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Saúde

Pneumologista Ronaldo Queiroz faz relato completo sobre a Covid-19

O médico é renomado no tratamento do coronavirus na capital

12 dezembro 2020 - 16h40Sarah Chaves    atualizado em 13/12/2020 às 10h13

"Não existe uma segunda onda de coronavírus, o que houve foi uma diminuição da transmissão da doença", frisa o médico pneumologista e gestor hospitalar, Dr. Ronaldo Perches Queiroz, assim como já foi levantado por autoridades da saúde.

O comentário se faz presente como um alerta, sobre as ações e responsabilidades do governo e da população frente ao vírus que nas últimas 24h, teve 1.541 mil novos registros em Mato Grosso do Sul e fez 16 novos óbitos. “Não existe segunda onda da Covid, estávamos até o mês passado com o número de infectados diminuindo, houve um relaxamento nas medidas de restrição, as pessoas relaxaram ao ver esses números, e foram para rua, com bares lotados, boates, festas em residências, e não foram com a devida proteção. Assim voltamos a registrar o altíssimo índice de contaminação, devido ao reflexo do relaxamento de novembro, que foi refletido nos números em dezembro”, lembra o médico. Dos novos casos no Estado, 825 foram na capital.

Ronaldo explica que os números são alarmantes, ainda mais levando em conta a falta de leitos em Campo Grande, onde a lotação dos hospitais já chegou a 104%, conforme o boletim da Secretaria de Estado de Saúde (SES). “Do ponto de vista técnico, se 10% dos 825 infectados, precisarem de cuidados hospitalares para receberem oxigênio por catéter nasal ou por máscaras, sem necessariamente precisarem de uma UTI, Campo Grande precisaria de mais 82 leitos, e no momento não existe nenhum”, alerta.

Ainda segundo o médico, se 2% desses infectados precisarem de leitos de UTI, que é a média que ocorre normalmente, para a forma mais grave da doença para ser intubado e ter ventilação mecânica, ou seja, seriam necessários 16 leitos de UTI. “E não tem nenhum dentro de Campo Grande”.

Conforme dados da Secretaria de Estado de Saúde, existem em média, 150 a 200 pessoas esperando uma vaga hospitalar.

Os números alarmantes podem gerar desespero na população, que segundo Ronaldo precisa de conscientização. “As medidas restritivas não adiantam sem a conscientização da população, pois mesmo que o comércio feche às 22h, o vírus circula 24h, o essencial é o uso do álcool em gel, o uso devido da máscara, e higienização das mãos e distanciamento social, através da adoção da responsabilidade individual, tanto de dia quanto de noite, e sair apenas para o essencial. As medidas podem surtir algum efeito, mas a conscientização de cada um que vai diminuir o altíssimo nível de contaminação no Estado”.

Para tanto é importante saber o que fazer, e quando procurar atendimento médico. “Tem laboratórios anunciando testes, de 'veja se você está com Covid’,  o famoso teste rápido que custa de R$150 a R$ 200, ele não tem nenhum resultado sob diagnóstico, a pessoa gasta dinheiro atoa, e ainda vai ter uma informação duvidosa”, o pneumologista explica que esses testes tem índices de falsos-positivos e falsos-negativo de 50% a 70%. “Então não façam teste por conta própria, procurem assistência médica, no SUS, no juizado de saúde, no pronto-atendimento, nas UPAs ou convênios. Consulte seu médico, para fazer o exame correto, e se alguém fazer o exame por conta própria não vai saber ler o resultado”, ressalta.

Testes

O único teste, padrão ouro, que faz o diagnóstico se a pessoa está ou não com Covid-19 é o RT-PCR, um teste molecular no qual se colhe material de nasofaringe e orofaringe com swab (uma espécie de cotonete). O exame detecta a presença ou não do vírus. Esse teste só deve ser feito por indicação médica a pessoas que tenham sintomas, “se você não está sentindo nada, não precisa fazer exame nenhum”, orienta o médico pneumologista. “O teste do swab deve ser feito a partir do 3° dia de sintoma, porque no ½ dia ainda não tem vírus no organismo com dados suficientes para ser detectado”.

As pessoas com esses sintomas devem ficar atentas.

- Febre baixa, 
- Sinais de resfriado (nariz escorrendo)
- Dor de garanta
- Um ou dois episódios de diarreia
- Dor de cabeça
- Dor atrás dos olhos
- Falta de olfato e paladar
- Dores no corpo 

Se o RT-PCR é o mais indicado para que serve o teste do dedinho e o de sorologia ?

O teste rápido, realizado até nas farmácias, identifica, com grande margem de erro, se a pessoa tem Igm ou IgG. A IgM (Imunoglobulina M) aparece nos casos de doença aguda.

Já o IgG, indicaria que a pessoa já teria anticorpos contra o vírus. "Esses testes teriam maior valia em mapeamentos de populações, para levantamento epidemiológico da doença num bairro ou numa cidade por exemplo. As pessoas com IgM positivo seriam encaminhadas para realizar o RT-PCR e aí sim, confirmar se estão com o vírus. Em resumo, o teste rápido não faz diagnóstico. Da mesma forma, a sorologia pesquisa de IgM e IgG no sangue também não faz o diagnóstico definitivo. Avaliam sim, o estado imunológico do paciente porém, desde que solicitado e interpretado por um médico especialista.", explica.

Quem já teve Covid não está seguro, pode até não pegar a doença de novo, mas o vírus sem causar sintomas pode fazer essa pessoa espalhar a doença e contaminar um ambiente inteiro. (Leia mais sobre onde realizar os testes na capital).

Vitaminas

Do ponto de vista preventivo é importante as pessoas terem uma vida saudável com seus níveis de vitaminas normais. “O que nós temos observado é que a vitamina C com zinco e a vitamina D aumentam a imunidade, não fazem mal as pessoas, mas precisa de dosagens específicas, e não é o balconista da farmácia nem o que a vizinha falou que está correto. Quanto você precisa de zinco para melhorar sua imunidade? Tem uma base, de zinco que precisamos que é 55 ml de manhã e a noite, 110ml por dia, pelo menos 1 grama de vitamina C e pelo menos 10 mil unidades de vitamina D por dia, que pode ajudar a melhorar a imunidade com uma vida saudável”.

Ronaldo frisa. “Não há problema, desde que haja indicação médica, sempre”.

Vacina

O médico pneumologista, faz questão de lembrar que a vacina e o tratamento da Covid são questões “politizadas”. “Estamos vendo um esforço para ver quem faz primeiro, é um esforço louvável, porém agora temos discussões absurdas politizadas. Um estado já começou a vacinar independente do programa nacional de vacinação, no Brasil que tem um dos mais elogiados e perfeitos programas de vacinação do mundo, e não ficará fora da vacinação contra o coronavírus. O Governo Federal vai comprar as primeiras vacinas aprovadas tecnicamente pelas agências de regulação, para serem distribuídas no Brasil inteiro.

“Quem toma vacina demora meses pra criar anticorpos que vão prevenir a doença, vacina é prevenção, assim como a da gripe que precisa tomas todo ano, e por quê? Porque o vírus muda, então o do Covid vai mudar também, então a vacina neste momento não é a salvação da pátria, nesse momento a salvação são os cuidados que temos que ter para diminuir o número de mortes”.

De acordo com o infectologista, a rapidez com que a vacina está sendo produzida é preocupante. “A vacina mais rápida a ser produzida com segurança real, no prazo mínimo para por no mercado é em média de 3 a 5 anos, e tem vacinas sendo produzidas em apenas 6 meses de teste, então essa segurança é discutível, pode não dar uma reação de imediato, mas pode ter problemas futuros. Ela vai ser muito importante quando for comprovadamente eficaz e segura, e isso demora meses para acontecer”.

Tratamento atual 

Na visão do médico que é uma das referências na capital no tratamento do coronavírus, o primeiro passo é prevenção, segundo medicação para diminuir a agressividade do vírus, e diminuir a resposta inflamatória que o vírus provoca, e terceiro é diminuir o número de internações e mortalidade consequentemente.

“Nos primeiros dias que o vírus contamina o paciente, seu organismo briga com esse vírus que causa uma reação inflamatória no corpo inteiro, e que provoca os sintomas já descritos acima nos primeiros dias de infecção. O quanto antes diminuirmos a agressividade do vírus e a resposta inflamatória, maior a chance de não haver o comprometimento grave dos pulmões. A cloroquina não mata o coronavírus, nem a  ivermectina ou azitromicina, mas diminuem na primeira fase do tratamento a virulência, diminui a agressividade do vírus, e o paciente pode tratar em casa, com cuidados de 10 a 15 dias que é a vida útil do vírus”.

“Não precisa esperar até o paciente ter falta de ar, um comprometimento gravíssimo dos pulmãos, que é o que mata nessa doença, e ir para UTI. O próprio protocólo de Madri na Europa, já mostrou que o uso de medicamentos na fase inicial da doença diminui a necessidade de internações o número de morte”.

Mas essa medicação não existe em um kit, lembra Ronaldo, pois cada paciente deve ser receitado pelo seu médico, e se auto-medicar é contra todas as indicações. “Entre fazer nada e oferecer remédios que não tem nenhuma contra indicação é o mínimo que o médico pode fazer. Depois que esse paciente vai pra UTI, esquece a covid, o paciente se transforma num paciente grave com pneumonia bacteriana, insuficiência cardíaca, insuficiência renal e vai acabar na mortalidade que chega a 80% dos casos que vão para UTI”.

"Esperamos que as autoridades possam de forma emergencial, garantir a devida assistência à população e criar novos leitos de internação, tanto de UTI quanto de enfermaria. Além disso, disponibilizar os medicamentos para o tratamento precoce da doença", finaliza o médico, lembrando ainda que a principal medida é a prevenção, obedecendo as orientações e as medidas de biossegurança: Sair somente quando necessário, usar máscaras, álcool em gel, lavar as mãos e manter o distanciamento social, evitando aglomerações especialmente em ambientes fechados.

Para realizar testes de diagnósticos e utilizar medicamentos, somente com orientação médica especializada.

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