O presidente Michel Temer fez um apelo para que os governadores de estados brasileiros que fazem fronteira com outros países analisem as propostas do Plano Nacional de Segurança Pública e executem ações integradas com o objetivo de reduzir a crise no sistema penitenciário brasileiro, que já deixou mais de 100 detentos mortos desde o início do ano.
Ao abrir uma reunião com os chefes dos Executivos estaduais das regiões Norte e Centro-Oeste, Temer defendeu a atuação das Forças Armadas nos presídios, anunciada ontem pelo governo, mas disse que "se não houver uma conjugação de esforços" não é possível "ter a ilusão" de que elas solucionarão os problemas.
Temer defendeu que, além das ações nas penitenciárias, é preciso combater os contrabandos de drogas e armas nas regiões fronteiriças. Citando a previsão constitucional de que os apenados devem ser detidos em estabelecimentos diferentes, a depender do crime que cometeram, ele disse que esse princípio hoje não é obedecido pelo Poder Público, e pediu que os governadores se atentem para esse fato ao debaterem o plano de segurança.
Forças Armadas
Não caberá aos militares, segundo o presidente, exercitar atividades de segurança pública, mas sim "manter a lei e a ordem nos termos constitucionais". "Sabemos que há um problema relativamente à fiscalização dos presídios pelos agentes penitenciários que têm limitações que outras forças podem não tê-las. Há uma desordem que se verifica de maneira completa e integral em alguns presídios do país, é preciso uma interferência determinando que as Forças Armadas façam inspeção nos presídios pelo menos a cada certo período, quem sabe mês a mês", afirmou.
Participam do encontro os governadores e secretários de segurança pública do Acre, Roraima, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Rondônia, Amapá e Pará. O presidente ainda lembrou que os governadores devem concordar e solicitar a atuação dos militares nos estabelecimentos prisionais, assim como aderirem a outras ações previstas no Plano Nacional de Segurança Pública.
"[As Forças Armadas] não vão cuidar dos presos evidentemente, mas serão, pela operacional capacidade e credibilidade, fatores de atemorização dos que estão nos presídios", disse, admitindo que "apenas a inspeção periódica dos presídios" não irá solucionar os problemas.
O presidente disse ainda que os recursos anunciados recentemente para a compra de equipamentos pelos estados também vão ajudar a melhorar a situação nas unidades prisionais. "[Temos] a convicção ou a quase certeza de que, muito possivelmente, seja possível liberar vários detentos que na verdade poderão cumprir pena acompanhados por tornozeleiras nas suas residências ou onde estejam”, afirmou. Ontem, o Ministério da Justiça anunciou o repasse de R$ 295,4 milhões aos estados, sendo R$ 147,6 milhões para a aquisição de bloqueadores de celular, R$ 70,5 milhões para scanners e R$ 77,5 milhões para tornozeleiras
Durante o discurso, o presidente voltou a dizer que o controle das penitenciárias é de responsabilidade dos estados, mas que os movimentos "ultrapassaram as fronteiras físcias e jurídicas" e se transformaram em um "problema nacional". Temer também repetiu a promessa, defendida por ele em novembro do ano passado, de que as as operações policiais de combate aos crimes cometidos nas fronteiras com o Brasil sejam permanentes.
"Nós queremos imaginar ou dizer que a solução dessa lamentável temática das penitenciárias exige essa conjugação de esforços do estados com a União", defendeu ainda, pedindo que os governadores analisem os projetos a fim de que seja resolvido esse "tormentoso drama".
Reportar ErroDeixe seu Comentário
Leia Também

Em Conferência na França, Lula garante ampliar cobertura de áreas marinhas protegidas

Tributação de títulos de renda e maior cobrança das bets é alternativa ao IOF

Explosão de carro em posto de combustíveis no Rio de Janeiro deixa um morto e um ferido grave

Brasil investiga 10 novos casos suspeitos de gripe aviária; nenhum em granjas comerciais

Mais três marcas de azeite são proibidas de serem vendidas pela Anvisa

Colisão entre ambulância que carregava pacientes e caminhão deixa quatro mortos

Zambelli teve ajuda de R$ 285 mil em 'vaquinha' antes de sair do país

Lula anuncia aporte de R$ 825,7 milhões ao Fundo Amazônia

"Inadmissível", diz Lula sobre ameaças dos Estados Unidos contra Alexandre de Moraes
