Coordenador da força-tarefa da operação Lava Jato, o procurador da República Deltan Dallagnol vê nas conversas gravadas pelo delator Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, um ataque às investigação e ao combate à corrupção.
"São pessoas tramando em segredo contra a Lava Jato. Querem cortar as asas da Justiça e do Ministério Público", disse à Folha de São Paulo. "Buscam construir uma cápsula, um escudo para que continuem inatingíveis", completou.
Nas conversas gravadas por Machado, o senador e ex-ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR) afirmou que era necessária uma troca no governo federal "para estancar essa sangria", em referência à Lava Jato.
"De que sangria se está falando? Da sangria de agentes públicos corruptos sendo investigados e levados para um julgamento justo", afirmou Dallagnol.
Nazismo
O procurador comparou críticas que ele considera "infundadas" às investigações, como o uso de delações premiadas por presos e a prisão preventiva de investigados, à tática usada por Joseph Goebbels, ministro da Propaganda do governo nazista. "Você repete uma mentira mil vezes até que ela pareça verdade. Nossa única defesa é a sociedade, e a sociedade nesse momento quer que a Lava Jato se torne a regra", disse.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também em diálogo com Machado, defendeu mudança na lei que trata da delação premiada de forma a impedir que um preso se torne delator.
De acordo com o procurador, apesar da pressão, as investigações continuam avançando, sem interferência do governo.
Mudanças na legislação
Dallagnol alerta para um "contra-ataque" no Legislativo à Lava Jato. Alguns exemplos são a proposta que prevê a extensão do foro privilegiado a ex-presidentes, a mudança na lei da delação premiada e a nova lei de repatriação de ativos. Aprovada em 2015, ela permite a legalização de recursos no exterior.
Já o projeto das Dez Medidas contra a Corrupção, elaborado por sugestão da força-tarefa em coordenação com o Ministério Público Federal (MPF) e assinado por dois milhões de pessoas, está parado no Congresso.
O texto entregue no fim de março, quando o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) presidia a Câmara e aguarda agora assinatura do presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), para que seja instalada a comissão especial que irá discutir o tema.
Nesta quinta-feira, Maranhão falou a encontro com deputados que cobram celeridade na tramitação.
Segundo a assessoria da Presidência da Câmara, a audiência não aconteceu por conflito de horário na agenda de Maranhão. Uma nova reunião foi marcada para a próxima terça-feira.
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Mesmo com interferências, a investigação continua avançando, garantiu o procurador (Reprodução/HuffPost Brasil)




