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Saúde

Clima extremo aumenta número de mortes evitáveis no Brasil e no mundo, diz pesquisa

Estudo identificou mais de 34 mil óbitos ligados a calor e frio intensos na Índia e alerta para riscos em outros países

19 julho 2025 - 18h10Carla Andréa, com Metrópoles

Uma nova pesquisa publicada na revista científica Temperature, em maio, deu destaque a um fenômeno climático que avança de forma silenciosa, mas letal: a alta mortalidade causada por temperaturas extremas.

O estudo, que analisou dados da Índia entre 2001 e 2019, identificou mais de 34 mil mortes diretamente associadas ao calor e ao frio intensos no país, revelando um impacto desigual sobre a população e destacando vulnerabilidades que se repetem em países como o Brasil.

Segundo os pesquisadores, homens em idade produtiva foram os mais afetados pelo calor, enquanto o frio mostrou impacto mais distribuído entre os gêneros.

A mortalidade foi maior em regiões menos urbanizadas e com menor investimento em políticas sociais, reforçando que infraestrutura urbana e proteção social podem servir como barreiras fundamentais contra variações térmicas.

Embora a Índia tenha sido o foco do estudo, os dados ecoam globalmente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que quase 489 mil pessoas morreram por exposição ao calor entre 2000 e 2019. Na Europa, uma onda de calor em 2003 matou mais de 70 mil pessoas em apenas três meses.

Brasil também sofre os impactos

No Brasil, a desigualdade climática tem cobrado um preço alto. Um levantamento publicado em 2022 na revista Nature Medicine, baseado em 326 cidades latino-americanas, revelou que cerca de 6% de todas as mortes urbanas estão associadas ao calor e frio extremos.

O calor intenso, segundo o estudo, aumenta em 5,7% as mortes gerais a cada 1°C de elevação da temperatura.

Outro estudo, divulgado em 2024 na Environmental Epidemiology, apontou que o país registrou mais de 142 mil mortes associadas a temperaturas extremas entre 1997 e 2018 — sendo 113 mil delas provocadas pelo frio, especialmente nas regiões Sul e Sudeste.

O número de mortes por calor, no entanto, vem crescendo, sobretudo no Norte e no Centro-Oeste.

A exposição prolongada a temperaturas extremas pode causar insolação, infartos, arritmias, AVCs, pneumonia, transtornos mentais e até colapsos renais.

E os mais vulneráveis seguem sendo os idosos, recém-nascidos, pessoas em situação de rua e trabalhadores ao ar livre, como os da construção civil, agricultura e coleta de resíduos.

Políticas ainda insuficientes

Nos últimos anos, o Brasil tem começado a reagir. O governo federal lançou, em 2023, o Plano Clima, uma estratégia interministerial com metas até 2035.

O Ministério da Saúde também criou o Plano Setorial de Saúde para Mitigação e Adaptação à Mudança do Clima, reconhecendo o impacto direto do clima na saúde da população.

Entre as ações locais, São Paulo realiza a Operação Altas Temperaturas, com tendas de hidratação para pessoas em situação de rua, e o Rio de Janeiro criou um protocolo de alerta de calor, após a morte de uma jovem durante um show em meio à onda de calor de 2023.

Cidades do Sul, por sua vez, têm intensificado campanhas emergenciais no inverno, com distribuição de cobertores, alimentos e abrigos temporários. Apesar dos avanços, especialistas apontam que as medidas ainda são pontuais e desarticuladas. 

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