Sob impacto de forte migração para o interior, a população nas Regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil aumentou nos últimos dez anos bem acima da média nacional. A marcha para os Estados menos urbanizados - além de acentuar a reversão de uma tendência histórica de deslocamentos populacionais massivos em direção ao litoral - assinala o aumento da pressão ambiental sobre a Amazônia e o Cerrado, importantes biomas ameaçados de devastação.
Os dados se destacam na Sinopse do Censo Demográfico 2010, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que também apontou redução do povoamento de mais de 1/4 das cidades - nelas, havia menos habitantes do que no Censo 2000.
No Censo 2010, o Norte e o Centro-Oeste se destacam pelo ritmo do crescimento que apresentam - que, apesar de ter caído na última década, manteve padrão forte. Nessas regiões estão os Estados com as maiores taxas de crescimento: Acre, Amapá, Amazonas, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Roraima e Tocantins - além do Distrito Federal.
A situação contrasta com o resto do País. Apesar de ainda deterem o maior contingente populacional do Brasil, o Nordeste e o Sudeste tiveram incremento semelhante, mas abaixo da média nacional, de 1,17%, a menor da história. A Região Sul ficou com a média mais baixa (mais informações no gráfico ao lado).
Para o IBGE, as diferenças regionais e estaduais se devem principalmente às migrações. Foram elas, dizem técnicos do instituto, que ajudaram a turbinar a população "da fronteira" do País. Em 1980, o Norte e o Centro-Oeste, juntos, tinham 11,4% dos habitantes do País; no ano passado, 15,7%. Já a Região Sul recuou de 16% para 14,4%. "O fluxo migratório já não ocorre em direção aos grandes centros, mas sim aos médios, cidades que são novos polos econômicos", diz o presidente do IBGE, Eduardo Nunes.
Já o sociólogo Donald Sawyer, da Universidade de Brasília (UnB), avalia que a migração contribui pouco para o crescimento populacional nas regiões. "O impacto (na Amazônia e principalmente no Cerrado) não é causado por questão demográfica, mas pela produção de commodities", diz. Segundo ele, ao contrário de atrair população, a expansão de fronteiras agrícola e agropecuária muitas vezes ocupa o espaço do êxodo do campo para cidades como Manaus, a capital que mais cresceu entre aquelas com mais de 1 milhão de habitantes.
Nunes lembra que a Região Norte possui as mais altas taxas de fecundidade do País e diz que há uma combinação de dois fenômenos para o aumento da população nessa região e no Centro-Oeste: o natural e a atração pelo agronegócio. Mato Grosso, por exemplo, onde fica o polo formado por Lucas do Rio Verde, Sinop e Sorriso, foi o que mais cresceu nos últimos 30 anos.
Mudança
Luiz Coelho de Brito, de 49 anos, conseguiu realizar o sonho de se tornar empresário após migrar do Piauí para Roraima. Funcionário de uma grande empreiteira em Piripiri, a 166 km de Teresina, desembarcou em Boa Vista em 1988 para passar as férias. Está lá há 22 anos. "Roraima não tinha nada. Achei que a minha experiência na construção civil faria a diferença." E fez. Empregou-se como consultor em obras de grande porte e dois anos depois fundou sua empresa, a LB Construções. Hoje é dono de 100 máquinas pesadas e emprega 42 pessoas, com faturamento anual de quase R$ 3 milhões
Com informações da Agência Estado.
Reportar ErroDeixe seu Comentário
Leia Também

Comissões do Senado aprovam emendas para integrar o Orçamento de 2026

Petrobras identifica petróleo no pós-sal de petróleo na Bacia de Campos

Desembargadora do TJMS, Jaceguara Dantas, é aprovada pelo Senado para integrar o CNJ

Novo serviço do GOV.BR avisa usuários sobre prazo do passaporte

Alckmin celebra retirada de tarifas com cautela, "há distorção que precisa ser corrigida"

Relator quer votar MP que garante continuidade do Gás do Povo ainda este ano

ONU cobra ajustes e COP30 amplia esquema de segurança em Belém

Inep libera gabarito do primeiro dia do Enem 2025

Gabarito do Enem 2025 deve sair nesta quinta-feira


Brito se tornou empresário depois de migrar do Piauí para Roraima; hoje tem 42 empregado 



