitos, como o preço da passagem ou a ausência de veículos nas linhas.

Certas premissas devem ser revistas: transporte público não se resume ao sistema de ônibus, e esse é apenas de um aspecto da Mobilidade Urbana, conceito muito mais abrangente e complexo que exige um olhar muito mais detalhado em outros ângulos da vida urbana.

Não se pode discutir “os ônibus” sem se falar desde a calçada do local mais remoto da cidade, o tamanho da malha urbana, as diretrizes de crescimento - Plano Diretor, por exemplo - arborização, drenagem, educação, saúde, organização do sistema de planejamento, controle e operação de transporte e tráfego, legislação, contratos, etc.

A realidade é que vivemos em uma cidade que possui a oitava maior área urbana do Brasil, pasmem, maior que as áreas urbanas de Belo Horizonte, Porto Alegre, Fortaleza, Salvador ou São Luiz, por exemplo, embora todas essas cidades tenham muito mais população!

Ou seja, temos grandes distâncias e baixa densidade populacional!

Isto significa mais quilometragem rodada pelos veículos - ônibus, no caso – com menor número de passageiros transportados. Resultado: preço das passagens mais caro!

Além disso, temos o SIT – Sistema Integrado de Transportes baseado em uma (ótima) concepção do Arquiteto e Urbanista Jaime Lerner, isso no século passado, em 1978, quando a cidade tinha um terço da população de hoje!

E essa lógica do sistema foi totalmente descaracterizada com a eliminação do terminal central localizado na antiga rodoviária.

Em resumo: estamos tentando consertar um sistema absolutamente anacrônico, defasado e arrisco a dizer: falido!

Novas soluções tecnológicas? Nem pensar! Até um excelente projeto do qual participei como consultor, no início da década de 90 de um sistema de VLT – Veículo Leve sobre trilhos foi ignorado solenemente pelas administrações públicas.

Nossa legislação não contempla como deveria a mobilidade urbana, incluso o Plano Diretor. O próprio sistema de gestão de tráfego e trânsito sobrevive graças a garra e competência de seus técnicos.

Este é um assunto que com o passar dos anos se torna mais complexo e que para sua minoração – longe de ser solução – exige medidas cada vez mais difíceis e custosas na sua execução.

É um problema onde não há ganho de nenhum lado, por incrível que pareça: nem mesmo o consórcio que administra o sistema de ônibus está ganhando, pelo contrário, está gerindo um sistema com autofagia, isto é, está matando o seu próprio negócio.

Não há culpados específicos nessa longa e complexa história, mas uma sucessão de equívocos, de todos os lados, que exigem soluções urgentes para minorar os prejuízos de todos nós, mesmo para aqueles que pensam que não utilizam o sistema de transporte público de Campo Grande.

E infelizmente, não há solução de curto ou médio prazo, mas providências devem ser tomadas de imediato para que não haja agravamento ou mesmo colapso no transporte público.

Não é hora de discussões partidárias ou caça as bruxas, mas de união em torno do bem comum de nossa Morena.

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