A autorização excepcional concedida pela Anvisa para que a Embrapa cultive cannabis para fins de pesquisa marca um divisor de águas na ciência brasileira. Pela primeira vez, o país poderá desenvolver conhecimento próprio sobre cannabis medicinal e cânhamo industrial, reduzindo a dependência de insumos importados e abrindo caminho para autonomia tecnológica.
Com mais de R$ 13 milhões liberados para estudos sobre canabidiol, a Embrapa inicia três frentes de investigação: conservação de germoplasma, bases científicas para uso medicinal e pré-melhoramento de cânhamo. Nada poderá ser comercializado, mas o avanço cria fundamentos sólidos para futuras regulamentações.
A decisão ocorre em sintonia com entendimentos recentes do STJ que permitem autorizações para cultivo com fins medicinais e industriais. O Brasil finalmente se aproxima das nações que já exploram o potencial econômico e ambiental do cânhamo — fibra resistente, de baixo impacto ambiental e múltiplas aplicações industriais.
Mato Grosso do Sul, com clima favorável, solo adaptável e forte tradição agropecuária, surge como território naturalmente vocacionado para essa nova fronteira produtiva. Cabe ao Estado amadurecer o debate, superar preconceitos e enxergar no cânhamo uma oportunidade estratégica de inovação, sustentabilidade, geração de renda e protagonismo no cenário nacional.
*Bosco Martins é jornalista e escritor
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