Protegidas pelo princípio da presunção de inocência até que se prove o ilícito que teriam cometido, essas personalidades lançam-se ao confronto aberto com antigos e novos desafetos, arrastam outros participantes para o tacho dos malfeitos e a Nação assiste a tudo, escandalizada. Pior é que esses senhores e senhoras, agora suspeitos de terem cometido ilícitos, continuam em seus postos, com toda a liberdade para continuar errando e colocando o país a perder. Ousam, até, tentar desqualificar o trabalho da Justiça, hoje o último bastião em que a sociedade pode se apoiar na espera da volta à normalidade nacional.
Derivada do sistema monárquico português, onde a lisura não era um dos fortes, a política nacional tem flagrantes vieses de imperfeição. As castas se protegem, traçam seus interesses e fazem vistas grossas à corrupção. O aperto de ultimamente foge ao normal, mas não consegue romper com todos os ditames da impunidade. Da mesma forma que a Justiça tem, sob protesto dos ditos libertários, prendido preventivamente empresários e outros envolvidos em escândalos financeiros, como os da Operação Lava-Jato, deveria afastar sumariamente os governantes, parlamentares e ocupantes de cargos públicos quando estes são denunciados de ter cometido irregularidades. Sem a força e a representatividade de seus postos, eles não terão como prejudicar ou alterar as investigações e nem conduzirão a instituição pública e o país à crise que envolve suas carreiras. Os denunciados que conseguirem sair ilesos das apurações, que voltam aos seus mandatos e os reconhecidamente culpados ou envolvidos, não.
O detentor de mandato eletivo é o representante do povo. Quando ele é suspeito de ter praticado crimes ou irregularidades, fica moralmente impedido de exercer essa representação. O substituto legal deve assumir seu posto até a solução do seu problema. Isso preservaria a instituição pública e os partidos políticos porque quem erra é o homem, jamais a instituição...
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)Reportar Erro
Deixe seu Comentário
Leia Também
Opinião
OPINIÃO: Jornalista Sérgio Neves morreu na fila de transplante
Opinião
OPINIÃO: 10 anos de Lava Jato: Reflexões de Delcídio do Amaral
Opinião
OPINIÃO: Os bebês que sobrevivem
Opinião
OPINIÃO: A cidade perdida Z, ou mito Eldorado, descoberta por um instituto de Mato Grosso do Sul
Opinião
OPINIÃO: DE MONTEVIDÉU AO CHUÍ, ENCONTRANDO O ESCULTOR
Opinião
OPINIÃO: Ato cooperativo na recuperação judicial
Opinião