Em 15 de junho, a vencedora do concurso de projetos promovido pela Marinha entregou a revisão do estudo preliminar. Hoje a empresa já trabalha em parceria com a equipe responsável pelas propostas complementares no anteprojeto da estação, que terá 19 laboratórios e capacidade para 64 pessoas no verão e 34 no inverno.
Atualmente, o Brasil possui uma estação emergencial no local, que servirá de abrigo para os trabalhadores envolvidos na nova construção. As obras estão previstas para começar no verão antártico, a partir de novembro. A conclusão, inicialmente estimada para 2014-15, pode demorar mais, dependendo especialmente das condições climáticas.
Apenas quatro meses do ano podem ser aproveitados, já que, no inverno, o mar congela e impede a circulação dos navios. Mesmo no verão, o ambiente não se torna hospitaleiro. Com área equivalente à soma dos territórios de Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Peru e Bolívia, a Antártida é recoberta pelo maior manto de gelo do mundo, uma capa de espessura de 2,7 mil metros - o que corresponde a 70% da água doce de todo o planeta. O mais frio dos continentes tem temperatura mínima de 75°C negativos no inverno e fenômenos como nuvens rotoras, ventos catabáticos, céu d'água e blanqueios.
Assim, o fator climático foi determinante para o projeto da nova estação. Conforme João Gabriel Cordeiro, um dos responsáveis por sua elaboração, ao lado dos também arquitetos Fábio Faria, Emerson Vidigal e Eron Costin, a proposta parte de uma lógica construtiva que utiliza o máximo de elementos pré-fabricados, devido às condições extremas da região.
“Isso deu muita força à proposta frente à comissão julgadora, uma vez que a lógica de implantação, somada à racionalidade construtiva, deu grande flexibilidade”, explica Cordeiro.
Desempenho
O projeto da nova Estação Antártica Comandante Ferraz foi pensado de forma a unir o desempenho tecnológico à estética. Para Cordeiro, esse é um fator importante, independentemente de sua localização. “Aliar arquitetura com tecnologia de forma harmoniosa sempre trará bons resultados estéticos”, avalia. No caso específico da estação, o estúdio entendeu que dar ao edifício uma forma aerodinâmica era necessário devido à severa incidência dos ventos.
Seus setores funcionais estão organizados em blocos que distribuem os usos. Os sistemas projetados consideram a necessidade de reaproveitamento de água. A central de tratamento de água e esgoto está posicionada abaixo do bloco superior, onde há maior demanda por água tratada, em razão da concentração de sanitários e da cozinha. Para o fornecimento de energia, foi proposto um modelo de cogeração baseado em energias fotovoltaicas, eólica e proveniente da queima de etanol. Está previsto ainda o desligamento programado em alguns ambientes, como laboratórios e camarotes, quando não ocupados.
Materiais
Também a escolha dos materiais para a execução do projeto considerou a especificidade do clima antártico. Embora saliente que o trabalho utilizará materiais que estejam disponíveis no mercado, Cordeiro explica que, devido às exigências do local, não são recursos muito utilizados no Brasil - em especial aqueles utilizados para envoltória (paredes, piso, cobertura e aberturas) e esquadrias da nova estação.
Para os fechamentos externos, estão previstas camadas de chapa metálica, painéis de PIR (Poliisocianurato) e OSB (Oriented Strand Board). Já nos fechamentos internos, há camadas de OSB e PIR. Por fim, os vidros utilizados foram do tipo clear, com tripla camada.
Uma das exigências do concurso previa que o projeto fosse construído externamente e montado de forma rápida na Antártida. De acordo com Cordeiro, esse aspecto será atendido, e a intenção é montar o máximo de elementos antes de levar a estação para a nova casa. “Estamos buscando encaixar todo o programa nos módulos de contêiner, que pode ser facilmente transportado”, diz.
Incêndio
Como a antiga Estação Antártica Comandante Ferraz foi destruída por um incêndio, a nova base foi especialmente planejada para evitar novos sinistros e minimizar danos caso aconteça algum acidente. Cordeiro diz que o projeto buscou compartimentar as áreas de risco. “Por exemplo, a área de transferência de combustível, que foi onde se iniciou o incêndio da antiga estação, agora está numa área externa e afastada do edifício”, refere.
Também há rotas de fuga alternativas e cerca de dez saídas de emergência. Para combate a incêndio, o principal sistema é o de chuveiros automáticos, os chamados sprinklers, mas há casos específicos em que são utilizados sistemas do tipo watermist (tecnologia de aspersão de água atomizada), complementados com o uso de agentes limpos.Reportar Erro
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